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De olho nas eleições de 2024 na Capital, lideranças políticas no Ceará começam a reforçar partidos

Siglas como PDT, PT e União Brasil já possuem inclusive nomes sendo ventilados para encabeçar chapas para a Prefeitura de Fortaleza

Escrito por Igor Cavalcante , igor.cavalcante@svm.com.br
Siglas já se articulam para eleição do próximo ano
Legenda: Siglas já se articulam para eleição do próximo ano
Foto: Thiago Gadelha

As eleições de 2024 ainda parecem distantes para os eleitores, mas as lideranças políticas já se movimentam para reforçar os partidos. Alguns desses dirigentes já têm em mente até o desempenho eleitoral que esperam atingir com as legendas no pleito municipal daqui um ano e meio. Siglas como PDT, PT e União Brasil, que reúnem a maior parte dos governistas e oposicionistas, já possuem inclusive nomes sendo ventilados para encabeçar chapas para a Prefeitura de Fortaleza.

Comandando atualmente a Capital, o PDT é uma das principais variáveis nessas articulações. A sigla, que tem José Sarto (PDT) como chefe do Executivo municipal, pode lançar o mandatário à reeleição. A legenda, no entanto, está envolta em uma nuvem de incertezas e impasses.

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Com a decisão do diretório estadual de lançar a candidatura de Roberto Cláudio ao Governo do Ceará no ano passado, o partido rachou, chovendo críticas e acusações de lado a lado. Na Câmara Municipal da Capital, a base também perdeu nomes. Mais recentemente, o próprio senador Cid Gomes (PDT), principal liderança pedetista no Estado, criticou a gestão municipal.

Sarto em busca da reeleição?

Por outro lado, o prefeito já intensificou a agenda de visita a bairros e viagens a Brasília em busca de recursos e diálogo com aliados e até adversários. Mais recentemente, em nova tentativa de reagrupar a sigla, o presidente do PDT Fortaleza, Roberto Cláudio, sinalizou o interesse em reforçar o diretório municipal do partido, que atualmente é gerido apenas por uma comissão provisória. 

Segundo o ex-prefeito, o PDT de Fortaleza deve focar em manter ativa a rotina partidária para além do período eleitoral, realizando encontros e debates junto à população. 

"O partido não é feito só de parlamentares eleitos. O partido é feito de movimento social, da base política, de pensamento, de ideia, e é isso que a gente quer fazer na municipal, se conectar com o pensamento do povo, suas angústias e aflições, você acha que o povo está realmente interessado nesse tipo de futrica, você acha que o povo quer saber o que um fala do outro?"
Roberto Cláudio
Ex-prefeito de Fortaleza e presidente do PDT Fortaleza

PT fortalecido

Sigla que saiu mais fortalecida das eleições do ano passado, os rumos tomados pelo PT também devem ser decisivos para o pleito do próximo ano. Em 2022, a sigla decidiu lançar um candidato ao Governo do Ceará, Elmano de Freitas (PT), que conseguiu derrotar Capitão Wagner (União) e Roberto Cláudio.

Além do mandatário, o PT ainda elegeu para o Senado Camilo Santana (PT), atual ministro da Educação. Atualmente, a sigla comanda o Governo do Ceará e também o Governo Federal, tendo ainda Augusta Brito (PT) no Senado Federal e Camilo Santana no Ministério da Educação.

Com esse cenário favorável ao crescimento do partido, o líder do presidente Lula (PT) na Câmara dos Deputados, o deputado federal José Guimarães (PT) declarou, ainda no mês passado, em entrevista ao portal Sertão TV, que o PT terá candidatura à Prefeitura de Fortaleza no ano que vem. 

"Dificilmente o PT deixará de ter candidatura em Fortaleza. Não tem como não ter. Tem que ter"
José Guimarães
Vice-presidente nacional do PT

Guimarães disse ainda que o partido vai se esforçar para eleger 50 prefeitos(as) em 2024. Para isso, contará com a força do presidente Lula e a relação do governador Elmano de Freitas. 

"O exemplo da última eleição no Estado está aí pra todo mundo analisar: cautela. Não vamos agredir ninguém. Nós temos um projeto no Estado que agora é comandado pelo governador Elmano", disse.

União Brasil

A sigla liderada pelo principal nome da oposição no Ceará também já sinalizou o lançamento de uma chapa no próximo ano. Capitão Wagner acabou derrotado no pleito do ano passado ainda no primeiro turno. Após o fim do mandato na Câmara dos Deputados, o ex-parlamentar assumiu o cargo de secretário da Saúde de Maracanaú.

Em entrevista ao Diário do Nordeste, o gestor admitiu, pela primeira vez, a pretensão de disputar pela terceira vez a Prefeitura da Capital. O oposicionista demonstrou otimismo mesmo após duas derrotas – em 2016 e 2020 – para o Executivo municipal.

“Ganhamos a eleição em 2022 na Capital e isso é um motivo mais que suficiente para que nosso nome esteja na mesa”
Capitão Wagner
Ex-deputado federal e presidente do União Brasil no Ceará

Em 2022, ele venceu em Fortaleza, mesmo perdendo no Estado. Ao todo, obteve 602.050 votos.

O resultado confirmou o bom desempenho na Capital do político da oposição, que já havia demonstrado sua força na eleição de 2020. À época, José Sarto (PDT) venceu no segundo turno, mas por uma margem apertada. O pedetista teve 668.652 votos, já Wagner conseguiu 624.892. 

“O grupo tem muitos nomes, mas o nosso é um desses que está à disposição. Vamos discutir internamente no União Brasil se o meu nome é o melhor, se (eu) for escolhido pelo partido, vou discutir com os aliados para ver se a gente constrói um arco de aliança semelhante ao de 2022 para concorrer com chance”, concluiu. Wagner.

Foco no Legislativo

Outra sigla da oposição nacional e também local é o PL. O partido, que abriga o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é comandado no Ceará pelo prefeito do Eusébio, Acilon Gonçalves. O mandatário também lidera um grupo político que reúne prefeitos da Região Metropolitana da Capital.

Em entrevista ao Diário do Nordeste, o prefeito disse que essa expansão regional é o foco do partido, ampliando o número de mandatários no Executivo e também no Legislativo. 

“Jair Bolsonaro continua sendo a referência do partido e o fato de não ter vencido nas últimas eleições não interfere em nada com o crescimento do partido. A nossa legenda continua com a bandeira em defesa do liberalismo e lutando para que cada vez mais as pessoas possam ser ouvidas dentro do partido, e tenham suas ideias colocadas em defesa pelos nossos deputados e vereadores”
Acilon Gonçalves
Presidente estadual do PL

Algumas decisões nacionais também podem impactar nas articulações no Ceará. O PP, por exemplo, pode se juntar em uma federação com o União Brasil. As duas siglas, no entanto, ocupam lados grupos opostos no Estado. Enquanto o PP integra o grupo governista, o União compõe a oposição. As lideranças da sigla no Ceará, o deputado federal AJ Albuquerque e o secretário Zezinho Albuquerque, foram procurados para comentar a fusão, mas não responderam.

Também eleito na oposição, quem pode mudar de rumos é o Republicanos, liderado na Capital pelo vereador Ronaldo Martins. O político revelou que o foco da sigla será o Legislativo da Capital.

“Estou focado na chapa de vereador, esperamos conseguir no mínimo quatro vagas. Acredito que passo dos 40 mil votos, sempre tenho boa votação em Fortaleza, então vou conseguir puxar outros vereadores”
Ronaldo Martins
Presidente do Republicanos

O parlamentar, que recentemente filiou o ex-senador Chiquinho Feitosa, aliado de Camilo Santana, ressaltou ainda que a sigla segue como neutra na Capital e no Estado. “Mas temos abertura para o diálogo. Na próxima semana vou conversar com o Chiquinho, com deputados e vereadores do partido para conversarmos sobre os próximos passos”, concluiu.

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Na troca de partidos, Chiquinho deixou o PSDB, onde teve divergências com o líder da sigla, Tasso Jereissati. Já o tucano conseguiu atrair para o partido o vice-prefeito de Fortaleza, Élcio Batista (PSDB).

O vice deixou o PSB, sigla que embarcou na candidatura de Roberto Cláudio no ano passado, mas agora é mirado também por nomes ligados a Camilo Santana e a Cid Gomes como possível destino no próximo ano.

“Estou trabalhando na estruturação do partido, aqueles que tiverem interesse em se juntar conosco serão avaliados se possuem alinhamento ideológico e programático com o partido”
Denis Bezerra
Presidente estadual do PSB

Também alinhado à esquerda, o presidente do Psol no Ceará, Alexandre Uchôa, disse que a decisão de lançar ou não candidatura na Capital ainda será avaliada pela sigla. 

“Ter ou não candidatura própria à prefeitura de Fortaleza, será uma tarefa a ser definida com base na localização do partido  no próximo período, que será melhor debatido no Congresso, que ocorrerá ainda no primeiro semestre. Há teses minoritárias que entendem  que o melhor espaço pro Psol é caminhar isolado dos outros partidos e governos. E tem a tese majoritária que o Psol continue a crescer e avance na tarefa de enterrar o fascismo e reconstruir o Brasil”
Alexandre Uchôa
Presidente do Psol Ceará

O psolista ainda disse que a sigla aponta em nomes como Adelita Monteiro, atual secretária de Juventude do Governo do Estado, Léo Suricate, Zuleide, Anna Karina e Ailton Lopes para conquistar espaço no Legislativo.

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