Distribuidoras afirmam que 'não há como' repassar corte
São Paulo. As distribuidoras de combustíveis convocaram para esta sexta-feira, 1º, uma reunião com o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, para discutir a redução de R$ 0,46 nos preços do óleo diesel nas bombas.
Leonardo Gadotti, presidente da Plural, entidade que reúne a BR (da Petrobras), Raízen (joint venture entre Cosan e Shell) e Ipiranga (do Grupo Ultra), disse que não há como o desconto ser integral e teme que os critérios de fiscalização anunciados pelo governo possam "provocar uma guerra" nos postos.
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Nos cálculos da Plural, a redução direta nas bombas seria de R$ 0,41, uma vez que o governo não colocou na conta os 10% de mistura de biodiesel que são misturados ao diesel. O argumento da entidade é que o biodiesel não teve os impostos reduzidos.
Outra preocupação das distribuidoras é sobre como a fiscalização para o cumprimento da redução de preços nas bombas vai ser conduzida. "Isto pode criar uma guerra em postos de estradas, provocar um caos, sobretudo em regiões que concentram produção agrícola".
Na quinta-feira, 31, o representante do Ministério da Justiça, Claudemir Brito Pereira, anunciou que a portaria sobre a fiscalização nos postos de combustíveis sairá no Diário Oficial da União dessa quinta (31) e que os órgãos do governo estarão prontos para fazer a vistoria em todo o País. O preço base a ser usado, para comparação, é do dia 21 de maio. Segundo Gadotti, as distribuidoras fizeram uma força-tarefa para apoiar o governo durante a greve dos caminhoneiros, que afetou o abastecimento em todo o País.
A expectativa da entidade era de que 100% carregamentos de combustíveis das distribuidoras até os postos do País estivessem regularizados até a noite dessa quinta-feira (31).
Revisão de flexibilização
Outro tema que será colocado em pauta é a reversão da decisão emergencial da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que flexibilizou a mistura de etanol na gasolina (de 27% para 18%) e a do biodiesel no diesel (de 10% para zero) com o objetivo de evitar o desabastecimento.
A Agência Nacional de Petróleo também suspendeu a exigência de que postos de determinadas bandeiras comprem combustíveis de suas respectivas distribuidoras.
"Foi uma decisão de caráter emergencial, mas que precisa ser revista. O setor de distribuição é um dos poucos que são organizados e há tempos trabalha para combater a adulteração dos combustíveis e a sonegação de impostos".