Vai viajar? Saiba como driblar as tarifas altas para comprar dólar e euro mais baratos
Consumidores podem usar alternativas para diminuir as taxas que incidem sobre as moedas estrangeiras ao utilizar o cartão de crédito no Exterior
Viajantes experientes já estão habituados a monitorar as cotações para comprar moeda estrangeira mais barata, mas isso não é o suficiente para poupar. No Exterior, é necessário ter cuidado ao utilizar o cartão de crédito em razão da cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), de 6,38%.
Contudo, há como driblar o impacto dessa taxa sobre o dinheiro e reduzir o custo das transações.
Simulação realizada pelo Diário do Nordeste mostra uma economia de, em média, 8% — superior ao percentual do IOF —, quando o consumidor opta pela abertura de contas internacionais.
Os cálculos são parte do "Sua Carteira", projeto que mostra como os leitores podem economizar.
Como se organizar para economizar?
A economista e especialista em finanças, Juliana Barbosa, explica que, primeiro, é preciso conhecer o spread de câmbio para entender que não basta procurar a cotação do dólar ou do euro mais barata, por exemplo.
“Basicamente, é a diferença entre o valor que a instituição financeira ou a casa de câmbio pagou pela compra da moeda e o valor que ela recebeu pela venda. Quanto maior o spread, melhor para a instituição financeira, mas pior para o cliente final, pois estará pagando mais”, esclarece.
Resumidamente, trata-se da distinção entre duas taxas de câmbio. Segundo analisa a economista, o spread tem um impacto significativo para os viajantes porque torna mais cara a compra da cédula estrangeira. Por isso, é importante pesquisar em diferentes locais antes da decisão.
Após esse conceito, também é necessário compreender que, na aquisição da moeda em espécie e cartão pré-pago, há a cobrança do IOF de 1,1% sobre o total da operação e a taxa de câmbio do momento.
Já quando o consumidor utiliza o cartão de crédito no Exterior, também incide a cobrança do mesmo imposto, de 6,38%, além da taxa de câmbio no dia da compra.
Quanto é possível economizar?
A pedido do Diário do Nordeste, Juliana Barbosa fez uma simulação considerando o seguinte cenário: uma pessoa, que vai para os Estados Unidos, reservou R$ 10 mil para essa viagem. Quanto ela economizaria se utilizasse o cartão de crédito do banco tradicional ou de uma fintech? Veja:
Cenário em um banco brasileiro:
- Taxas: 2,03%, incluindo já o IOF (1,1%);
- Câmbio dólar comercial*: R$ 5,33;
- Valor que o consumidor teria: US$ 1.837,59;
*Nos bancos internacinais, geralmente, é considerado o dólar comercial, que é mais barato.
Cenário em um banco internacional: - Taxas: 6,38% + cotação do câmbio do dia;
- Câmbio dólar turismo*: R$ 5,56
- Valor que o consumidor teria: US$1.683,81.
*Nos bancos tradicionais, geralmente, é considerado o dólar turismo, que é mais caro.
Nas simulações acima, é possível perceber que a diferença de taxas cobradas resulta em uma economia de R$ 153,78, diminuindo 8% dos custos das transações no Exterior. Quanto mais elevado for o valor, maior será a redução.
"Essas empresas oferecem cartões pré-pagos, com o IOF de 1,1%, taxa de câmbio com spread mais em conta, porém, cobram uma taxa variável na média de 1%. Já os bancos tradicionais não cobram taxa variável, mas cobram o spread maior na taxa", compara a economista.
Quais são as empresas que oferecem condições vantajosas?
Os viajantes devem pesquisar com cautela os bancos que oferecem condições mais vantajosas e de acorodo com as suas necessidades. No mercado, as empresas Nomad e Wise, por exemplo, possuem taxas competitivas. Abaixo, veja o que cada uma oferece, por ordem alfabética.
Nomad:
- Abertura de conta: gratuito;
- Emissão de cartão: o cartão virtual e físico são gratuitos;
- Postagem: gratuita para os EUA. Para o Brasil também é gratuita para clientes com mais de US$1 mil acumulados em operações de câmbio para a conta-corrente ou conta investimento através do programa Nomad Pass;
- IOF (real para dólar): 1,1% para conta-corrente ou 0,38% para conta de investimentos;
- IOF (dólar para real): 0,38%;
- Custo do saque no exterior: isento (na rede Allpoint);
- Spread (taxa de serviço da empresa): entre 1% e, no máximo, 2% sobre o dólar comercial;
- Tarifa de inatividade: não
- Como utilizar: por meio do aplicativo Nomad, o cliente tem acesso a uma conta-corrente em dólar, podendo fazer transferências e câmbio online, além do cartão de débito.
Segundo o Ceo da Nomad, Lucas Vargas, enquanto com um cartão de crédito de um banco brasileiro o consumidor gasta entre 4% e 7% com spread de câmbio, além de 6,38% de IOF, com o produto da marca, o spread sobre o dólar comercial – que é mais barato do que o dólar turismo usado no cartão de crédito – é dinâmico e regressivo.
Os percentuais vão de 1% e 2%) e o imposto sobre as operações financeiras é 1,1%. “No bolso do consumidor, isso representa uma economia de aproximadamente 10% nas transações”, afirma.
Wise
- Abertura de conta: gratuita;
- Emissão de cartão: o cartão virtual e físico são gratuitos;
- Postagem: gratuita;
- IOF (independente da moeda): 1,1% para conta da mesma titularidade; 0,38% para titularidade diferente;
- Taxa de serviço: a partir de 0,41% (calculada de acordo com o valor e a moeda enviada);
- Custo do saque no exterior: gratuito em caixas automáticos que aceitam cartões Visa pelo mundo - lembrando que pode haver tarifas do terminal (não relacionadas à Wise);
- Spread: não cobra;
- Tarifa de inatividade: não cobra;
- Como utilizar: No site da Wise, o usuário consegue simular quanto vai custar cada transação, informando os valores e as moedas de entrada. Também tem aplicativo.
A empresa afirma oferecer como diferencial a economia de não pagar spread, tarifas de emissão do cartão, abertura de conta, manutenção ou inatividade.
Segundo a Wise, o cartão da companhia permite comprar de maneira até sete vezes mais barata se comparada com o uso de outros cartões de crédito internacionais do mercado.
Além disso, a Wise também garante ter "o atual menor custo de conversão entre o real e a moeda estrangeira - para dólares americanos, por exemplo, o custo de conversão é de apenas 1%".
Vale mais a pena comprar em cartão ou com dinheiro no Exterior?
Segundo a economista e especialista em finanças, Juliana Barbosa, comprar a moeda em espécie sairá mais barato devido ao IOF de 1,1%.
"Porém, têm algumas situações que devem ser consideradas. Primeiro, você precisa já ter o valor em mãos antes da viagem. Segundo, tem a questão do risco de viajar com valores em espécie em virtude de perda e roubo", pondera.
"Já o cartão de crédito traz comodidade de precisar manusear o dinheiro, poder postergar as compras e pagar somente no vencimento da fatura. Mas, em contrapartida, paga um IOF bem mais alto, de 6,38%", diz, exemplificando a taxa média doas bancos tradicionais.