Óleo de prímula: para que serve e como usar
O óleo tem sido indicado no tratamento de dermatite atópica, esclerose múltipla, para cólicas menstruais e sintomas da TPM
O óleo de prímula é um óleo vegetal extraído por prensagem a frio das sementes da espécie Oenothera biennis L., uma planta originária da América do Norte e atualmente disseminada para todas as áreas de clima temperado do planeta, incluindo América do Sul, informa a farmacêutica Kellen Miranda Sá*.
Cerca de 70 espécies da família Oenothera L. estão agora presentes na Europa, sendo a espécie mais numerosa a Oenothera biennis, que também possui a atividade biológica mais bem estudada.
A planta é uma das mais largamente prescritas na fitoterapia norte-americana.
Para que serve o óleo de prímula?
O seu uso tem sido indicado no tratamento coadjuvante de dermatite atópica, esclerose múltipla, para cólicas menstruais e sintomas da Tensão Pré-Menstrual (TPM). Também é usada em formulações tópicas, como anti-inflamatório.
Suplemento nutritivo
Complementa a deficiência de ácidos graxos essenciais no organismo.
Tratamento da TPM
Baseia-se no princípio de que a ingestão de alimentos ricos em ácido gama-linolênico (GLA), o principal constituinte do óleo de prímula, auxilia na regulação do metabolismo das prostaglandinas, atenuando os sintomas da tensão pré-menstrual.
As prostaglandinas de série E1 (PGE1) exercem efeito regulador dos hormônios sexuais femininos: estrógenos, progesterona e prolactina, explica a especialista.
Tratamento de doenças nas mamas
Na mastalgia (dores nas mamas) e doença fibrocística da mama, o mecanismo proposto para a ação do óleo de prímula é baseado no fato de que mulheres com síndrome pré-menstrual têm um perfil de ácidos graxos de maior saturação que pode causar hipersensibilidade da mama aos hormônios circulantes.
Acredita-se que o ácido gama-linolênico (GLA) restabeleça o equilíbrio dos ácidos saturados em insaturados e diminua a sensibilidade aos hormônios.
O óleo de prímula é usado extensivamente na Grã-Bretanha como tratamento de primeira linha para dores nas mamas, sendo mais aceitável para o público, por ser um produto natural.
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Tratamento da inflamação crônica
Em estudos clínicos com pacientes com artrite reumatoide tratados com o óleo de prímula, houve redução significativa da rigidez matinal e foi possível também reduzir a dose de anti-inflamatórios.
Tratamento da esclerose múltipla
Um estudo analisou a suplementação de óleo de prímula (associado a outros componentes e dieta específica) no tratamento da esclerose múltipla evidenciando efeitos benéficos na melhora do escore clínico em pacientes, que foram confirmados por achados imunológicos.
Tratamento da dermatite atópica
Estudos indicam a redução dos sintomas da dermatite atópica, a recuperação e a proporção lipídica. No entanto, estudos mais longos são necessários para tomar decisões mais confiáveis sobre o uso do óleo de prímula e sua segurança na prática clínica, destaca a farmacêutica.
Destaca-se, ainda, que o óleo de prímula tem um efeito na composição e/ou viscosidade das secreções das glândulas salivares menores.
Propriedades e benefícios
Trata-se de uma fonte de ácidos graxos poli-insaturados (PUFAs), principalmente ômega-6. É uma planta rica em ácidos graxos, ácidos fenólicos, flavonoides, incluindo fitosteróis, taninos e ácidos graxos poli-insaturados (PUFAs): linoleico (60-80%), gama-linolênico (10-16%), oleico (10%), o que pode contribuir para o bom funcionamento dos tecidos humanos.
O ácido linoleico desempenha um papel importante para o bom funcionamento da pele, especialmente do estrato córneo, um dos principais componentes das ceramidas que formam a camada lipídica.
Foi demonstrado que a presença deste ácido impede a descamação da pele e a perda de água através da epiderme, ao mesmo tempo que melhora a suavidade e elasticidade da pele e regula o processo de queratinização epidérmica, explica a especialista.
O óleo de prímula também contém polifenóis, como hidroxitirosol e ácido ferúlico.
Como usar?
O uso alimentício é indicado em torno de 5 a 10 gramas/dia (1 a 2 colheres de sopa); o uso em cosméticos varia de 0,5 a 5%.
Já o uso clínico, na forma de cápsulas com 500mg (cada cápsula contém 60mg de ácido gamalinoléico, 240mg de ácido linoléico, 85mg de ácido oléico e 10mg de vitamina E).
Alivia a ansiedade?
Tomando como base o mecanismo de ação das prostaglandinas, principalmente o ácido gama-linolênico (GLA), há influência na regulação de hormônios sexuais femininos e na liberação de neurotransmissores cerebrais.
Intestino
O uso é indicado para distúrbios gastrointestinais, incluindo colite ulcerativa, síndrome do intestino irritável.
Cabelo e pele
Estudos indicam que o ácido gama-linolênico atua na nutrição do couro cabeludo, fortalecimento da integridade do estrato córneo (camada mais externa da epiderme), na recuperação e na proporção lipídica.
Menopausa
Foi constatado, em um ensaio clínico de 6 semanas, com um total de 56 mulheres na menopausa, que a aplicação oral de óleo de prímula para controlar as ondas de calor pode diminuir a intensidade dos ataques, bem como melhorar a pontuação HFRDIS (escala de interferência diária relacionada às ondas de calor).
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Qual o melhor horário para tomar?
Geralmente, após o almoço e jantar.
Quais as contraindicações ou malefícios?
Essa planta pode reduzir o limiar convulsivo. Assim, pessoas com quadros clínicos que de alguma forma predisponham à convulsão (epilepsia) não devem usar, bem como aquelas que tomam medicamentos que alteram esse limiar, por riscos de interações. Pode causar ainda dores de cabeça e náuseas, alerta Kellen Miranda Sá.
O uso de óleo de prímula via vaginal não deve ser aplicado em mulheres após a ruptura da bolsa amniótica. Existem evidências clínicas preliminares de que o ácido gama linolênico pode reduzir a agregação plaquetária e prolongar o tempo de sangramento.
Teoricamente, tomar prímula com anticoagulante ou antiagregantes plaquetários pode aumentar o risco de hematomas e hemorragias.
Onde encontrar?
Como a planta é de clima temperado, encontra-se normalmente em farmácias e lojas especializadas, geralmente sob a apresentação de cápsulas moles ou óleo.
*Kellen Miranda Sá possui graduação em Farmácia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), mestrado em Políticas Públicas e Gestão do Ensino Superior pela UFC e especialização em Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica; Produtos Naturais de Plantas e Derivados; Administração Hospitalar. É servidora pública (cargo Farmacêutica) lotada no Horto de Plantas Medicinais Prof. Francisco José de Abreu Matos/Laboratório de Produtos Naturais (LPN) da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Ceará (UFC).