Minisséries na Netflix e no Globoplay relembram tragédia da Boate Kiss 10 anos depois

Incêndio deixou 242 pessoas mortas e mais de 600 feridos. Em uma década, caso avançou lentamente na Justiça

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Boate Kiss
Legenda: Tragédia da Boate Kiss completou dez anos em janeiro deste ano
Foto: Agência Brasil

A tragédia da Boate Kiss, que ficava na cidade gaúcha de Santa Maria, completa 10 anos nesta sexta-feira (27). Em uma década, o caso avançou lentamente na Justiça, para o sofrimento dos familiares e amigos das 242 vítimas do incêndio e dos mais de 600 feridos daquela noite.

A data chega com duas minisséries, da Netflix e do Globoplay, cada uma com cinco episódios, que tratam do acontecimento considerado a maior tragédia em uma casa de shows do País - e uma das maiores do mundo.

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Todo Dia a Mesma Noite, da Netflix, está disponível a partir desta quarta-feira (25). A minissérie é uma ficção baseada no livro de mesmo nome da jornalista Daniela Arbex.

"Acho que a ficção tem um poder único de conexão com o espectador, permite criar empatia e envolvimento emocional com os personagens, além de possibilitar que a gente veja essas pessoas em situações íntimas, coisas a que um documentário não teria acesso", diz Julia Rezende, diretora-geral, em entrevista ao Estadão.

O seriado acompanha quatro famílias cujos filhos morreram durante o incêndio e também participam de uma associação criada pelos parentes das vítimas. Thelmo Fernandes, Debora Lamm, Paulo Gorgulho, Raquel Karro, Bianca Byington e Leonardo Medeiros dão vida a esses pais que, desejosos de justiça, se unem para preservar a memória dos filhos e manter viva a lembrança da tragédia a fim de que ela não se repita. Todos eles são baseados em personagens reais.

"É muito importante que a gente conte essa história porque precisamos construir a memória coletiva do Brasil", afirma a jornalista Daniela Arbex, que fez consultoria criativa da minissérie.

Globoplay

Já no serviço de streaming da Globo, a história é contada a partir do trabalho do jornalista Marcelo Canellas, na série documental de cinco episódios Boate Kiss: A Tragédia de Santa Maria.

Jornalista há 35 anos, Canellas viveu infância, adolescência e início da vida adulta em Santa Maria, onde estudou jornalismo. "A minha ligação com a cidade fez com que eu mergulhasse nessa cobertura", conta.

Há dez anos, ele produz matérias que têm a tragédia como plano de fundo. Para a série documental, Canellas se uniu à TV OVO, um grupo de Santa Maria que trabalha há 25 anos com audiovisuais.

A série acompanha, principalmente, os pais das vítimas em 2021, pouco antes do júri, além dos 10 dias em que os quatro acusados, dois sócios da casa noturna e dois músicos, foram julgados. Os cinco episódios trazem o quadro atual do caso, cujo julgamento foi anulado, dando liberdade aos réus.

Assim como em Todo Dia a Mesma Noite, a série do Globoplay tem intenção de resgatar a história para que se possa cobrar por justiça. "Quando aconteceu o episódio, o Brasil e o mundo se comoveram, houve uma solidariedade máxima, mas com o passar do tempo há um distanciamento do episódio e as pessoas começam a cansar", lembra Canellas.

"A gente tem que acabar com a ideia de que o esquecimento é uma solução, ele só provoca a repetição dos erros", aponta o jornalista. Para ele, "é necessário enfrentar os esqueletos no armário".

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