Como agia dentro e fora das prisões o advogado investigado por participar de facção no Ceará
O advogado foi preso nessa terça-feira (16). Conforme a Polícia, ele integra o grupo da mulher conhecida como 'Majestade'
Mais um advogado foi preso no Ceará por vinculo a uma facção criminosa. Cayo L. Ribeiro vinha sendo investigado pela Polícia Civil, até que nessa terça-feira (15) foi detido em Fortaleza. Conforme a investigação, Cayo é parte de um grupo criminoso de origem carioca e tinha como função se valer da advocacia para transmitir recados com orientações aos presos.
O nome do suspeito chegou ao conhecimento das autoridades ainda em 2021, quando foi presa Francisca Valeska Pereira Monteiro, conhecida como 'Majestade'. A mulher estava em companhia do seu companheiro, João Vitor dos Santos, que teria tentado quebrar o celular ao avistar os policiais.
Os agentes apreenderam o aparelho telefônico e por meio de análise autorizada pela Justiça verificaram uma teia criminosa com atuação na Grande Messejana. Foram localizadas diversas conversas entre João Vitor, conhecido como 'Adidas' e Cayo com mensagens referentes a atuação da facção carioca no Estado.
Consta no relatório da PCCE que Cayo e João Vitor trocaram mensagens em agosto de 2021. O advogado teria intermediado conversa entre 'Adidas' e a liderança da facção, identificada como Domingo Costas Miranda, o 'Penetra'.
Para os investigadores, ficou comprovado que Lourenço fazia uso indevido das prerrogativas inerentes ao exercício da advocacia.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Secção Ceará disse que informada na terça-feira (15) sobre o mandato de prisão do advogado.
Por nota, a Ordem se pronunciou que: "através da diretoria de prerrogativas e do Centro de Apoio ao Advogado, a OAB-CE está acompanhando e apurando todos os fatos para garantir a legalidade da prisão e também que o acusado tenha assegurado o direito à ampla defesa e ao contraditório, bem como à sala de estado maior".
Segundo a OAB, caso haja comprovação de envolvimento dele no caso fará a abertura de procedimentos internos disciplinares no Tribunal de Ética e Disciplina (TED).
Além de Cayo, foram presos nessa terça-feira (15) outras três pessoas que integrariam o mesmo grupo criminoso. uma delas suspeita de armazenar e realizar manutenção de armas e munições. A Polícia adiantou que pretende dar continuidade à investigação para identificar a origem do arsenal.
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"É um duro golpe nesse grupo criminoso. Todo o material apreendido vai dar um baque nele, no sentido de reduzir o armamento que poderia ser utilizado naquela regional", ponderou o delegado titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas do Ceará (Draco), Kléver Farias.
FLAGRADOS NA PORTA DO PRESÍDIO
Em menos de três anos, sete advogados foram suspensos pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Secção Ceará, por envolvimento com facções no Estado. Um dos casos mais recentes foi em setembro do ano passado.
O advogado Júlio César Costa e Silva Barbosa foi detido por suspeita de tentar entregar um bilhete a um detento na Unidade Prisional de Segurança Máxima no Ceará. Na época, a reportagem apurou que Júlio foi realizar atendimento ao detento Paulo Henrique Oliveira dos Santos, 31, o ´Sassá', pontado pelas autoridades como um dos chefes no Ceará de uma organização criminosa carioca.
Na saída do atendimento ao detento, o advogado se recusou a mostrar o papel. Ao ser interpelado pelos agentes, o advogado teria ameaçado o diretor da unidade e agido com violência. Júlio César recebeu voz de prisão e foi detido por policiais penais da Segurança Máxima. Atualmente ele é réu no Judiciário Estadual.
Em troca de repassar a informação, o advogado Júlio César recebia R$ 300 a cada encontro, conforme depoimento de uma testemunha
Em 2019, um caso similar aconteceu na saída da Casa de Privação Provisória de Liberdade Agente Elias Alves da Silva (CPPL IV), em Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza. O advogado Alaor Patrício Júnior foi detido em flagrante, em posse de quase 20 bilhetes contendo mensagens de integrantes de organizações criminosas.
Alaor tinha se encontrado com quatro detentos do prédio e disse em depoimento, já na delegacia, que foi obrigado a entregar os bilhetes "pois teme por sua vida" e que não poderia dizer às autoridades quem vinha o ameaçando.