Alimentos e transporte: alta no preços faz prévia da inflação em Fortaleza crescer

Especialista aponta que mesmo com a redução do benefício do auxílio emergencial, neste primeiro momento, o potencial de consumo das famílias não será afetado

Escrito por Redação ,
Legenda: O óleo de soja foi o que mais inflacionou no período, com alta de 20,79%
Foto: Kid Junior

Com a elevação dos preços dos itens de alimentação e combustíveis, a prévia da inflação de Fortaleza em setembro cresceu 0,57% e lidera como a maior prévia do País no mês. O resultado também é o mais elevado desde fevereiro deste ano, quando o índice apontava uma inflação de 0,48%. Os dados são referentes a pesquisa Índice do Consumidor Amplo  15 (IPCA-15), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (23). 

O aumento dos preços tem sido uma das principais queixas dos consumidores na Capital. Dentre todos os itens pesquisados pelo IBGE, o óleo de soja foi o que  mais inflacionou no período, com alta de 20,79%. O economista Alex Araújo pontua que este resultado já era esperado, pois o mercado já vinha especulando sobre a pressão que o segmento de alimentação estava fazendo na inflação.

" Em média, nós temos 55% do orçamento familiar no Nordeste dedicado para os gastos básicos, isso tem um peso muito grande no orçamento. Enquanto mais baixo for o nível de renda da família, mais o aumento da inflação vai afetar, principalmente, as famílias mais pobres", comenta.

Veja os produtos que mais inflacionaram:

  • Óleo de soja: 20,79%
  • Leite: 9,56%
  • Feijão fradinho: 7,42%
  • Arroz: 7,42%
  • Queijo: 7,06%
  • Farinha de mandioca: 6,32%
  • Linguiça: 6,26%
  • Carne de porco: 5,80%
  • Biscoito: 4,46%

Araújo pontua que parte desse aumento foi resultado do cenário internacional, principalmente pela alta do dólar. Aliado a isso, está o baixo nível de estoques do Brasil. De janeiro a setembro, a inflação dos alimentos em Fortaleza, acumula uma alta de 9,31%.

Outro item que também impactou o resultado da prévia foram os combustíveis. De acordo com a pesquisa, o grupo transportes apresentou uma inflação de 1,54% no período. Os combustíveis encareceram 4,84% na prévia do mês, com destaque para a gasolina que inflacionou 5,09% .Outro item que também contribuiu para o resultado foram as passagens áreas, com crescimento de 7,42%.

Auxílio Emergencial

O economista comenta que a redução pela metade do benefício do auxílio emergencial não irá impactar no consumo de itens básicos das famílias neste primeiro momento. Ele explica que estudos acadêmicos pontuam que, 40% do total do benefício é destinado para os gastos essenciais.

"Hoje a gente vê artigos acadêmicos que mostram que apenas 40% dos valores são dedicados para compra dos itens básicos, os outros 60% são destinados para pagamento de dívidas e reservas de poupança. As pessoas começaram a fazer reserva para se prevenir em relação a situações futuras", comenta. 

Araújo avalia que a redução poderá impactar no número de pessoas em situação de inadimplência, já que a alimentação vem em primeiro lugar por ser um gasto essencial.

"Essa redução, no primeiro momento, não deve afetar o consumo, mas sim o pagamento de dívidas, podendo elevar o número de pessoas em situação de inadimplência, pois a alimentação é um gasto essencial. Além disso, a questão das reservas financeiras das famílias também poderão reduzir", diz.

Outros grupos

Dos 9 grupos pesquisados pelo IBGE, apenas dois apresentaram deflação na prévia de setembro, sendo eles: saúde e cuidados pessoais (0,55%) e despesas pessoais (0,12%). O grupo educação se manteve estável, sem indicar nenhuma variação, assim como o grupo habitação.

Em Fortaleza, tiveram alta os grupos: transporte (1,54%), alimentação (1,26%), vestuário (0,84%), artigos de residência (0,66%) e comunicação (0,43%). Com o resultado,a Capital acumula a inflação de 2,42% no ano e 3,30% nos últimos 12 meses.

 

 

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