Legislativo Judiciário Executivo

Consórcio Nordeste suspende compra da vacina Sputnik V

Anúncio foi feito após reunião entre o presidente do Consórcio Nordeste, Wellington Dias, e o Fundo Soberano Russo

Escrito por Mylena Gadelha , mylena.gadelha@svm.com.br
Doses da vacina Sputnik V
Legenda: Ao todo, 37 milhões de doses da vacina seriam adquiridas pelo Consórcio Nordeste
Foto: divulgação

A compra da Sputnik V, vacina contra a Covid-19 negociada pelo Consórcio Nordeste com o Fundo Soberano Russo, foi suspensa nesta quinta-feira (5).

O anúncio foi realizado pelo governador do Piauí e presidente do consórcio, Wellington Dias, que definiu as limitações impostas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como um dos motivos para a paralisação do contrato. Veja:

Além das novas limitações da agência, a falta da inclusão da vacina no Plano Nacional de Imunização (PNI) e a falta da licença de importação também foram outros pontos citados pelo governador para a decisão pela suspensão.

Ao todo, 37 milhões de doses do imunizante estavam previstas para compra. De início, a informação era de que as primeiras duas milhões chegariam em solo brasileiro ainda em abril deste ano, o que não ocorreu como planejado.

Padrões de testes das vacinas

Conforme anúncio do Consórcio Nordeste, os padrões de testes requisitados pela Anvisa até o momento não foram solicitados para imunizantes de outros laboratórios. 

"Temos vacinas disponíveis, mas impedidas de entrar no Brasil devido a uma decisão da Anvisa que faz uma alteração no padrão de teste junto com a não inclusão do Ministério da Saúde no Plano Nacional de Imunização", confirmou Wellington Dias.

Por meio das redes sociais, Camilo Santana lamentou a suspensão do contrato ao citar a eficácia do imunobiológico. "A Sputnik V, que está sendo usada em 69 países e tem eficácia comprovada de 91,6% seria mais uma vacina para ajudar a salvar a vida de milhares de brasileiros", escreveu.

Legenda: Camilo Santana também citou a disponibilidade para compra da vacina CoronaVac, do laboratório Sinovac em parceria com o Instituto Butantã
Foto: reprodução/Instagram

O governador do Ceará pontuou que o Governo Federal tem distribuído as vacinas em um ritmo lento no Brasil e, enquanto isso, busca acordos para compra direta com laboratórios.

O que diz a Anvisa

A Anvisa se posicionou sobre a decisão do Consórcio Nordeste já na noite desta quinta-feira. Em nota publicada no site da agência, foi informado que, "ao autorizar a importação excepcional da vacina Sputnik V, foram estabelecidos 22 condicionantes a serem cumpridos pelos importadores" e que "não acrescentou nenhuma condição além daquelas já estabelecidas na decisão".

As condicionantes, ainda conforme a agência "tiveram o objetivo de preencher lacunas de informação existentes quanto aos aspectos de qualidade, segurança e eficácia da vacina para permitir uma utilização controlada, segura e inicial da vacina Sputnik V no Brasil".

"Por fim, a Agência ressalta que tem se pautado pela absoluta transparência em todas as suas ações, de maneira a manter a sociedade sempre informada quanto às decisões adotadas e suas justificativas, em prol da proteção da saúde da população", concluiu a Anvisa.

Reunião prevista

Ainda na última terça-feira (3), o governador da Bahia, Rui Costa, anunciou a reunião que seria realizada com o Fundo Soberano Russo. Segundo ele, o acordo não teria sido pago até o momento, visto que uma cláusula do contrato condiciona a remuneração com a entrega das doses. 

"Conversei com o presidente do Consórcio Nordeste esta semana para tomar uma decisão, dada os sucessivos obstáculos da Anvisa e a própria declaração do ministro", disse na ocasião.

Sputnik V

No dia 12 de março deste ano, o Consórcio Nordeste fechou a compra de 37 milhões de doses da vacina russa Sputnik V, que é feita pelo Instituto Gamaleya. 

No dia 15 de junho, a Anvisa concedeu autorização para a importação excepcional do imunizante pelos estados do Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Amapá, Paraíba e Goiás.

Em 23 de julho, o Valor Econômico noticiou que o Ministério da Saúde deveria rescindir o contrato para a compra de 10 milhões de doses a vacina russa. Segundo o jornal, a pasta espera concluir análises jurídicas para anunciar a decisão.

 

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