A saída do economista cearense Mansueto Almeida da Secretaria do Tesouro Nacional deverá impor ao governo federal mais desafios em relação à agenda econômica no Congresso Nacional, principalmente nas reformas. Um dos fiadores da política fiscal do governo, Almeida tem credibilidade no mercado e é conhecido pela habilidade em dialogar com os líderes do Congresso Nacional.
Mansueto reforça o compromisso do governo com o ajuste fiscal, mas será uma dor de cabeça a mais para o ministro da Economia, Paulo Guedes. Não se pode dizer, entretanto, que foi uma surpresa. O ministro já sabia do desejo de Mansueto de retornar ao setor privado. A pedido de Guedes, entretanto, o cearense foi permanecendo no governo.
A relação entre Mansueto e Guedes segue boa, sem arranhões. Uma fonte próxima do secretário do Tesouro disse a esta coluna que uma das possibilidades para o cearense seria ocupar cargo importante em bancos multilaterais. A empreitada obrigaria Mansueto a morar fora do Brasil, o que não é possível no momento por questões familiares.
Transição
O secretário do Tesouro Nacional considera fundamental que o novo nome para a pasta já esteja ambientado e confortável na cadeira para tocar a agenda de reformas em meio a um cenário difícil para a economia e para a política no pós-coronavírus. Ele vai ficar no cargo, pelo tempo necessário, durante o período da transição.
Do ponto de vista político, com a saída, o governo perde um técnico com capacidade de articulação. Mansueto mantém boa relação com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, o que é fundamental para a agenda que o Executivo precisa tocar no Legislativo.