No segundo episódio do podcast “Isso Não Cai no Enem”, candidatos contam como enfrentam dificuldades de concentração e desequilíbrios emocionais provocados pela Covid-19
A pandemia de Covid-19 prejudica a preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 de inúmeras formas.
Com a migração dos estudos em sala de aula para o modelo remoto, os mais de 5,7 milhões de candidatos para o exame se veem diante de uma série de obstáculos extras como desequilíbrio emocional — devido, sobretudo, à pandemia e às novas configurações de rotina domiciliar decorrentes dela — e dificuldade em estabelecer e seguir um programa de estudos.
O próprio adiamento do exame de novembro deste ano para janeiro e fevereiro de 2021 fez com que uma parcela considerável dos inscritos pensasse, inclusive, em desistir da prova. Foi o que concluiu uma pesquisa do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), que apontou que 49% dos jovens que planejam fazer o Enem cogitaram a desistência devido à pandemia.
No segundo episódio do podcast “Isso Não Cai no Enem”, conduzido pela jornalista Lígia Costa, do EducaLab, os estudantes Aisha Paz, 18, e Kauan Silva, 17, das redes pública e privada de ensino do Ceará, respectivamente, contam como estão conseguindo estudar na atual conjuntura e narram as principais dificuldades sentidas nesse processo. Além deles, o vendedor João Pedro Lima, 22, que também vai concorrer a uma vaga no ensino superior pelo Enem, conta como tem conseguido aliar a rotina de trabalho aos estudos em casa.
Já era difícil para João Pedro mesmo antes da pandemia, visto que ele tinha de conciliar os horários do trabalho aos do curso preparatório para o Enem. O estudo remoto piorou a situação. No começo, ele diz, “não assisti todas as aulas porque eu não tinha Internet em casa”. Hoje, com uma conexão ainda não muito satisfatória, tem dado para dar conta.
“Tudo o que é novo assusta”
“Tudo o que é novo assusta mesmo a gente. Pra mim, foi difícil a adaptação, mas estamos aí. É o que nós temos. Não tem outro jeito, não tem aula presencial. Querendo ou não, temos que nos adaptar”, compreende o candidato.
Kauan, por sua vez, teve muita dificuldade em se concentrar nas aulas online devido às distrações de casa. Ele conta que driblou este obstáculo por meio de um aplicativo, o Forest, que ajuda a gerenciar o tempo e tornar o usuário menos dependente do celular. “Também comecei a praticar estudo inteligente através de uma mentoria. Fui aprendendo anotações práticas, resumos inteligentes…”, compartilha o estudante.
A pandemia e as consequências dela afetaram fortemente Aisha. “As notícias dos casos aumentando, os acontecimentos ao redor do mundo, as mortes... tudo isso te deixa bem nervoso. E, por eu já ter estudado bastante sobre doenças e sobre o impacto de pandemias, fiquei muito mal. Sou grupo de risco, minha avó é do grupo de risco e minha tia e minha mãe trabalhavam em lugares que tinham muito foco de pessoas”, narra a estudante. Isso fez com que ela perdesse motivação para os estudos. “Eu não tinha estabilidade emocional”, conta.
Métodos para superar as adversidades
Os três candidatos, porém, encontraram métodos próprios para continuar na competição. Kauan e João Pedro reestruturaram horários de rotina e estabeleceram metas diárias e Aisha montou um mural com colagens de lugares que quer conhecer e coisas que quer fazer.
“Acho que o certo é encontrar as coisas que te fazem querer alcançar suas metas. Porque uma meta é uma meta, mas a motivação por trás, o propósito... Pra mim, minha avó é a maior delas. Eu a amo muito. Toda vida que olho pra minha avó, a forma como ela sorri ou até a forma como chega cansada em casa, penso no quanto ela merece que eu chegue lá, no quanto ela merece que eu me esforce. Então, eu me esforço”, ensina a estudante terceiranista.
O que são podcasts?
O “Isso Não Cai no Enem” é um podcast produzido pelo EducaLab e realizado pelo Sistema Verdes Mares, com apoio do Governo do Ceará e da Universidade de Fortaleza. Está disponível nos principais agregadores de streaming.
Podcasts são materiais entregues em formato de áudio, muito semelhantes a programas de rádio. Porém, a diferença é que este conteúdo fica disponível para que o ouvinte escute quando e onde quiser. Não é ao vivo. São produzidos sob demanda.