Marina Alves se diz 'tranquila e confiante' para realizar transplante de medula

Procedimento deve acontecer no fim da tarde desta terça-feira (5) em Fortaleza

Escrito por Carol Melo , calorina.melo@svm.com.br
Marina Alves com roupas de hospital ao lado de um aparelho em hospital
Legenda: Comunicadora foi diagnosticada com linfoma, tipo raro de câncer, em agosto de 2021
Foto: reprodução/redes sociais

O transplante de medula óssea da jornalista Marina Alves está previsto para acontecer no fim da tarde desta terça-feira (5), em Fortaleza. Ela foi diagnosticada com linfoma, tipo raro de câncer, em agosto de 2021. Durante a campanha para encontrar um doador compatível, descobriu a existência de uma irmã, que doou o material genético.

"Estou tranquila. Pensei que à medida que o tempo fosse passando ficaria mais ansiosa, mas, na verdade, hoje me sinto muito tranquila e muito confiante. Conversei com os médicos, sei exatamente tudo que vai acontecer, então isso me acalma."
Marina Alves
Jornalista

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A comunicadora foi internada no último dia 28 de março e estava sendo submetida a novas sessões de quimioterapia, as mais intensas desde o início do tratamento, conforme explicou o hematologista Paulo Roberto Souza, responsável pelo tratamento do câncer na jornalista.

“A finalidade [desse procedimento] é de como se a gente fosse 'resetar', zerar a medula da Marina, tentando também pegar, através dessa quimioterapia forte, alguma célula do tumor sobrando, que esteja indetectável nos exames.”

Horário de transplante foi adiado

Conforme a repórter da TV Verdes Mares, inicialmente o procedimento estava previsto para acontecer durante esta manhã. No entanto, devido à quantidade insuficiente de células-tronco colhidas da técnica de enfermagem Lumara Sousa, na segunda-feira (4), o procedimento foi adiado

"A gente já sabia que poderia acontecer isso. Não foi retirado o tanto de células que necessitava para o transplante, então hoje a gente tem que fazer uma nova coleta, mas não foi nada que deu errado, a gente já estava esperando que isso pudesse acontecer", explica Lumara. 

Marina Alves e irmã Lumara Sousa
Legenda: A profissional de saúde doará a medula óssea para a repórter, que enfrenta um linfoma agressivo desde 2021
Foto: arquivo pessoal

Ela está internada na unidade hospitalar desde o último domingo (3), e vinha sendo submetida a um tratamento para aumentar a produção do material genético. Com o resultado da primeira coleta, a medicação foi intensificada e Lumara realizou uma segunda coleta no fim da manhã desta terça-feira. 

"Ontem foi o meu grande dia, que foi o dia da coleta, e hoje é o grande dia da Marina. Meu coração está muito grato a Deus por tudo que está acontecendo e estou pedindo a cada dia para Ele continuar abençoando. Agora é torcer para dar tudo certo."
Lumara Sousa
Técnica de enfermagem

Ela e a irmã estão no mesmo hospital, mas não puderam ter contato pessoalmente devido aos protocolos que envolvem o procedimento, mas continuaram se comunicando por ligações e por mensagens. A técnica de enfermagem deve receber alta na quarta-feira (6). 

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Como funciona o transplante de medula

O processo de transplante de medula óssea é realizado como uma transfusão de sangue, esclareceu o hematologista Paulo Roberto Souza.

“Transplante de medula óssea é muito mais como se o paciente recebesse uma transfusão de sangue, do que como se o paciente a recebesse durante uma cirurgia. Na verdade, o ato do recebimento das células do doador, que é o transplante em si, o paciente recebe pela veia, através de um cateter.”    
Paulo Roberto Souza
Hematologista

Atualmente, o linfoma da jornalista está em estado de remissão — não é detectado em exames —, no entanto, como explicou o especialista, as estatísticas demonstram, que devido à gravidade do tipo da doença, os pacientes que receberam uma nova medula têm mais chances de cura a longo prazo.  

“É necessário, no caso da Marina, haver um transplante porque o tipo de linfoma que ela tem é considerado bastante agressivo. Se a gente não fizesse o transplante, haveria um risco maior da doença voltar, do que ela não voltar.”
Paulo Roberto Souza
Hematologista
 

Após o transplante ser realizado, a repórter continuará no hospital por alguns dias, período em que os profissionais de saúde devem analisar se a nova medula foi integrada ao corpo da paciente. Com a evolução positiva do caso, ela poderá retornar para casa, mas, por pelo menos um ano após o procedimento, terá que ser acompanhada de perto pelos médicos e usar medicação específica.  

Legenda: A irmã de Marina, Lumara Sousa, foi internada para o transplante
Foto: Reprodução/Instagram

“Como ela está recebendo material genético de outra pessoa, apesar da compatibilidade que foi detectada e que permitiu o transplante, Marina precisará usar medicações imunossupressoras, por cerca de 12 meses. Essas substâncias visam que o corpo dela e as células novas entrem em equilíbrio, para que nenhum rejeite o outro”, explicou o médico. 

‘Renascimento’ 

Marina Alves
Legenda: Marina acredita ser obra de Deus ter encontrado irmã, após acreditar ser filha única
Foto: reprodução/redes sociais

Devido ao quadro de imunossupressão, Marina terá que redobrar os cuidados para evitar contrair doenças infecciosas, como gripes e a própria Covid-19, já que o sistema imunológico estará fragilizado. Na verdade, como esclareceu Paulo Roberto Souza, todos os anticorpos acumulados ao longo da vida serão perdidos, logo Marina terá que receber todas as vacinas anteriormente tomadas por ela, desde quando era bebê.   

“O transplante de medula zera, 'reseta', é como se [o paciente] voltasse a ser um recém-nascido, como se fosse um computador que você formatou e o HD está vazio. Então, se a Marina já teve catapora, teve caxumba, isso foi com a outra medula. Agora, nessa fase nova, [com a medula doada] ela precisa ser revacinada e isso acontece de maneira gradativa".

O hematologista ainda explicou que, após o transplante, a repórter ainda não poderá ser considerada curada da doença, algo que só deve acontecer com a evolução do quadro clínico após a infusão das novas células. “É com o tempo, com o andamento do transplante e também a resposta sustentada ao procedimento, que definirá se ela estará curada”, detalha.   

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