Lula participa da cerimônia de retorno do manto tupinambá ao Brasil e critica o Congresso
Os indígenas criticaram o fato de não terem participado do momento da chegada do manto ao País, que aconteceu julho
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, nessa quinta-feira (12), no Rio de Janeiro, de uma cerimônia de celebração do retorno do manto Tupinambá ao Brasil. O evento contou também com a presença da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e de outros representantes do governo federal, estadual e municipal. Na ocasião, o chefe do Executivo criticou o Congresso pela derrubada de seu veto sobre o Marco Temporal.
No fim de 2023, os parlamentares conferiram validade a um trecho de projeto de lei que define que somente Terras Indígenas já ocupadas na época a promulgação da Constituição de 1988 podem ser demarcadas.
Veja também
Lula frisou que "fez questão de vetar esse atentado aos povos indígenas". O petista afirmou ainda que "imaginou que o Congresso não teria coragem de derrubar" sua decisão.
"Da mesma forma que vocês, eu também sou contra a tese do Marco Temporal. Fiz questão de vetar esse atentado aos povos indígenas. Mas o Congresso Nacional derrubou o meu veto", destacou o presidente.
Ainda na ocasião, o presidente defendeu que "as coisas são mais fáceis de falar do que de fazer" e voltou a dizer que negociação política "é difícil". Mais à frente, Lula destacou que é preciso "cumprir a Constituição e a regra do jogo", mas negou que exista "subserviência para ficar no poder". Ele lembrou que o governo não conta com maioria no Congresso e que, por isso, deve-se "conversar com quem não gosta de mim".
Importância do retorno do manto Tupinambá ao Brasil
O manto Tupinambá, artefato indígena com penas vermelhas de guará, é uma das peças mais raras e valiosas da cultura material dos povos indígenas do Brasil. Ele era utilizado por pajés durante alguns rituais, como é possível observar na imagem colorida de De Bry.
No início da colonização, nos séculos XVI e XVII, o manto foi levado por viajantes europeus e ofertados à monarcas e famílias nobres. A peça, retirada do país em 1689, retornou ao Brasil em 11 de julho, sob sigilo e está agora no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Anteriormente, ele estava na Dinamarca.
Cerca de 200 indígenas Tupinambás viajaram da Bahia ao Rio de Janeiro para celebrar o retorno do manto, que tem 1,2 metro de altura por 50 centímetros de largura. Uma pequena comitiva, que incluía descendentes da falecida anciã Tupinambá Amotara, visitou o manto no último domingo (8). Amotara viu o manto em 2000, em uma exposição temporária em São Paulo.
Após esse momento, ela e outros indígenas passaram a lutar pela repartição da peça, que estava no Museu Nacional da Dinamarca. À época, a anciã escreveu uma carta pedindo que o manto ficasse no Brasil. De acordo com especialistas, o processo de repatriação do manto iniciou, portanto, há 20 anos, com os próprios indígenas tupinambás.