Hacker é preso em condomínio de luxo no Ceará por furto de 68 veículos de locadora nacional

Prejuízo para a empresa ultrapassa R$ 5 milhões, segundo a Polícia Civil.

Escrito por
Messias Borges messias.borges@svm.com.br
A foto mostra dois veículos Jeep Compass, de cores preta e prata, estacionados em uma casa de luxo, no Eusébio, onde foi realizada operação policial.
Legenda: Dois veículos Jeep Compass foram apreendidos com o hacker, em um condomínio de luxo no Eusébio.
Foto: Divulgação/ PCCE.

Um homem de 29 anos, apontado como um hacker, foi preso pela Polícia Civil do Ceará (PCCE), nesta quarta-feira (10), por suspeita de liderar um esquema criminoso que furtou ao menos 68 veículos de uma locadora de automóveis nacional.

A prisão ocorreu em um condomínio de luxo, na Cidade Alpha, no Eusébio, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Com o suspeito, foram apreendidos dois veículos Jeep Compass, além de aparelhos celulares e computadores.

O hacker (que não teve a identidade divulgada) levava uma vida de luxo, com dinheiro obtido pela revenda dos veículos subtraídos a partir de um golpe, segundo as investigações policiais. Entretanto, ele se apresentava como empresário do ramo lícito de revenda de veículos.

Ele já tinha uma condenação judicial por furto de um aparelho celular, ocorrido há mais de 10 anos, no Interior do Estado. Desde então, estava "fora do radar" da polícia cearense.

Além dos mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão contra o hacker, a PCCE cumpriu 16 mandados de busca e apreensão, com apoio das polícias de São Paulo e Tocantis.

Confira os locais dos mandados:

  • Eusébio-CE: um mandado de prisão preventiva e um mandado de busca e apreensão;
  • Barra do Ceará, Fortaleza-CE: um mandado de busca e apreensão;
  • São Paulo-SP: 12 mandados de busca e apreensão;
  • Palmas-TO: 3 mandados de busca e apreensão.

A Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), da Polícia Civil do Ceará, contou com a colaboração da Coordenação-Geral de Crimes Cibernéticos do Ministério da Justiça (Ciberlab/MJ) na investigação.

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Envio para outros países

O titular da DRCC, delegado Alan Araújo, contou à reportagem que a investigação começou em janeiro deste ano, quando a locadora de veículos procurou a Polícia Civil do Ceará para denunciar um esquema criminoso de desvio de automóveis alugados.

A empresa já tinha identificado, por apuração própria, que dezenas de veículos alugados por outras empresas - com a localização no Ceará - não estavam sendo devolvidos, entre os anos de 2023 e 2024. Um desses automóveis foi apreendido na fronteira do Brasil.

R$ 5 milhões
teria sido o prejuízo aproximado da locadora nacional, com o desvio dos 68 veículos, segundo o delegado Alan Araújo.

Os investigadores descobriram que um hacker obteve dados de empresas que eram clientes da locadora de veículos e fraudou o sistema de locação, para retirar automóveis no Ceará e também em outros estados, como São Paulo e Rio Grande do Sul.

A foto mostra um homem sendo conduzido por um policial civil, fardado e com colete escrito Draco, em Fortaleza.
Legenda: O hacker foi preso preventivamente e levado a uma delegacia da Polícia Civil do Ceará.
Foto: Divulgação/ PCCE.

Os automóveis eram revendidos em redes sociais, aplicativos de mensagens e até na chamada 'Dark Web' (uma parte da Internet considerada "obscura" ou de difícil acesso). O vendedor anunciava como "carros de estouro" ou "veículos para desmanche", o que atraía o interesse de sucatas e criminosos. Entre os destinos dos automóveis, estavam países que fazem fronteira com o Brasil, segundo a investigação policial.

Confira os preços dos tipos de veículos desviados:

  • Picapes - vendidas por cerca de R$ 15 mil;
  • SUVs - vendidos por cerca de R$ 10 mil;
  • Sedans - vendidos por cerca de R$ 6 mil.

Próximos passos da investigação

Alan Araújo afirmou que a recuperação dos veículos furtados pelo hacker "é difícil, porque acreditamos que a maioria foi para desmanche ou foi enviado para outros países".

Para tentar ressarcir a vítima, a Polícia Civil pediu à Justiça Estadual pelo bloqueio de até R$ 3 milhões das contas bancárias de cada investigado. Como foram 17 alvos dos mandados, o valor pode chegar a R$ 51 milhões.

Os outros investigados são pessoas que foram às sedes da locadora para receber os veículos alugados pelo hacker. A Polícia Civil irá aprofundar as investigações para entender a participação dessas pessoas no esquema criminoso.

"Os suspeitos são investigados pelos crimes de invasão de dispositivo informático, furto qualificado por meio eletrônico, falsidade ideológica, organização criminosa e, ainda, poderão responder por lavagem de dinheiro, cujas penas podem ultrapassar 35 anos de prisão e multa", informou a Polícia Civil.

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