Intolerância à lactose: o que é, sintomas e como fazer o exame
Principais sintomas são dor abdominal, distensão, gases, e diarréia, logo após a ingestão de leite e seus derivados.
Condição bastante comum nos dias atuais, a intolerância à lactose é um distúrbio causado pela incapacidade de digestão da lactose, que é o principal açúcar presente no leite e seus derivados. Isso é causado pela deficiência ou ausência da produção da enzima intestinal lactase, necessária para decompor o açúcar em carboidratos mais simples, melhorando assim sua absorção.
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Segundo a médica endocrinologista Ana Flávia Torquato*, existem graus diferentes de intolerância à lactose, desde os mais leves aos mais severos, que vão depender do grau de deficiência da enzima, e "de fatores como a microbiota intestinal, pois as bactérias podem levar a produção de gases no intestino por conta da lactose não digerida", destaca.
Como identificar os sintomas?
A especialista explica que a lactose não digerida pode levar a produção de gases por bactérias no intestino e também ocasionar diarreia osmótica. Os principais sintomas, segundo ela, são dor abdominal, distensão, gases, e diarreia, logo após a ingestão de leite e seus derivados.
"Em bebês e crianças é raro a intolerância à lactose, que também se manifesta com sintomas gastrointestinais. Nesses casos é importante diferenciar de alergia ao leite, que representa uma resposta imunológica à proteína do leite", pontua.
Ana Flávia Torquato afirma que as crises tipicamente são autolimitadas, e normalmente duram algumas horas. No entanto, não causam consequências como perda de peso, sangramento intestinal, inflamação ou má absorção de nutrientes, segundo a médica.
Ela destaca, ainda, que a predisposição genética e a idade são os principais fatores de risco para o distúrbio, já que a produção da enzima lactase cai com a idade.
Existe exame para o diagnóstico?
Apesar de existir um exame de sangue para identificar a condição, a endocrinologista explica que a maior parte dos diagnósticos decorre da própria suspeita do paciente. "Quem tem intolerância percebe sintomas intestinais após ingerir leite e derivados, e os sintomas desaparecem quando se faz restrição a esses alimentos", comenta.
Já no procedimento clínico em questão, ela esclarece que o nível de glicose é dosado antes e após a administração oral de uma quantidade grande de lactose. Se a glicose aumentar, indica que houve digestão da lactose.
A intolerância à lactose crônica não tem cura. Em alguns casos, no entanto, pode ocorrer uma deficiência transitória da enzima lactase, especialmente após infecções intestinais virais. Nesses casos, conforme Ana Flávia, a normalização geralmente ocorre após 2 semanas.
Já o tratamento consiste apenas em reduzir a quantidade de leite e derivados ingeridos, além de fazer uso de substituições sem lactose, ou fazer uso da enzima lactase antes da ingestão de leite e derivados.
"Em grande parte dos casos, não é preciso zerar o consumo, pois algumas pessoas têm a deficiência parcial da enzima. É comum, por exemplo, ter sintomas com leite, mas tolerar porções pequenas de queijo amarelo, que possuem uma quantidade menor de lactose. Outras pessoas têm quadros mais severos e não toleram mesmo quantidades pequenas de lactose", destaca a médica.
Como substituir o leite para quem tem intolerância?
Em relação à substituição do leite aos intolerantes, a endocrinologista esclarece já existir diversas opções no mercado de produtos “sem lactose”. "A maioria são produtos no qual a enzima lactase foi acrescentada", diz.
Ainda conforme a especialista, existe também a possibilidade de escolher produtos de origem vegetal, como o leite de amêndoas, castanha, de arroz, entre outros.
*Ana Flávia Torquato é médica graduada pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com residência em endocrinologia pela Boston University, nos Estados Unidos, e Mestrado em Farmacologia pela UFC. Membro da Linha de cuidados em obesidade: protocolo de atenção especializada integral à obesidade e síndrome metabólica do Hospital Universitário Walter Cantídio (UFC).