Quarto júri da Chacina do Curió: segundo dia é marcado por depoimento de testemunhas de defesa
Os réus acompanharam a sessão em uma sala reservada, por videoconferência, a pedido da defesa
O segundo dia do quarto júri da Chacina do Curió é marcado pelo depoimento de testemunhas de defesa, convidados pelos advogados dos sete policiais militares réus no julgamento. A primeira, de seis testemunhas de defesa, começou a ser ouvida no Fórum Clóvis Beviláqua, na manhã desta terça-feira (26).
O quarto julgamento tem como réus os PMs conhecidos como o "Núcleo da Omissão" - policiais que estavam de serviço na região da Grande Messejana e, segundo a tese do Ministério Público do Ceará (MPCE), poderiam ter evitado a Chacina.
Antes do início dos trabalhos do júri pela manhã, o advogado Carlos Bezerra Neto, que representa um dos réus, afirmou ao Diário do Nordeste que espera um julgamento baseado em "evidências detalhadas". "A nossa expectativa é de conseguir, de forma didática, demonstrar as provas dos autos e confirmar a inocência dos nossos clientes", disse.
Como foi o segundo dia de julgamento?
A sessão começou às 9h20 com a oitiva da primeira testemunha, um tenente da Reserva Remunerada da Polícia Militar do Estado do Ceará (PMCE). Os réus acompanharam o depoimento em uma sala reservada, por videoconferência, a pedido da defesa, com autorização do colegiado de juízes.
Questionado pelos advogados dos réus, o militar afirmou que, na época do crime, atuava no rastreamento das viaturas na Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), mas não estava em serviço no dia da ocorrência. Segundo ele, a coordenadoria recebia a localização dos veículos a cada 3 minutos.
Testemunhas de acusação afirmaram, no primeiro dia de julgamento, que várias ligações foram feitas à Ciops solicitando a presença de viaturas na região do crime. Porém, conforme a denúncia do Ministério Público, nenhum socorro foi prestado pelas equipes policiais, mesmo com a presença de vítimas no local.
Questionado sobre as transcrições dos áudios das conversas entre as viaturas e a Ciops, o tenente respondeu que a Viatura RD 1087, uma das citadas no "processo de omissão", atendeu a uma ocorrência de duplo homicídio dentro do padrão da Coordenadoria.
O militar também explicou como se deu o rastreamento das viaturas que estavam os policiais réus, entre a noite de 11 de novembro e a madrugada de 12 de novembro de 2015, na investigação da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Ceará (CGD).
O depoimento do policial militar foi suspenso pelo Colegiado de juízes, às 12h30, e deve ser retomado no turno da tarde. A pausa no julgamento foi justificada pelo horário de almoço dos sete jurados.
Veja também
Quem são os PMs julgados?
- Sargento PM Farlley Diogo de Oliveira;
- Cabo PM Daniel Fernandes da Silva;
- Cabo PM Gildácio Alves da Silva;
- Soldado PM Francisco Fabrício Albuquerque de Sousa;
- Soldado PM Francisco Flávio de Sousa;
- Soldado PM Luís Fernando de Freitas Barroso;
- Soldado PM Renne Diego Marques.
Segundos os Memoriais Finais do MPCE, os sete PMs estavam de serviço pela Polícia Militar do Ceará, divididos em três viaturas policiais, entre a noite de 11 de novembro e a madrugada de 12 de novembro de 2015. Eles teriam deixado de atender as ocorrências no dia das mortes.
Próximas etapas do julgamento:
- Interrogatório dos réus;
- Debate entre acusação e defesa;
- Leitura de quesitos;
- Votação dos jurados;
- Sentença judicial.
*Estagiário sob supervisão dos jornalistas Mariana Lazari e Felipe Mesquita