Braga Netto é preso pela Polícia Federal
O general e candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro (PL) na chapa de 2022 foi preso em Copacabana, no Rio de Janeiro
A Polícia Federal prendeu o ex-ministro e candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro, o general Braga Netto, na manhã deste sábado (14), no Rio de Janeiro. A prisão ocorreu no âmbito do inquérito sobre tentativa de golpe de estado. As informações são da jornalista Andréia Sadi.
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Nesta manhã, são cumpridos um mandado de prisão preventiva, dois mandados de busca e apreensão e uma cautelar diversa da prisão contra indivíduos que estariam atrapalhando a livre produção de provas durante a instrução processual penal.
As medidas judiciais têm como objetivo evitar a reiteração das ações ilícitas. Braga Netto é general da reserva do Exército, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa do governo Bolsonaro e candidato a vice na chapa que perdeu a eleição de 2022.
Por que Braga Netto foi preso
A prisão é resultado do inquérito responsável pela investigação da tentativa de golpe de estado no Brasil após as eleições que resultaram na eleição de Lula como presidente em 2022.
Em novembro deste ano, 37 pessoas já foram indiciadas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro e o próprio Braga Netto, que é conhecido como arquiteto da trama.
Conforme documento de 800 páginas, os indiciados teriam se estruturado por meio de uma divisão de tarefas, o que teria permitido a "individualização das condutas", assim como a verificação da existência de grupos entre eles. Com isso, seis grupos foram descobertos. Confira:
- Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
- Núcleo Responsável por Incitar Militares a Aderirem ao Golpe de Estado;
- Núcleo Jurídico;
- Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
- Núcleo de Inteligência Paralela;
- Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas.
Veja a lista dos 37 indiciados:
- Ailton Gonçalves Moraes Barros
- Alexandre Castilho Bitencourt Da Silva
- Alexandre Rodrigues Ramagem
- Almir Garnier Santos
- Amauri Feres Saad
- Anderson Gustavo Torres
- Anderson Lima De Moura
- Angelo Martins Denicoli
- Augusto Heleno Ribeiro Pereira
- Bernardo Romao Correa Netto
- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
- Carlos Giovani Delevati Pasini
- Cleverson Ney Magalhães
- Estevam Cals Theophilo Gaspar De Oliveira
- Fabrício Moreira De Bastos
- Filipe Garcia Martins
- Fernando Cerimedo
- Giancarlo Gomes Rodrigues
- Guilherme Marques De Almeida
- Hélio Ferreira Lima
- Jair Messias Bolsonaro
- José Eduardo De Oliveira E Silva
- Laercio Vergilio
- Marcelo Bormevet
- Marcelo Costa Câmara
- Mario Fernandes
- Mauro Cesar Barbosa Cid
- Nilton Diniz Rodrigues
- Paulo Renato De Oliveira Figueiredo Filho
- Paulo Sérgio Nogueira De Oliveira
- Rafael Martins De Oliveira
- Ronald Ferreira De Araujo Junior
- Sergio Ricardo Cavaliere De Medeiros
- Tércio Arnaud Tomaz
- Valdemar Costa Neto
- Walter Souza Braga Netto
- Wladimir Matos Soares
Quem é Braga Netto
Natural de Belo Horizonte, em Minas Gerais, Walter Souza Braga Netto nasceu no dia 11 de março de 1956.
Ele se formou na Academia Militar das Agulhas Negras – mesma instituição onde o presidente Jair Bolsonaro é formado. O fato de virem da mesma academia das Forças Armadas já foi, inclusive, ressaltado pelo presidente como uma das semelhanças entre os dois.
Foi alçado a General do Exército em 2009, ponto mais alto da hierarquia das Forças Armadas. Passou à reserva em 2019, quando foi convidado para o Ministério da Casa Civil, por indicação do General Luiz Eduardo Ramos, na época ministro da Secretaria de Governo.
Braga Netto substituiu Ônix Lorenzoni, que foi para o comando da pasta de Desenvolvimento Regional. Em 2020, foi nomeado para comandar o comitê de crise do governo para o enfrentamento da pandemia de Covid-19.
O objetivo era concentrar as ações do Palácio do Planalto no comitê e diminuir o protagonismo do então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Na época, Mandetta vinha tomando decisões e tendo posicionamentos divergentes ao do presidente Bolsonaro.
O Tribunal de Contas da União (TCU) chegou a abrir procedimento para apurar a conduta de Braga Netto, apontando indícios de "graves omissões" na condução feita por ele.
A Casa Civil não foi o único ministério comandado pelo agora candidato a vice-presidente. Em 2021, ele passou ao comando do Ministério da Defesa. Já neste ano, antes de deixar o governo para concorrer na disputa eleitoral, ele atuou como assessor especial da presidência da República.
Veja a carreira do general Braga Netto
Braga Netto ingressou no curso de cavalaria da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em 1975. Formado na turma de 1978, ele tornou-se aspirante a oficial do Exército.
Também passou pela Escola de Educação Física do Exército em 1981 e pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) em 1988. Também concluiu a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) entre 1993 e 1994.
Foi alçado ao cargo de General do Exército, posto mais alto da hierarquia das Forças Armadas, em 2009.
Ainda no Exército, ocupou alguns postos-chave no Brasil e no exterior. Em 2011, por exemplo, foi designado como adido de defesa junto à Embaixada do Brasil nos Estados Unidos.
Em 2013, foi designado como secretário de segurança presidencial e chefe da Casa Militar da Presidência da República, durante o governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Também foi coordenador-geral da assessoria especial dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio de Janeiro, que aconteceram em 2016.
Durante o governo do ex-presidente Michel Temer, foi nomeado interventor da segurança pública no Rio de Janeiro, cargo que detinha responsabilidade pelas polícias civil, militar e pelos bombeiros da capital carioca.
Braga Netto, inclusive, já tinha atuado antes na cidade. Ele ficou em evidência ao participar da ocupação do Complexo da Maré feita pelo Exército entre 2014 e 2015. Também comandou a 3ª Divisão do Exército e o Estado-Maior do Exército (EME).
Passou à reserva do Exército no início do Governo Bolsonaro, quando foi convidado para chefiar a Casa Civil. Ele se filiou pela primeira vez em 2022, para concorrer ao cargo de vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro, integrando o PL, mesmo partido do atual presidente.