Bolsa vive montanha-russa e sobe 2,7% após o tombo de mais de 3% da véspera

O dólar, apenas nesta quinta, foi da máxima de R$ 4 até R$ 3,90 no mesmo pregão. O Ibovespa, principal índice do mercado acionário, ganhou 2,70%, a 94.388 pontos

Escrito por Redação ,
Legenda: O Ibovespa, principal índice do mercado acionário, ganhou 2,70%, a 94.388 pontos. O giro financeiro voltou a superar a média diária do ano, a R$ 17,4 bilhões

A Bolsa brasileira entrou no modo montanha-russa com alta de 2,7% desta quinta-feira (28), depois da perda de mais de 3% na véspera. Para analistas, nenhuma dessas oscilações bruscas se justifica, mas elas refletem as incertezas políticas, que agora começam a se dissipar. O dólar, apenas nesta quinta, foi da máxima de R$ 4 até R$ 3,90 no mesmo pregão.

No fechamento do mercado, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara escolheu Marcelo Freitas (PSL) relator da reforma da Previdência, após atraso causado pelos atritos entre o governo Jair Bolsonaro (PSL) e o Congresso.

Foi a notícia positiva que coroou um dia de sinalizações de trégua entre os poderes após mais de uma semana de disputa. Na véspera, Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reeditaram trocas de acusações que ganharam força no final de semana.

O Ibovespa, principal índice do mercado acionário, ganhou 2,70%, a 94.388 pontos. O giro financeiro voltou a superar a média diária do ano, a R$ 17,4 bilhões.
"Houve um exagero ontem. As pessoas começaram a comprar a ideia de que Paulo Guedes [ministro da Economia] iria sair, sendo que ele frisou que não sairia na primeira derrota. Hoje, temos a reposição deste exagero. Não é uma reversão quanto à preocupação", afirma Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos.
Guedes continua sendo a referência do mercado financeiro para a reforma da Previdência e atrai as atenções de investidores em meio ao ruído político.

"Foi um engasgo nessa semana, que a gente esperava que aconteceria. O que não esperava é que seria ainda na CCJ, que é só pré-temporada, não o campeonato", diz Evandro Buccini, da Rio Bravo Investimentos.

Para ele, o mercado segue confiante na aprovação da reforma da Previdência. As dúvidas estão concentradas no prazo e também no tamanho da economia, que no projeto inicial é de R$ 1,1 trilhão em dez anos.

Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset também não duvida da aprovação das novas regras para aposentadorias. "O timing da política sempre é inferior ao dos investidores, e pelo que nós entendemos o Paulo Guedes tem pressa de investidor", diz Vieira. Para ele, porém, o governo se perde em uma crise frívola.No exterior, as Bolsas europeias fecharam o dia sem direção definida, enquanto as americanas terminaram com ganhos moderados.

O dólar terminou o dia de volta no patamar de R$ 3,90, após começar o pregão acima dos R$ 4. O Banco Central chegou a intervir no mercado colocando US$ 1 bilhão em leilões de linha (venda com compromisso de recompra de moeda) para conter as oscilações bruscas.

"Se a reforma da Previdência fosse aprovada com a mesma velocidade que foi aprovado o Orçamento impositivo [uma derrota do governo na Câmara], o dólar estaria a R$ 3,60. Esta alta é apenas uma onda política, já que a taxa de juros está baixa e o Brasil tem uma grande reserva", afirma Fernanda Consorte, estrategista de câmbio do Banco Ourinvest.

A moeda terminou o dia cotada a R$ 3,9160, queda de 0,98%. No exterior, o dia foi negativo para a maioria das divisas emergentes.

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