Empresa de fachada e movimentação bancária milionária: como a PF chegou a uma família de cearenses suspeita de fraude
A maior parte dos mandados cumpridos foi na cidade de Itapipoca, Interior do Estado

Um grupo de cearenses está entre os alvos da 'Operação Biometrics', deflagrada pela Polícia Federal (PF) na última semana. O Diário do Nordeste apurou que foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão no Ceará, além de dois mandados de prisão.
Pelo menos cinco suspeitos investigados são da mesma família. Movimentações bancárias de altos valores, incluindo uma de mais de R$ 5 milhões, levou a PF a identificar os suspeitos e desarticular o esquema criminoso.
Os nomes dos investigados não foram divulgados pela PF, mas a reportagem apurou com fontes ligados à investigação e obteve informações sobre as atividades e a cidade de onde os alvos dos mandados são.
A maior parte das ordens judiciais cumpridas foi na cidade de Itapipoca, Interior do Estado. Um dos alvos era um falso empresário, responsável por uma empresa de fachada no ramo de modas e confecções.
O empresário e outros alvos que disponibilizaram suas contas teriam, segundo a PF, atingido o valor de R$ 5,2 milhões em movimentações bancárias.
Já outro suspeito natural de Itapipoca "possui elevada quantidade de contas bancárias abertas em seu nome, na sua maioria de bancos digitais e instituições de pagamento, sendo ao todo 23 contas".
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Procurado pela reportagem, Mayko Renan Alcântara, advogado de parte dos cearenses investigados, diz que "considerando ser prematura a explanação da defesa dos constituintes sobre os fatos, iremos aguardar tomar conhecimento do teor das investigações, para podermos nos pronunciar".

'EMPREITADA CRIMINOSA'
Segundo a PF, a investigação começou em junho de 2024, "quando foi constatada a abertura de contas corrente de empresas, para obtenção de empréstimos fraudulentos, por meio do uso de identidades falsificadas". As fraudes bancárias eram cometidas contra a Caixa Econômica Federal.
Conforme documentos que a reportagem teve acesso, ao expedir os mandados, a Justiça Federal da 3ª Região disse que "há prova da materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria, consubstanciados nos Relatórios de Análise da Polícia Federal e demais elementos de informação constantes nestes autos" e que "cada investigado possui seu grau de importância para o sucesso da empreitada criminosa, na medida em que, sem eles, restaria frustrada a obtenção de empréstimos bancários fraudulentos e a posterior dissimulação dos valores obtidos para outras contas de destino".
"De fato, os investigados foram apontados pela investigação como importantes peças no esquema criminoso para o recebimento de valores desviados da empresa pública federal, valendo-se de diversas empresas de “fachada”, especialmente do ramo de confecções, para realizar as movimentações bancárias da organização criminosa e dissimular a origem dos valores"
No total, 16 mandados de prisão preventiva e 34 mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos Estados de São Paulo e Ceará. Ainda há informações que cearenses foram localizados em São Paulo.
A PF estima que o prejuízo pode chegar a R$ 42 milhões, incluindo outras fraudes.
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