Estudante cearense realiza sonho e competirá na Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica

Dentre milhares de alunos que estavam competindo, o estudante foi escolhido para compor a equipe de 15 brasileiros

Legenda: "Um dos objetivos da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) é despertar o interesse e a curiosidade dos estudantes para a ciência em geral, não só para a astronomia", explica o vice-coordenador da OBA Eugênio Reis.
Foto: Arquivo Pessoal

Ainda quando criança, o interesse pelo estudo e a curiosidade sobre o universo norteavam a trajetória de um menino cearense que, até então, sonhava em se tornar astronauta. Ualype de Andrade Uchoa, agora com 18 anos, não deixou de lado a sua motivação pelos astros celestes e conquistou uma vaga na equipe brasileira, composta por 15 alunos, para a Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica (IOAA, em inglês).

Eu sempre gostei muito de estudar, de olhar pro céu e de estudar o movimento dos corpos, o movimento das coisas. Eu sempre fui muito curioso, desde criancinha perguntava sobre os fenômenos que aconteciam ao meu redor e, conforme eu cresci, esse interesse e essa curiosidade só foram aumentando”
Ualype de Andrade Uchoa
Estudante

“Antigamente, eu comprava livros relacionados ao espaço e tudo mais e, quando eu era pequenininho, eu até falava pra todo mundo que queria ser astronauta, mas depois descobri que a carreira de astronauta não era muito a minha cara”, continua Uchoa, que hoje almeja cursar Física em alguma universidade do exterior.

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Legenda: Interesse pela Astronomia surgiu desde a infância, relata Ualype.
Foto: Arquivo Pessoal

Durante o segundo semestre de 2021, a equipe de brasileiros será dividida para participar de duas competições internacionais de astronomia. Em novembro, irá ocorrer a IOAA, com a presença de Ualype. Já entre outubro e novembro, acontecerá a Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica (OLAA).

Tudo começou com a OBA

Para garantir a vaga, o aluno cearense participou de um longo processo seletivo a partir da 23ª edição da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) em 2020. Segundo o vice-coordenador da competição e responsável pelo processo de seleção das equipes, Eugênio Reis, as etapas de escolha dos estudantes foram longas e muito difíceis.

“Para você ter uma ideia, no ano passado, foram convidados quase 10 mil estudantes para fazer as provas online. E aí quase 7 mil fizeram a primeira prova, depois baixou para em média 2 mil na segunda e assim vai… o número de estudantes vai caindo a cada prova, porque o nível das questões vai aumentando, a gente vai tornando as provas mais difíceis”, detalha.

A partir disso, conforme Reis, os 123 melhores estudantes foram convidados para fazer a prova de seleção de um treinamento das olimpíadas. Destes, 40 foram aprovados para o curso, “e desses 40 nós selecionamos 15 estudantes: são duas equipes que vão participar da Olimpíada Internacional e uma equipe que vai participar da Olimpíada Latino-Americana”. 

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Dedicação e oportunidade

Eugênio Reis relata também que o processo de estudos para as competições tem sido longo. “Esses estudantes tiveram aulas semanais, duas vezes por semana, de maio a agosto de 2021, com professores de universidades, astrônomos profissionais, etc. No meio dessas aulas, eles tiveram que fazer provas teóricas”.

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Legenda: "De uma maneira geral, estudar astronomia é gostar de ciências [...] e gostar de ciências é se desenvolver, é ser uma pessoa apta a tomar decisões sobre tecnologia, sobre pesquisa... estudar faz bem, melhora qualquer sociedade, né?", pontua Eugênio Reis da OBA.
Foto: Arquivo Pessoal

Apesar de requerer um grande esforço, o vice-coordenador explica que os resultados são excelentes. “O ganho para eles é enorme, quer dizer, o que eles já aprenderam nesse processo os habilita a fazerem a graduação que eles quiserem. Eles são estudantes muito dedicados, muito inteligentes, que certamente têm um futuro brilhante em qualquer área”

Outra vantagem é que algumas faculdades no Brasil oferecem vagas diretas para medalhistas, principalmente medalhistas internacionais, então eles não precisariam nem fazer o vestibular. [...] Então eu diria que o nosso treinamento prepara muito não só para a astronomia, mas para qualquer área que eles queiram se dedicar na graduação”
Eugênio Reis
Vice-coordenador da OBA

Além disso, o aluno Ualype de Andrade comenta que, depois de toda a sua dedicação, foi surpreendente receber o resultado positivo: “você vê todo o seu esforço sendo reconhecido. [...] É uma oportunidade incrível e uma honra total poder representar o Brasil nessas competições”. 

Eu tô feliz demais e às vezes eu não consigo nem expressar. É um prazer muito grande mesmo, um sonho realizado, ver ele se tornando realidade, depois de tantos anos de esforço, é algo sem igual, né?”
Ualype de Andrade Uchoa
Estudante

Compartilhar conhecimentos

O cearense pontua ainda que daqui para frente pretende se dedicar a compartilhar o seu conhecimento. “É muito legal você poder ajudar os outros, agora com mais propriedade, depois da experiência de ter estudado e passado por uma olimpíada internacional. Você poder mostrar pros outros qual é o caminho das pedras, o que eles podem fazer para chegar lá também”. 

“No fim, isso é uma das coisas mais importantes que existe… a gente não deve manter o conhecimento para si, sempre compartilhar com os outros para que mais pessoas possam ter essa mesma experiência da forma mais proveitosa possível”, continua.

Equilíbrio é essencial

Uchoa relembra ainda que o seu cotidiano de estudos o ajudou bastante no período. “A minha rotina de estudos sempre foi bem puxada, mas no geral eu nunca me cansei ao extremo. Eu sabia qual era a minha hora de parar e eu fazia questão de respeitar isso”.

O mais importante quando eu estudava era saber onde eu estava fraco, o que eu tinha que melhorar e definir uma meta para aquele dia”
Ualype de Andrade Uchoa
Estudante

Além disso, o menino ressalta que dedicar tempo ao lazer também foi crucial. “Ler livros não didáticos, também gosto muito de tocar guitarra, tocar gaita e jogar videogame com os meus amigos. Eu sempre gosto de intercalar o meu estudo com o lazer, frequentemente faço pausas, porque, se não fizer isso, pelo menos para mim, eu acho que ficaria louco. O equilíbrio é essencial na verdade”.


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