Júri de réu por feminicídio é remarcado pela 8ª vez após jurado mexer no celular durante sessão

A defesa indicou aos servidores da Vara o momento em que os jurados conversaram e um deles utilizava o telefone celular

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
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Legenda: O crime aconteceu no ano de 2019, em Juazeiro do Norte
Foto: Fabiane de Paula

O desfecho processual para o caso que envolve o réu Severo Manoel Dias Neto permanece sem data para acontecer. Nesta terça-feira (1º), mais uma vez, foi suspenso o julgamento do padeiro acusado de assassinar a ex-esposa na frente dos filhos, em Juazeiro do Norte. A reportagem apurou que um jurado usou o telefone celular durante a sessão, o que é proibido pela Justiça.

O júri começou por volta das 9h e três testemunhas chegaram a ser ouvidas, dentre elas a mãe da vítima. Quando o magistrado anunciou intervalo para o almoço, a defesa de Severo observou estranha movimentação entre os jurados.

Conforme o advogado Roberto Duarte, os membros do Tribunal do Júri começaram a conversar entre si falando sobre o processo e um deles passou a mexer no celular.

"Vimos que ficou respondendo mensagens no Whatsapp. Então chamamos um servidor da Vara e apontamos a situação. Ele constatou e o juiz tomou ciência. A defesa requereu a nulidade, o promotor foi favorável e o juiz, por bom senso, dissolveu o conselho de sentença", explicou o advogado de defesa.

Conforme Roberto Duarte, o magistrado advertiu no início da audiência que o caso precisava ser analisado com imparcialidade e comunicou sobre as proibições ao longo da sessão. "Nesta ocasião, a culpa foi exclusivamente dos jurados", considera a defesa.

Em dezembro do ano passado, o júri foi suspenso após mais de seis horas desde o início, quando as partes foram comunicadas sobre uma falha no sistema operacional do Judiciário

EXPECTATIVA E FRUSTRAÇÕES

Pelo menos outras seis vezes o julgamento deste mesmo caso foi adiado. Os motivos até então são diversos, indo desde a pandemia até falta de alimentação para os participantes da sessão. Roseane Santana, irmã da vítima Maria Rosimeire de Santana, fala sobre as expectativas criadas pela família a cada nova data.

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Roseane conta que a mãe sofre cada vez que é chamada para o julgamento e, ou ele não acontece, ou é interrompido: "Não desistiremos que a Justiça seja feita. Eu já nem sei mais o que falar para as pessoas quando me perguntam a data do julgamento. É lamentável, mas seguiremos fortes", afirma.

A reportagem entrou em contato com o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) na tarde desta terça-feira (1º) a fim de saber se há nova data prevista para o julgamento e informação acerca de algum tipo de punição para jurados que descumprem normas, como neste caso. Até a publicação da matéria, o Tribunal não respondeu.

O CRIME

A costureira Maria Rosimeire Santana foi assassinada a tiros na frente dos filhos e da mãe, em abril de 2019, em Juazeiro do Norte. Consta nos autos que o relacionamento do casal era conturbado e Severo não aceitou o fim. Conforme a denúncia, o réu foi visto horas antes do crime rondando a escola do filho mais novo do casal. 

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Legenda: Severo foi preso quase uma semana após o crime

Severo Manoel Dias Neto já tinha sido preso antes da tragédia porque descumpriu medida protetiva. Populares disseram ter ouvido várias vezes que quando o ex-casal se encontrava o homem mandava Rosimeire ter cuidado porque um dia iria matá-la.

 

 

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