Número de assistentes sociais em UPAs de Fortaleza mais que dobrou durante a pandemia

Maior pressão assistencial na rede pública de saúde elevou demanda por profissionais da área nas nove Unidades de Pronto Atendimento administradas pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH)

Escrito por Redação ,
Legenda: Com a pandemia, assistentes sociais passaram a ser incluídos nos plantões noturnos das UPAs
Foto: Divulgação/ISGH

A pandemia de Covid-19 provocou várias mudanças, inclusive na rede assistencial de saúde do Ceará. O número de assistentes sociais atuando nas nove Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) administradas pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), por exemplo, mais que dobrou durante o período pandêmico.  

De acordo com a assistente social e coordenadora de Serviço Social das UPAs, Danielle Cláudio de Brito, antes da pandemia, havia 29 assistentes sociais fixos nos nove equipamentos de saúde. Devido à alta demanda, esse número saltou para 62, resultando em um aumento de 113,79%.   

Ao contrário do que ocorria antes, as Unidades de Pronto Atendimento passaram a ter profissionais da área em seus quadros durante 24 horas.

“Como não se pode dizer que as UPAS são hospitais, então não têm assistente social à noite. Mas, com a pandemia, com o grande número de pacientes, das demandas que aumentaram consideravelmente, foi realmente necessário ter assistente social à noite”. 

Por serem unidades pré-hospitalares, as UPAs da Praia do Futuro e da Messejana também necessitaram de mais assistentes sociais, soma. 

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Ampliação “temporária” 

Apesar do incremento, a ampliação do quadro de funcionários nas nove UPAS geridas pelo ISGH é “temporária”. Segundo Danielle, as contratações serão proporcionais à demanda. 

“[Foi] mínima, mas a gente teve uma redução de pacientes internados com Covid. Então, como são contratos temporários, essas assistentes sociais que se somaram às fixas vão permanecer até setembro, acredito eu”. A estimativa é que o quadro inicial - com 29 profissionais - retorne, tão logo acabe a pandemia.  

“Se for percebido que, até setembro, [vai ocorrer] novamente o aumento das demandas de Covid, aí, com certeza” será mantida ou reforçada a ampliação das contratações, garante a coordenadora de Serviço Social das UPAs.  

Mais acolhimento e humanização no atendimento

O serviço de Assistência Social é oferecido aos pacientes das UPAs de Fortaleza desde 2012. Esses profissionais são responsáveis por acolher o paciente e dar suporte às famílias.

Os assistentes sociais articulam possíveis visitas de familiares, explicam as normas da unidade, promovem uma rede socioassistencial e atuam quando há violação de direitos do paciente, fazendo a denúncia aos órgãos competentes, conforme cada caso. 

Legenda: Coordenadora de Serviço Social das UPAs, Danielle Brito também é assistente social lotada na UPA do Itaperi
Foto: Munique Freitas

“Quando chega uma paciente mulher com traços de violência doméstica, por exemplo, nós orientamos e direcionamos para a Delegacia da Mulher. No caso de violência contra a criança, direcionamos para o Conselho Tutelar. Também contamos com o apoio do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e do Centro de Referência de Assistência Social (Cras)".  

Os profissionais também auxiliam em casos de pacientes que chegam sem nenhum familiar, investigando os dados pessoais para encontrar algum parente. E alinham fluxos, rotinas e protocolos com os profissionais que atuam na linha de frente para garantir eficácia e maior acolhimento durante os atendimentos.   

A equipe de assistentes sociais participa da reabilitação de pacientes com Covid-19, promovendo, sempre que possível, momentos de maior humanização

Pra ter uma comunicação com a família, nós realizávamos e realizamos chamadas de vídeo pra amenizar aquela angústia, aquela saudade, aquela sensação de abandono que o paciente às vezes fica. [Com isso], a gente verificava uma melhora do quadro [de saúde] daquele paciente”
Danielle Cláudio de Brito
Assistente social e coordenadora de Serviço Social das UPAs

Para Danielle, o diferencial do trabalho de um assistente social está na mediação. “A gente faz essa mediação entre família do paciente, equipe médica e equipe de enfermagem. Principalmente na questão da comunicação sobre o quadro clínico daquele paciente. A gente organiza horários, planilhas com os contatos dos familiares, dá um suporte aos médicos. A gente faz todo esse acolhimento em um momento complexo para a família”. 

UPAs geridas pelo ISGH  

O Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar gere nove Unidades de Pronto Atendimento na Capital cearense, sendo seis do Governo do Estado do Ceará e três da Prefeitura Municipal de Fortaleza. São elas:

  • UPA Praia do Futuro
  • UPA Messejana
  • UPA Autran Nunes
  • UPA Canindezinho
  • UPA José Walter
  • UPA Conjunto Ceará
  • UPA Itaperi
  • UPA Jangurussu
  • UPA Cristo Redentor

 

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