Mercado recebe bem o sucessor de Mansueto, mas seguirá alerta

Segundo o presidente do Corecon-CE, o próximo secretário do Tesouro Nacional terá de mostrar que está dando seguimento à agenda de reformas e ajuste fiscal de Almeida, mas adaptação não será rápida

Escrito por Redação , negocios@svm.com.br
Legenda: Bruno Funchal assumirá o lugar de Mansueto Almeida

A transição no cargo de secretário do Tesouro Nacional, ocupado por Mansueto Almeida, será observada de perto pelo mercado, que vai esperar sinalizações de sequência de trabalho por parte do sucessor. De acordo com o presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE) Ricardo Coimbra, o nome escolhido pelo ministro Paulo Guedes (Economia) não deverá ter o mesmo impacto do atual líder do Tesouro, mas poderá contornar qualquer desconfiança no médio e longo prazos se mantiver a agenda defendida por Almeida.

Bruno Funchal, que já integra os quadros do Ministério da Economia, deverá assumir a Secretaria do Tesouro até o começo de agosto. E a mudança, segundo Coimbra, representa uma grande perda para o Governo Federal, uma vez que Mansueto Almeida era considerado o segundo nome mais forte depois de Guedes. Além disso, Mansueto sempre foi visto como uma peça importante na articulação das pautas econômicas com o Congresso, tendo boa relação com os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

"É uma grande perda. Ele se preocupava muito com a questão fiscal, ajudando as reformas tributária e da Previdência. Mansueto tinha um trânsito muito bom com o Congresso e era uma figura muito forte na busca por essa questão fiscal mais equilibrada. As pessoas até indicavam que Mansueto poderia assumir a Economia, caso o Guedes saísse", avaliou Coimbra.

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Contudo, o presidente do Corecon-CE afirmou que o mercado recebeu bem o anúncio de Funchal, considerando a velocidade com que foi feito pelo ministro Paulo Guedes e pela indicação de que a agenda de reformas e os ajustes fiscais defendidos por Almeida deverão ser continuados.

Resposta

"O anúncio foi feito muito rapidamente e o mercado viu com bons olhos a escolha do sucessor, já que ele deverá continuar a agenda do Mansueto. O mercado estava em baixa e deu uma recuperada boa e isso já é positivo", disse.

Tendo iniciado com uma queda de quase 3%, o Ibovespa - principal índice da bolsa de valores brasileira - fechou com um leve recuo de 0,45%. Mas esse acompanhamento da sucessão de Mansueto deverá ser feito de forma constante pelo mercado.

Na quarta-feira (17), os agentes deverão estar focados na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e uma possível redução da na taxa básica de juros. "Precisamos acompanhar bem como será andamento (da sucessão de Mansueto), e já devemos ter uma redução da Selic, então a pauta econômica deverá continuar no mesmo tom", disse Coimbra.

Reformas

O presidente do Corecon-CE ainda comentou que a agenda de reformas precisará ter andamento enquanto Funchal estiver à frente do Tesouro Nacional, mas que o impacto do novo secretário deverá ser menor do que o de Mansueto.

"No curto prazo, temos uma perda muito grande com a saída de Mansueto, então o Bruno Funchal terá de mostrar um empenho para suprir essa capacidade de articulação", disse Coimbra.

"O que se espera é que esse sucessor venha no mesmo direcionamento e com as mesmas propostas do ajuste das contas públicas e assim ele consiga suprir a saída do Mansueto", completou.

Futuro

Ricardo também comentou que a expectativa é que Mansueto assuma, de fato, um cargo na iniciativa privada já que ele sempre foi visto como um quadro muito técnico relacionado à economia nacional.

Contudo, Mansueto deverá cumprir uma quarentena de seis meses antes de assumir o compromisso com uma empresa privada para evitar que ele tenha informações privilegiadas relacionadas. Para suprir esse intervalo, ele deverá receber uma remuneração do Governo pelo período.

 

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