A Covid-19 avança simultaneamente em várias regiões do Ceará, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), desafiando as estruturas de atendimento da doença. Mesmo nesse cenário, 13 das 19 cidades da Região Metropolitana de Fortaleza não fornecem informações sobre leitos específicos de internação, sejam Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) ou enfermarias, segundo a plataforma IntegraSUS, da Sesa.
Além da Capital, há leitos disponíveis, em maior ou menor quantidade, em Aquiraz, Caucaia, Maracanaú, Maranguape e Paracuru. Algumas dessas redes, contudo, já estão no limite: na última segunda (1º), todos os leitos de UTI em Caucaia, Maracanaú e Maranguape estavam ocupados. Somente essas três e Fortaleza contam com UTIs, destinadas a pacientes com quadros mais graves.
Outras cidades, mesmo sem leitos específicos, contam com estruturas de observação em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs): Cascavel, Eusébio, Horizonte, Pacatuba e São Gonçalo do Amarante.
No entanto, as UPAs do Brasil inteiro não locais para manter internações, conforme resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), mas sim espaços onde os pacientes aguardam regulação para hospitais.
Segundo o IntegraSUS, sete cidades estão totalmente descobertas, seja pela ausência de leitos de internação ou UPAs. São elas Guaiúba, Itaitinga, Pacajus, Paraipaba, Pindoretama, São Luís do Curu e Trairi.
As Prefeituras consultadas pelo Diário do Nordeste informaram que nem todos os leitos disponibilizados para atendimento à doença constam na plataforma da Sesa; outras alegaram que estão em processo de aquisição e instalação dos equipamentos.
Pacajus, por exemplo, informou que o Hospital Municipal José Maria Philomeno Gomes oferece 17 leitos de internação clínica, dois deles com ventiladores mecânicos, "além da estrutura que foi totalmente reformada em 2020". De acordo com o hospital, a ocupação na última terça (2) era de cerca de 40%. A unidade não é listada no IntegraSUS.
Avanço nos óbitos
No Eusébio, onde o número de novos casos quase duplicou nos dois primeiros meses deste ano, em comparação com o último bimestre de 2020, a Prefeitura Municipal informou que está se articulando para instalar 20 leitos no Hospital Municipal Dr. Amadeu Sá.
Ao todo, serão 10 UTIs e 10 enfermarias, obtidas em parceria com o Governo do Estado e o Ministério da Saúde. Por enquanto, diz a Prefeitura, “o município busca regulação para atender pacientes junto ao Governo do Estado”.
Ao contrário do que consta no IntegraSUS, São Gonçalo do Amarante garantiu que dispõe de 20 leitos de internação clínica reservados para a Covid-19 e, através do Comitê Municipal de Enfrentamento à doença, “estuda a possibilidade de abertura de leitos de UTI”.
A gestão disse ainda que pacientes em estado grave “são inseridos na Central de Regulação do Estado e transferidos para Fortaleza, geralmente para o Hospital Leonardo da Vinci”.
Os óbitos na cidade aumentaram 133%: de seis, em novembro e dezembro, para 14, em janeiro e fevereiro.
Transferência para Fortaleza
A Secretaria da Saúde de Cascavel reiterou que pacientes com sintomas da Covid-19 são atendidos na UPA da cidade, que dispõe de 10 respiradores e leitos de observação.
A Pasta disse ainda que o município aguarda a abertura de 10 leitos de atendimento à Covid no Hospital Nossa Senhora das Graças.
“O hospital ainda não disponibilizou esses leitos na Central de Regulação devido à dificuldade de aquisição de equipamentos. Em necessidade de transferência, é feita a regulação para hospitais de referência em Fortaleza”, completa.
Nos meses finais de 2020, apenas uma pessoa morreu por Covid-19 em Cascavel. Em janeiro e fevereiro deste ano, foram quatro.
Casos graves de Itaitinga, geralmente, também são transferidos para a Capital. Segundo a Prefeitura, o município habilitou seis leitos clínicos para Covid. Por lá, os casos cresceram 116% nos últimos dois meses - passaram de 256, em novembro e dezembro, para 552, em janeiro e fevereiro.
“Não temos UTI. Os casos clínicos temos condições de atender. Sábado passado fizemos uma capacitação com os profissionais que estão atuando na linha de frente”, destaca a secretária de saúde, Dulce Viana.
Mais leitos na rede estadual
A reportagem tenta contato com a Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), desde a última segunda-feira (1º), para tratar sobre a preparação da estrutura de saúde dos municípios diante do aumento de casos, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
Em âmbito estadual, o Governo do Ceará já ativou 824 leitos de UTI e 2.287 de enfermaria, até ontem. A expansão de equipamentos segue até o fim de março, quando a meta é alcançar 1.074 UTIs e 2.600 enfermarias em todo o Estado.