Empresas vão se adequar ao novo perfil dos clientes

Empreendimentos que já geram energia e estão conectados ao sistema poderão utilizar as redes inteligentes

Escrito por Redação ,
Legenda: Enel Ceará vem usando medidores digitais como uma forma de fazer com que os consumidores tenham uma postura ativa na gestão de energia
Foto: Foto: C.J.

Estado com o terceiro maior potencial instalado de geração distribuída (615 MW) do País, o Ceará larga na frente na implantação de redes inteligentes. E assim como ocorreu no Alphaville Fortaleza, outros empreendimentos que hoje já fazem sua própria geração e que estão conectados à rede de distribuição da Enel poderão implantar sistemas inteligentes conforme a tecnologia vá avançando.

Para o consultor em energia João Mamede, a tendência é que, diante de consumidores mais exigentes, as redes inteligentes comecem a fazer parte do planejamento de médio e longo prazo das empresas de distribuição. "Mas, dado ao elevado custo de implantação desses sistemas, creio que a sua utilização deve ocorrer primeiramente em áreas de maior adensamento de carga, visando os grandes consumidores e que exijam uma maior confiabilidade e continuidade do serviço", diz. As baterias que estão sendo instaladas no Alphaville, por exemplo, são capazes de armazenar energia suficiente para um mês de consumo.

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Num primeiro momento, o sistema poderia ser utilizado por hospitais, data center, shoppings ou indústrias que necessitam de energia de forma ininterrupta. "Aos poucos esses serviços devem começar a cobrir o restante do sistema, incluindo redes do interior. Algumas empresas de distribuição de energia já iniciaram a operação de smart grid em áreas limitadas do seu sistema", conta Mamede.

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Segundo o diretor de relações institucionais da Enel, José Nunes, o avanço dessa tecnologia dependerá, sobretudo, de fatores de mercado. "O mais significativo desses sistemas são os custos dos equipamentos e da tecnologia", diz. "Hoje, o que nós temos na Europa em larga escala é a geração distribuída, não as redes inteligentes, que ainda estão no início. No Ceará, nós já temos a tecnologia, que está pronta para escalar", observa.

No entanto, o diretor da Enel ressalta que embora ainda elevados para o público geral, os custos dos equipamentos de geração vêm diminuindo ano a ano, sobretudo no caso da solar, que vem caindo 25% ao ano, em média, e das baterias de armazenamento, cada vez mais eficientes e potentes.

"Em alguns locais, pode até ser mais viável a instalação de uma pequena central hidrelétrica, ou mesmo eólica, mas no nosso caso, no Ceará, a solar se mostra a mais adequada", diz Nunes. "Então isso vai depender muito da necessidade de cada cliente. No caso de um cliente industrial que tenha um prejuízo muito grande em caso de interrupção do fornecimento de energia, um sistema inteligente já pode ser viável", afirma o diretor da Enel. Além da geração própria e da capacidade de fornecer energia mesmo sem conexão com a rede da distribuidora, o projeto piloto da Enel no Ceará está desenvolvendo formas de digitalizar os clientes da distribuidora, por meio dos medidores digitais, fazendo com que os clientes tenham uma postura ativa na gestão da energia elétrica.

Pioneirismo

O Projeto de Microrrede Inteligente da Enel conta com financiamento do programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sendo o mais avançado em comparação com iniciativas similares.

No Brasil, ainda há poucos exemplos de sistemas híbridos (com geração fotovoltaica, diesel e baterias), operando de forma isolada na Região Norte e em alguns em ilhas marítimas. No entanto, estes contam com sistemas tecnologicamente mais simples, sem conexão com a rede elétrica. Desde o dia 9 de março, a Enel conta com um showroom, na sede da empresa, no Ceará, onde apresenta um protótipo de rede inteligente. 

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