Quase metade das pessoas que morreram no Ceará de Covid tinham alguma comorbidade

O número de óbitos associados a alguma doença pré-existente superou os 5 mil; pacientes com doença cardiovascular crônica e diabetes estão entre os que mais morrem por Covid-19

Escrito por Redação ,
Legenda: Pacientes com comorbidades têm maior risco de agravamento dos sintomas de Covid-19
Foto: Helene Santos

Das mais de 12 mil mortes causadas pela Covid-19 no Ceará, pelo menos 5,4 mil foram de pacientes com comorbidades. O número representa 43,37% do total de óbitos no estado, até o momento. Os dados são do IntegraSUS, atualizados às 17h50 desta terça-feira (16).

Na Capital, mais de 2,3 mil pessoas que morreram tinham alguma comorbidade - um total de 37,71% das mortes de Fortaleza. 

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As principais doenças associadas aos óbitos causados pela Covid-19 são a doença cardiovascular crônica - com mais de 3,4 mil óbitos - e a diabetes mellitus - com quase 2,8 mil mortes. Por outro lado, pacientes com as doenças hematológica crônica e hepática crônica, assim como o asma, têm os menores percentuais de óbitos no Ceará.

"Precisamos reforçar que as pessoas com comorbidades precisam ter um cuidado extra", explica a infectologista Mariana Moura. Doenças pré-existentes favorecem o agravamento do quadro clínico do paciente - aumentando, inclusive, o risco de morte. Foi o caso da mãe de Gleiciane Ferreira da Silva.

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Com 65 anos, Francisca Ferreira da Silva tinha diabetes e hipertensão. Ela foi internada no início deste ano, após sentir falta de ar no dia 2 de janeiro. Levada à UPA do Bom Jardim, teve que ser entubada ainda na unidade de saúde e teve que ser levada para a UTI do Hospital Leonardo da Vinci. Contudo, ela não resistiu e faleceu no dia 25 de janeiro. 

“Foi uma doença em cima da outra, uma agravando a outra”, explica Gleiciane. Antes do teste positivo para Covid-19, os médicos haviam identificado uma pneumonia. Além disso, em outubro do ano passado, Francisca também havia sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC). 

“A nossa esperança era receber boas notícias, (...) porque o doutor sempre dizia que ela estava estável e bem”, afirma Gleiciane. “Para a gente foi um grande sofrimento”. 

Cuidados redobrados 

Pessoas com doenças listadas como condições de risco para a Covid-19 devem ter um cuidado fundamental, aponta Moura: a manutenção dos tratamentos para a doença. "Os medicamentos não devem ser interrompidos", completa. 

Com a suspensão de consultas ambulatoriais pelo Sistema Único de Saúde, além da dificuldade para marcação mesmo em planos de saúde e atendimentos particulares, quem possui uma das condições deve ficar atento para não permitir nenhuma interrupção do tratamento. 

A prevenção, completa ela, também é fundamental para este grupo de risco. "Tem que ter cuidado extra. Só sair de casa se for realmente necessário, máscara e higienização. No trabalho, precisam ser realocadas para atividades a distância", elenca. 

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A infectologista alerta, no entanto, que o número de pacientes que vieram a óbito e não possuíam nenhuma comorbidade ainda é alto. "Tudo pode ser pior em quem tem doenças pré-existentes, mas nesse momento pessoas fora desse grupo de risco têm sido afetadas de forma grave", explica.

"Nós não temos como prever como a doença vai evoluir em cada indivíduo. Uma preocupação que aumenta por conta da segunda onda da pandemia no Ceará.

"Agora temos mais contágios, muitos casos graves. Parece estar sendo pior (do que a primeira onda). Internações longas, muito tempo em uso de oxigênio e alguns pacientes ainda saem com sequelas", relata. 

Prioridade na vacinação

Pessoas com comorbidades são um dos grupos prioritários na fila da vacinação. Pacientes com alguma destas doenças têm mais probabilidade de desenvolver formas graves ou até evoluir a óbito, se infectada pelo coronavírus. 

O Plano de Operacionalização da Vacinação, elaborado pelo Governo do Estado, estima que 627.572 cearenses tenham alguma doença pré-existente e, portanto, se encaixem entre as prioridades para a 3ª fase de imunização, planejada para ser executada em abril e maio de 2021.

 

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