Integrantes da facção criminosa Comando Vermelho se ligavam a policiais para cometer diversos crimes em Fortaleza
Sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos contra suspeitos de integrar a facção e de cometer crimes como extorsões e tráfico de drogas

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Ceará (MPCE), deflagrou a 14ª fase da Operação Gênesis, nesta terça-feira (18), para aprofundar a investigação contra suspeitos de integrar a facção criminosa carioca Comando Vermelho (CV) e de se ligar a policiais para cometer crimes como extorsões e tráfico de drogas, em Fortaleza.
mandados de busca e apreensão foram cumpridos contra os alvos, em Fortaleza e Itaitinga. Três ordens judiciais foram cumpridas no Sistema Penitenciário do Ceará - contra detentos que já estavam presos por outros crimes. As ordens foram expedidas pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas, da Justiça Estadual.
Agentes da Polícia Civil do Ceará (PCCE) e da Secretaria de Administração Penitenciária e de Ressocialização do Ceará (SAP) participaram do cumprimento de mandados. Quatro aparelhos celulares foram apreendidos com os suspeitos. Ninguém foi preso.
Os investigadores esperam, com a extração dos dados dos celulares apreendidos, avançar na investigação dos crimes cometidos pela facção Comando Vermelho em conluio com agentes de segurança do Estado. A participação dos suspeitos em ataques criminosos contra provedores de internet também será investigada. A área de atuação da quadrilha era em bairros como Sapiranga e Mondubim, na Capital, além do Município de Itaitinga.
"A operação é resultado de denúncia apresentada pelo Gaeco contra nove integrantes de facções com atuação, principalmente, na capital cearense. Além de integrar organização criminosa, os alvos também foram denunciados por tráfico de drogas, associação para o tráfico e posse ilegal de arma de fogo", apontou o Ministério Público do Ceará.
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Crimes cometidos pela quadrilha
A Operação Gênesis teve início a partir de uma investigação do Ministério Público, em 2016, para apurar a ação de organizações criminosas responsáveis pelo tráfico de drogas e de armas, assaltos e homicídios, em Fortaleza e na Região Metropolitana de Fortaleza. A investigação do MPCE contou com o apoio da Coordenadoria de Inteligência (Coin), da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS).
Durante a investigação, o Gaeco identificou o envolvimento de traficantes com agentes de segurança e ex-agentes, para cometer crimes como extorsão, organização criminosa e comércio ilegal de arma de fogo.
Os alvos das extorsões policiais "eram cuidadosamente escolhidos entre traficantes com considerável poder aquisitivo ou que já tinham alguma passagem pela polícia, o que facilitava as exigências, as abordagens e o alcance das vantagens almejadas pelo grupo. Os agentes públicos tinham acesso ao sistema de informações da Polícia para selecionar as 'vítimas' e planejar as ações", detalha o MPCE.
Em 14 fases da Operação Gênesis, já foram expedidos 110 mandados de prisão preventiva e 151 mandados de busca e apreensão, pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas e pela Vara da Auditoria Militar do Estado do Ceará.
Relembre as outras fases da Operação
- 1ªfase: Deflagrada em setembro de 2020, foram cumpridos 17 mandados de prisão e de busca e apreensão em Fortaleza e em Maracanaú. Do total de alvos, nove eram policiais militares da ativa, três eram policiais civis da ativa e cinco eram civis (sendo quatro homens suspeitos de atuarem como traficantes e um policial civil aposentado, apontado como o líder da organização criminosa).
- 2ª fase: Deflagrada em outubro de 2020, foram cumpridos 16 mandados de prisão e de busca e apreensão em Fortaleza e em Caucaia. Entre os alvos, estavam três policiais militares e três policiais civis da ativa, nove suspeitos de tráfico de drogas e um ex-policial militar.
- 3ª fase: Em maio de 2021, foram cumpridos 26 mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão, sendo 21 contra integrantes de organizações criminosas (08 já recolhidos ao sistema penitenciário estadual) e cinco contra policiais militares do Ceará em Fortaleza e em Caucaia.
- 4ª fase: Em julho de 2021, foram cumpridos 12 mandados de prisão preventiva e busca e apreensão, dentre eles sete mandados de condução coercitiva em desfavor dos policiais militares e um mandado de prisão contra o militar apontado como líder do grupo, além de medidas cautelares restritivas em desfavor de todos dos suspeitos.
- 5ª fase: Em setembro de 2021, foram cumpridos 5 mandados de prisão preventiva e busca e apreensão nas cidades de Fortaleza e Pacatuba, havendo, ainda, o cumprimento dos mandados em três unidades prisionais do Estado do Ceará. Na ocasião, foi desarticulada uma organização criminosa dedicada ao tráfico de drogas ilícitas, receptação e desmanche de veículos roubados.
- 6ª fase: Em fevereiro de 2022, foram cumpridos 7 mandados de prisão preventiva e 10 de busca e apreensão na cidade de Fortaleza, tendo como alvos indivíduos ligados a um núcleo da facção GDE e atuantes no bairro Jangurussu no tráfico de drogas ilícitas, comercialização ilegal de arma de fogo, roubo de veículos, além da prática de homicídios.
- 7ª fase: Em abril de 2022, foram cumpridos 11 mandados de prisão preventiva e 12 mandados de busca e apreensão na cidade de Fortaleza, na Região Metropolitana e no interior do estado. Na ocasião, foi desarticulado um núcleo que integra uma facção criminosa, com envolvimento em tráfico de drogas ilícitas, comercialização ilegal de arma de fogo, dentre outros crimes, com atuação preponderante na região dos Bairros Serrinha e Itaoca, em Fortaleza.
- 8ª fase: Em julho de 2022, foram cumpridos 6 mandados de prisão preventiva e 9 de busca e apreensão na capital e na Região Metropolitana do estado. Na oportunidade, foi desarticulada uma organização criminosa encabeçada por um policial militar que contava com o auxílio de narcotraficantes, cujo objetivo era identificar indivíduos envolvidos em ações criminosas para, posteriormente, obter vantagens ilícitas. Tem-se que o grupo atuava em Fortaleza e era suspeito de envolvimento em crimes de extorsão, tráfico de drogas ilícitas, de integrar organização criminosa, dentre outros crimes.
- 9ª e 10ª fases: Em fevereiro de 2023, foram cumpridos 5 mandados de prisão preventiva e 31 mandados de busca e apreensão na capital e na Região Metropolitana do estado. Na ocasião, descortinou-se a existência de uma organização criminosa encabeçada por um policial militar, a qual era formada, eminentemente, por policiais militares e por pequenos e médios traficantes locais. Denotou-se que o grupo foi responsável pela prática de uma série de graves infrações penais, dentre elas: extorsões, roubos, tráfico ilícito de entorpecentes, associação para o tráfico, corrupção passiva e o comércio irregular de armas e munições.
- 11ª fase: Em março de 2024, foi cumprido um mandado de busca e apreensão no Bairro Alagadiço Novo em Fortaleza. Nesta fase foi revelada a participação de um importante integrante de uma facção criminosa com capilaridade nacional.
- 12ª fase: Deflagrada em maio de 2024, foram cumpridos 5 mandados de prisão em desfavor de policiais militares. Eles são acusados de cometer os crimes de organização criminosa, extorsão, tráfico de drogas, associação para o tráfico e comércio irregular de arma de fogo.
- 13ª fase: Deflagrada em 29 de maio de 2024, para cumprir 5 mandados de busca e apreensão em desfavor de integrantes de uma organização criminosa oriunda do Estado do Ceará. O principal alvo era o armeiro desta facção, ou seja, o responsável pela manutenção e fornecimento de armas de fogo para a organização criminosa.