Cabelo arrancado e ameaça de morte: família de idosa estuprada pelo neto questiona soltura do jovem

A Justiça diz não ter recebido inquérito concluído, mas a Polícia afirma que o documento foi enviado no dia 9 de agosto com o indiciamento do suspeito

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
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Legenda: A primeira a chegar no imóvel e encontrar a vítima foi uma vizinha.
Foto: Shutterstock

A família de uma idosa, violentada e estuprada pelo próprio sobrinho-neto, questiona a decisão da Justiça em soltar o suspeito. Após reportagem publicada no Diário do Nordeste noticiando que o jovem de 21 anos retornou à liberdade, parentes da vítima contaram detalhes de como o crime aconteceu, afirmando que a mulher chegou a ser ameaçada de morte, caso denunciasse.

Um dos parentes da vítima, de identidade preservada pelo caso se tratar de crime sexual, diz que após 60 dias do fato a idosa segue apresentando problemas físicos em decorrência das agressões: "os dentes inferiores dela estão moles de tanto que ele apertou a boca para evitar que ela pedisse socorro. Fomos surpreendidos com a decisão do relaxamento da prisão dele e estamos abismados sem entender tamanha barbaridade".

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Há relatos que durante a sessão de abuso, a mulher teve cabelos arrancados e depois foi jogada ao chão. Ela só conseguiu pedir socorro depois que o próprio sobrinho-neto saiu de casa e a idosa se arrastou até um dos quartos da casa, onde havia deixado o celular.

"Ele ainda achou pouco que a estuprou e ficou na posse das chaves para que ela não saísse e nem chamasse por socorro. Foi para o quarto dormir como se nada tivesse acontecido e ficou repetindo que se ela falasse para alguém, ele a mataria e que de noite queria fazer sexo anal com ela"
Familiar da vítima

A primeira a chegar no imóvel e encontrar a vítima foi uma vizinha. Ela só conseguiu entrar na casa, porque tinha cópia da chave, dada anteriormente pela vítima. A idosa passou por perícia e foi constatado o crime.

"É revoltante tudo isso, estamos sofrendo demais. O tamanho do absurdo que ela passou e hoje ainda temos que suportar nada ser feito?"

SUSPEITO SOLTO

O suspeito esteve detido durante quase dois meses, mas, conforme a juíza, a Polícia Civil do Ceará não concluiu inquérito acerca do caso. Nessa segunda-feira (18), a juíza do 1º Juizado da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher decidiu relaxar a prisão do autuado e substituir a prisão por medidas cautelares, como o monitoramento eletrônico e a proibição dele se aproximar da vítima.

A PCCE afirma que o inquérito foi concluído.

Segundo a Polícia Civil, "logo após a prisão do investigado, o inquérito policial foi concluído e remetido à Justiça em 9 de agosto de 2023, conforme documentos anexados ao processo judicial, seguindo a conformidade com a lei".

Já a juíza destaca não ter notícias da conclusão do inquérito "o qual embasou o pedido de prisão preventiva" e que "não houve sequer pedido de dilação de prazo pela autoridade policial, tampouco notícias do andamento do inquérito policial em questão. Além disso, o Ministério Público também não ofereceu denúncia com os elementos que já constam nos autos".

A Polícia Civil representou pela prisão do suspeito, que ficou detido por mais de 40 dias na Unidade Prisional de Triagem e Observação Criminológica (UPTOC).

Para o pedido de revogação da prisão preventiva, a defesa do jovem alegou que ele não tem antecedentes criminais e que solto ele não representaria risco à ordem pública.

Nota da Polícia Civil na íntegra

A Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) esclarece informações acerca do relaxamento de prisão pelo Poder Judiciário de um homem, de 21 anos, que já possui passagens pelo crime de estelionato, preso preventivamente por estuprar a tia, uma mulher de 60 anos.

No dia 16 de julho, a vítima registrou um Boletim de Ocorrência (BO) na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Fortaleza. Imediatamente, a unidade especializada da Polícia Civil representou pela prisão preventiva do suspeito, sendo cumprida e comunicada ao Poder Judiciário no dia 26 de julho.

Por fim, a PC-CE informa que diferente do que está sendo noticiado, logo após a prisão do investigado, o inquérito policial foi concluído e remetido à Justiça, conforme documentos anexados ao processo judicial, seguindo a conformidade com a lei.

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