Com desistência de Fernando Santana, saiba quem é cotado para sucessão de Evandro na Alece
Entre os parlamentares, nomes são aventados e um deles surge como o predileto
As rearrumações para a sucessão de Evandro Leitão (PT) no comando da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) já começaram a ganhar desdobramentos neste sábado (23), um dia após o deputado estadual Fernando Santana (PT), que era tido como candidato da base do Governo Elmano, retirar seu nome da disputa.
Para substituir Leitão, que está de saída para assumir a cadeira de prefeito de Fortaleza, a aliança governista já articula outro nome, diante do anúncio de desistência do postulante. Ele era o único lançado até então.
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Nos bastidores e pelas respostas de políticos ouvidos pelo Diário do Nordeste, a maioria das apostas se dá em torno de Romeu Aldigueri (PDT), atual líder do governo Elmano de Freitas (PT). Ele é defendido pelo próprio Fernando Santana como alguém que reúne as bancadas da Alece e pode dar continuidade ao projeto do atual chefe do Legislativo estadual.
Segundo o parlamentar, ele irá apoiar o representante escolhido pela "base do governo e pelos colegas" a partir de um "entendimento", mas espera que o pedetista seja essa figura. "Eu defendo o nome do Romeu Aldigueri, porque, entendo eu, pode culminar na maioria, na quase unanimidade da Casa, para que dê sequência ao grande trabalho realizado pelo presidente Evandro Leitão", declarou Santana.
Danniel Oliveira (MDB), foi outro quadro da Assembleia Legislativa que colocou suas fichas no mesmo provável postulante. "É um nome natural, por já ser líder", reforçou o emedebista, justificando que ele já foi "testado" na condução das pautas de interesse do Palácio da Abolição.
Leonardo Pinheiro (PP), por sua vez, assegurou que estão sabendo, "ainda muito por alto", que será Romeu. "Mas não sei se ainda está definido", frisou o parlamentar. Ele elogiou a conduta de Santana, que, em suas palavras, ao declinar, teria demonstrado "senso de grupo".
Por outro lado, apesar das mensagens de apoio e falas em tom especulativo, Aldigueri foi mencionado por fontes que, em condição de anonimato, revelaram ele como o selecionado para conduzir a chefia da Alece. De acordo com os interlocutores, a decisão foi tomada após uma reunião realizada ontem.
"Foi um 'cala-boca' no Cid (Gomes)", definiu uma das pessoas, referindo-se à insatisfação do senador do PSB, que, após publicização do nome de Fernando Santana como candidato, sinalizou rompimento com Elmano, criticando falta de tratativas com partidos aliados.
O anúncio da candidatura do atual líder governista entre os pares seria realizado neste sábado, segundo fontes, e o encontro de cúpula que decidiu alçar Aldigueri para a missão teria contado com a presença do próprio Cid, de Elmano, de Evandro e do ministro da Educação, Camilo Santana (PT).
Nos bastidores, há também quem aponte nomes como o de Salmito (PDT), Osmar Baquit (PDT) e Jeová Mota (PDT), próximos à ala do governo e de saída da sigla trabalhista. Entretanto, por exercer a liderança, o nome de Aldigueri prevaleceu.
A reportagem acionou as assessorias de comunicação de Cid Gomes, de Romeu Aldigueri e dos demais citados pelas fontes, para que pudessem se manifestar sobre a reunião alegada. Não houve resposta até a publicação desta matéria. O conteúdo será atualizado caso haja uma devolutiva.
Oposição
Do mesmo modo que os demais, o deputado estadual Cláudio Pinho (PDT), que compõe a oposição, também afirmou que alguém da base irá ser lançado para substituir Fernando Santana no pleito. Conforme falou Pinho, ele irá "aguardar o surgimento de novas candidaturas" para analisar a posição do grupo.
No entendimento dele, "a desistência de Fernando mostra que teve uma insatisfação que não foi superada na base". A ameaça de rompimento de Cid foi citada pelo parlamentar como uma demonstração dessa insatisfação.
Algumas pautas relacionadas ao funcionamento do Plenário 13 de Maio e questões relacionadas com o andamento de matérias foram indicadas por Cláudio Pinho como assuntos a serem colocados por ele no processo eleitoral. Provocado a falar sobre Aldigueri, o pedetista admitiu que o colega tem chances de ser conduzido ao pleito.
Candidatos ventilados e outras tratativas
Na esteira de apostas, outros nomes também são ventilados. O deputado estadual Sargento Reginauro (União), além de apontar Aldigueri, falou de Baquit, Sérgio Aguiar (PDT) e Guilherme Landim (PDT). Para o oposicionista, são figuras que mostram interesse e que têm força junto ao governo e com Cid.
Mas, na visão dele, outra pessoa poderia representar um diferencial. "Seria uma grande surpresa o nome de Lia Gomes, que hoje dirige a Ouvidoria da Mulher na Alece e marcaria a história como primeira mulher a presidir", manifestou Reginauro, lembrando promessas de paridade feitas pelo governador na campanha eleitoral de 2022.
Já Felipe Mota (União) evitou sugerir nomes e alegou que irá aguardar as definições. "Depois de uma virada de 360º, confesso que prefiro esperar o candidato oficial do Palácio sair para montarmos a estratégia da oposição", destacou.
O sentimento de agregamento foi salientado por Missias Dias (PT) como um parâmetro a ser considerado na escolha do representante do grupo na eleição para presidência. "Acho que tem que ser o que agregue o consenso na Casa", pontuou, dizendo ainda que estão "avaliando" e que o escolhido tem que ter uma proximidade com o governador.
Para Emília Pessoa (PSDB), quem se candidatar deverá ter "a capacidade de se assemelhar ao atual presidente Evandro, mantendo o espaço do diálogo e respeito aos diversos posicionamentos políticos".
Pessoa afirmou que Santana já tinha pedido seu voto e conseguiu sua "simpatia". Com a desistência dele, ela disse que está avaliando, de maneira alinhada com os deputados do União Brasil, PDT e PL.
Fora das discussões
Pelo modo como as coisas se desenrolaram, ainda há aqueles que não sabem como as peças do xadrez político da sucessão estão sendo colocadas. "Eu juro que não sei", respondeu Renato Roseno (PSOL), quando questionado sobre quais nomes estão emergindo na Casa após a saída de Fernando Santana da disputa.
"Acho que as conversas devem começar entre os pretendentes", alegou outro parlamentar, o João Jaime (PP), que disse não saber como foram as "circunstâncias da renúncia". "Acho que ainda deve ser explicada. Se houve um acordo, foi no sentido de unir a base", ponderou.
Carmelo Neto (PL) completa o grupo dos que não foram inteirados das movimentações. "Os nomes que estou escutando são os que vejo pela imprensa: Romeu (Aldigueri) e Guilherme (Landim)", explanou. "No início da polêmica do Cid, escutei o nome do Salmito, mas não sei se avançou entre eles", finalizou.