Vai viajar? Saiba como driblar as tarifas altas para comprar dólar e euro mais baratos

Consumidores podem usar alternativas para diminuir as taxas que incidem sobre as moedas estrangeiras ao utilizar o cartão de crédito no Exterior

Escrito por Redação ,
Dólar sendo comprado
Legenda: Consumidores devem estar atentos às taxas cobradas pelos bancos e casas de câmbio
Foto: Fabiane de Paula

Viajantes experientes já estão habituados a monitorar as cotações para comprar moeda estrangeira mais barata, mas isso não é o suficiente para poupar. No Exterior, é necessário ter cuidado ao utilizar o cartão de crédito em razão da cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), de 6,38%.

Contudo, há como driblar o impacto dessa taxa sobre o dinheiro e reduzir o custo das transações. 

Simulação realizada pelo Diário do Nordeste mostra uma economia de, em média, 8% — superior ao percentual do IOF —, quando o consumidor opta pela abertura de contas internacionais.

Os cálculos são parte do "Sua Carteira", projeto que mostra como os leitores podem economizar. 

Como se organizar para economizar?

A economista e especialista em finanças, Juliana Barbosa, explica que, primeiro, é preciso conhecer o spread de câmbio para entender que não basta procurar a cotação do dólar ou do euro mais barata, por exemplo.

“Basicamente, é a diferença entre o valor que a instituição financeira ou a casa de câmbio pagou pela compra da moeda e o valor que ela recebeu pela venda. Quanto maior o spread, melhor para a instituição financeira, mas pior para o cliente final, pois estará pagando mais”, esclarece.

Resumidamente, trata-se da distinção entre duas taxas de câmbio. Segundo analisa a economista, o spread tem um impacto significativo para os viajantes porque torna mais cara a compra da cédula estrangeira. Por isso, é importante pesquisar em diferentes locais antes da decisão.

Após esse conceito, também é necessário compreender que, na aquisição da moeda em espécie e cartão pré-pago, há a cobrança do IOF de 1,1% sobre o total da operação e a taxa de câmbio do momento. 

Já quando o consumidor utiliza o cartão de crédito no Exterior, também incide a cobrança do mesmo imposto, de 6,38%, além da taxa de câmbio no dia da compra.

Quanto é possível economizar?

A pedido do Diário do Nordeste, Juliana Barbosa fez uma simulação considerando o seguinte cenário: uma pessoa, que vai para os Estados Unidos, reservou R$ 10 mil para essa viagem. Quanto ela economizaria se utilizasse o cartão de crédito do banco tradicional ou de uma fintech? Veja:

Cenário em um banco brasileiro:

  • Taxas: 2,03%, incluindo já o IOF (1,1%);
  • Câmbio dólar comercial*: R$ 5,33;
  • Valor que o consumidor teria: US$ 1.837,59;
    *Nos bancos internacinais, geralmente, é considerado o dólar comercial, que é mais barato. 

    Cenário em um banco internacional: 
  • Taxas: 6,38% + cotação do câmbio do dia;
  • Câmbio dólar turismo*: R$ 5,56
  • Valor que o consumidor teria: US$1.683,81.
    *Nos bancos tradicionais, geralmente, é considerado o dólar turismo, que é mais caro. 

Nas simulações acima, é possível perceber que a diferença de taxas cobradas resulta em uma economia de R$ 153,78, diminuindo 8% dos custos das transações no Exterior. Quanto mais elevado for o valor, maior será a redução. 

"Essas empresas oferecem cartões pré-pagos, com o IOF de 1,1%, taxa de câmbio com spread mais em conta, porém, cobram uma taxa variável na média de 1%. Já os bancos tradicionais não cobram taxa variável, mas cobram o spread maior na taxa", compara a economista. 

Quais são as empresas que oferecem condições vantajosas?

Os viajantes devem pesquisar com cautela os bancos que oferecem condições mais vantajosas e de acorodo com as suas necessidades. No mercado, as empresas Nomad e Wise, por exemplo, possuem taxas competitivas. Abaixo, veja o que cada uma oferece, por ordem alfabética. 

Nomad:

  • Abertura de conta: gratuito;
  • Emissão de cartão: o cartão virtual e físico são gratuitos; 
  • Postagem: gratuita para os EUA. Para o Brasil também é gratuita para clientes com mais de US$1 mil acumulados em operações de câmbio para a conta-corrente ou conta investimento através do programa Nomad Pass;
  • IOF (real para dólar): 1,1% para conta-corrente ou 0,38% para conta de investimentos;
  • IOF (dólar para real): 0,38%;
  • Custo do saque no exterior: isento (na rede Allpoint);
  • Spread (taxa de serviço da empresa): entre 1% e, no máximo, 2% sobre o dólar comercial;
  • Tarifa de inatividade: não
  • Como utilizar: por meio do aplicativo Nomad, o cliente tem acesso a uma conta-corrente em dólar, podendo fazer transferências e câmbio online, além do cartão de débito. 

Segundo o Ceo da Nomad, Lucas Vargas, enquanto com um cartão de crédito de um banco brasileiro o consumidor gasta entre 4% e 7% com spread de câmbio, além de 6,38% de IOF, com o produto da marca, o spread sobre o dólar comercial – que é mais barato do que o dólar turismo usado no cartão de crédito – é dinâmico e regressivo.

Os percentuais vão de 1% e 2%) e o imposto sobre as operações financeiras é 1,1%. “No bolso do consumidor, isso representa uma economia de aproximadamente 10% nas transações”, afirma. 

Wise

  •  Abertura de conta: gratuita;
  • ​Emissão de cartão: o cartão virtual e físico são gratuitos;
  • Postagem: gratuita;
  • IOF (independente da moeda): 1,1% para conta da mesma titularidade; 0,38% para titularidade diferente;
  • Taxa de serviço: a partir de 0,41% (calculada de acordo com o valor e a moeda enviada);
  • Custo do saque no exterior: gratuito em caixas automáticos que aceitam cartões Visa pelo mundo - lembrando que pode haver tarifas do terminal (não relacionadas à Wise);
  • Spread: não cobra;
  • Tarifa de inatividade: não cobra;
  • Como utilizar: No site da Wise, o usuário consegue simular quanto vai custar cada transação, informando os valores e as moedas de entrada. Também tem aplicativo. 

A empresa afirma oferecer como diferencial a economia de não pagar spread, tarifas de emissão do cartão, abertura de conta, manutenção ou inatividade.

Segundo a Wise, o cartão da companhia permite comprar de maneira até sete vezes mais barata se comparada com o uso de outros cartões de crédito internacionais do mercado.

Além disso, a Wise também garante ter "o atual menor custo de conversão entre o real e a moeda estrangeira - para dólares americanos, por exemplo, o custo de conversão é de apenas 1%".

Vale mais a pena comprar em cartão ou com dinheiro no Exterior?

Segundo a economista e especialista em finanças, Juliana Barbosa, comprar a moeda em espécie sairá mais barato devido ao IOF de 1,1%.

"Porém, têm algumas situações que devem ser consideradas. Primeiro, você precisa já ter o valor em mãos antes da viagem. Segundo, tem a questão do risco de viajar com valores em espécie em virtude de perda e roubo", pondera.

"Já o cartão de crédito traz comodidade de precisar manusear o dinheiro, poder postergar as compras e pagar somente no vencimento da fatura. Mas, em contrapartida, paga um IOF bem mais alto, de 6,38%", diz, exemplificando a taxa média doas bancos tradicionais. 

 

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