Problemas na tireoide: quais são, sintomas e como tratar

A glândula é responsável por produzir os hormônios que regulam muitas das funções do corpo

Escrito por Luana Severo , luana.severo@svm.com.br
Médico avalia região do pescoço de mulher idosa
Legenda: O tratamento de problemas na tireoide deve ser feito por um médico especialista
Foto: Shutterstock

A tireoide é uma pequena glândula, no formato de uma borboleta, que fica por atrás do pescoço, "abraçando" a traqueia. Ela é responsável por produzir hormônios que regulam muitas das funções do corpo. Por isso, se ela estiver alterada, você, provavelmente, vai sentir.

Ficar atento a mudanças, sutis ou bruscas, é importante para diagnosticar essas alterações de maneira precoce, tratá-las adequadamente e, assim, melhorar sua performance corporal.

A tireoide produz os hormônios tri-iodotironina, chamado de T3, e tiroxina, conhecido como T4. Quando está alterada, o que acontece é que essas substâncias são produzidas em menos ou mais quantidade que o habitual. E isso pode provocar sintomas completamente opostos.

"A alteração hormonal pode ser tanto um excesso da produção do hormônio tireoidiano, chamado de hipertireoidismo, como a deficiência na síntese dos hormônios tireoidianos, chamado de hipotireoidismo", comenta a médica endocrinologista Ana Flávia Torquato*, do Hospital Universitário Walter Cantídio, da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Mas, além dessas alterações hormonais, a tireoide também pode apresentar problemas morfológicos, como nódulos — que podem ser benignos ou malignos — e cânceres. Vamos entender cada um desses problemas e como podem ser tratados.

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O que é e onde fica a tireoide?

Como vimos, a tireoide é uma glândula e fica localizada na parte anterior do pescoço, como se "abraçasse" a traqueia. Ela tem o formato de uma borboleta.

Imagem virtual mostra a glândula tireoide destacada
Legenda: A glândula tireoide fica na região do pescoço e seu formato se assemelha ao de uma borboleta
Foto: Shutterstock

O que causa problemas na tireoide?

Os problemas na tireoide podem ser classificados em duas ordens: hormonal e morfológica.

No caso do hipertireoidismo e do hipotireoidismo, que são da ordem hormonal, trata-se, na maioria das vezes, de uma patologia autoimune, mais comum em mulheres e que tem uma tendência genética associada, segundo a endocrinologista Ana Flávia Torquato.

"As doenças autoimunes mais comuns são, no hipertireoidismo, a doença de Graves, e no hipotireoidismo, a doença de Hashimoto", cita a profissional.

Já os nódulos na tireoide têm causas diversas, que podem ser desde alterações na arquitetura morfológica da glândula a neoplasias, ou seja, tumores benignos ou malignos.

Médico investiga nódulo na tireoide
Legenda: Exames de ultrassom são importantes para investigar possíveis nódulos na tireoide
Foto: Shutterstock

Principais dúvidas

Quais os principais sintomas de problemas na tireoide?

Depende do problema. Se for um caso de hipertireoidismo, você pode sentir palpitações, intolerância ao calor, agitação, tremores, ansiedade, cansaço, perda de peso, diarreia e até ter o sono reduzido. Já no caso do hipotireoidismo, os sintomas são exatamente opostos, como falta de energia, lentificação, sonolência, dor nas articulações e um pouco de ganho de peso.

Os nódulos, por sua vez, só manifestam sintomas se estiverem em um tamanho significativo. E, na maioria dos casos, os pacientes sentem esse crescimento apenas apalpando a tireoide.

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Qual o tamanho normal de um nódulo na tireoide?

Não há tamanho normal para nódulo na tireoide. "Não é normal, embora seja bastante comum e que 95% dos nódulos sejam benignos", pontua Torquato.

A investigação do nódulo vai depender das características mostradas no exame de ultrassom. Após avaliar o resultado, o médico pode solicitar uma punção por agulha fina para, guiado por ultrassom, identificar se aquele nódulo é benigno ou maligno.

Nódulo em imagem virtual
Legenda: Os nódulos podem ser sentidos pelos pacientes ao apalpar o pescoço
Foto: Shutterstock

Como tratar problemas na tireoide?

Hipertireoidismo

O tratamento depende do que causou o problema. As opções, segundo a médica Ana Flávia Torquato, são utilizar um medicamento que inibe a produção do hormônio ou usar a iodo terapia, que vai causar uma ablação da glândula, também inibindo a produção do hormônio e convertendo a situação de hiper para hipotireoidismo.

Uma opção mais rara, no caso de um problema difícil de controlar, é o tratamento cirúrgico para a retirada da glândula.

Hipotireoidismo

Normalmente, o tratamento é a reposição do hormônio da tireoide até regularizar.

Nódulo

Já o tratamento do nódulo depende se ele é benigno, que é a maioria dos casos de nódulos, ou se é maligno. 

Em caso de benigno, é necessário, basicamente, acompanhar. Já o tratamento do câncer de tireoide é cirúrgico, ou seja, necessita da remoção da glândula.

Como se chama o exame da tireoide?

Os exames para diagnosticar problemas na tireoide são bastante simples, que vão desde exames de sangue, para dosagem hormonal, a exames de ultrassonografia da glândula.

Mas, especificamente, os exames que avaliam a tireoide no sangue são chamados de "TSH" e "T4", como lembra o médico nutrólogo Fernando Guanabara**.

Hipertireoidismo ou hipotireoidismo têm cura?

Como vimos anteriormente, ambos os problemas têm tratamento. No entanto, diferentemente do hipertireoidismo, o hipotireoidismo não tem cura. Trata-se de uma doença crônica em que o paciente tem que constantemente repor os hormônios T3 e T4 em seu organismo.

Qual a relação entre a tireoide e o ganho ou a perda de peso?

Como os hormônios da tireoide são responsáveis por controlar o metabolismo do corpo, o aumento de gasto energético observado no hipertireoidismo induz a perda peso, ainda que a pessoa se alimente normalmente ou mais do que o normal. No entanto, quanto o problema é tratado, a perda de peso logo é revertida e o paciente volta ao peso que tinha.

Já no hipotireoidismo, a relação com o ganho de peso não é tão marcante. "Existe um pequeno ganho de peso, mas atribui-se mais a um excesso de edema e não necessariamente ao aumento de gordura", diferencia a endocrinologista Ana Flávia Torquato.

*Ana Flávia Torquato é médica endocrinologista do Hospital Universitário Walter Cantídio, da Universidade Federal do Ceará (UFC)
**Fernando Guanabara é médico nutrólogo

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