Saiba qual o principal causador de bronquiolite e pneumonia em bebês e como prevenir doenças
O vírus respiratório tem maior transmissão durante o período chuvoso e está relacionado ao aumento da demanda por internações
Vírus Sincicial Respiratório. O nome soa estranho, mas muitas famílias são prejudicadas há anos pelo agente sem saber: cerca de 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias em crianças são causadas pelo VSR, conforme a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Esse vírus respiratório circula com mais intensidade durante o período chuvoso – entre fevereiro e maio no Ceará –, e pode afetar todas as faixa etárias, mas bebês de até 2 anos e, em especial, os menores de 6 meses, podem ser prejudicados de forma grave.
Entre os sinais de alerta, a falta de ar e de disposição são comuns nos casos em que os pequenos precisam de internação. As hospitalizações por bronquiolite no Estado, inclusive, cresceram 62% no último ano.
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O cenário da infecção respiratória no Brasil, com balanço de internações e perspectivas para 2024, foi debatido durante o lançamento da campanha “Bye, bye, bronquiolite”, nessa quinta-feira (14), em São Paulo, com a participação do Diário do Nordeste.
A iniciativa é promovida pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e pela biofarmacêutica AstraZeneca. Com dados do Ministério da Saúde, infectologistas evidenciam a relevância dos cuidados com os bebês para evitar a infecção por meio de medidas de higiene e de distanciamento.
Isso porque o VSR pode ser transmitido por contato direto, com pacientes contaminados a uma distância de 1,5 metro, ou de forma indireta ao tocar em lugares com o vírus presente, como maçanetas de portas.
O período de maior transmissão do VSR foi “bagunçado” pela pandemia, como consideram os infectologistas, porque os bebês voltaram a ter contato com o vírus após o período de isolamento na pandemia. A perspectiva para 2024 é que os casos se concentrem no período chuvoso.
Não existe vacinação contra o VSR aprovada para bebês – apenas para idosos –, mas um anticorpo pode ser aplicado mensalmente para os mais vulneráveis: prematuros, cardiopatas ou pacientes com doenças respiratórias crônicas.
Contudo, a vacinação contra a gripe e contra a Covid em crianças protegem o sistema imunológico e evitam agravos por doenças respiratórias, como analisa Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da SBP.
"O que chamou atenção muitas vezes foram as chamadas coinfecções: ao testar uma criança tinha positivo para vírus sincicial e para Covid ou influenza", aponta o médico sobre períodos de maior circulação viral.
Tem anos que a temporada é mais tímida, em outros é mais exuberante, uma característica do VSR é ter gravidade diferentes. Isso tem a ver com o tipo genético, do mesmo jeito que temos variantes da influenza e da Covid
Esse aspecto também é reforçado por Rosana Richtmann, infectologista no Instituto Emílio Ribas. "Se tem uma população no País hoje que é 100% vulnerável a Covid são as crianças, é como se elas tivessem em 2020 quando ninguém tinha anticorpos. Então, é muito importante a vacinação", conclui.
Impactos do VSR nas crianças
Rosana Richtmann contextualiza que a infecção pelo VSR tem impactos diferentes conforme a idade da criança. A especialista defende a vigilância dos vírus como importante para a estratégia de combate dos vírus respiratórios. A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), inclusive, realiza testes para acompanhar a situação.
"O vírus pode causar problemas agudos, como pneumonia e bronquiolite (de imediato), mas também problemas a médio prazo, como o chiado, e a longo prazo, na criança asmática", frisa sobre os riscos da infecção”, detalha.
O médico também frisa como evitar a contaminação pode proteger a saúde dos pequenos por muitos anos.
"Quanto menor a criança e mais grave foi essa bronquiolite, apresenta uma sequela no pulmão, os brônquios afetados acabam sendo reativos a outros vírus respiratórios. Então, se pega um resfriado tem maior recorrência do chiado (no peito)", destaca.
Tratamento e imunização
Apesar de não ter um imunizante para crianças, as unidades de saúde dispõem de um medicamento aplicado por meio de uma injeção no público prioritário.
“Hoje temos uma estratégia de prevenção que não é só lavar as mãos e usar máscara, mas temos um anticorpo específico para proteger esses bebês”, acrescenta Renato sobre o anticorpo Palivizumabe.
A substância não é uma vacina, mas induz a imunização dos pacientes em situação de vulnerabilidade. O Palivizumabe é indicado para prematuros, portadores de doenças cardíacas e pulmonares nos 2 primeiros anos de vida, independente da idade gestacional, podendo ser aplicado mensalmente com 5 doses para garantir a proteção.
Confira dicas de prevenção do VSR, causador da bronquiolite e da pneumonia:
- Higienizar as mãos com sabonetes ou álcool em gel;
- Evitar aglomerações com crianças e bebês;
- Isolar o contato com pessoas gripadas;
- Manter o aleitamento materno durante os primeiros dois anos de vida.