Sobrevivente da boate Kiss passa mal durante julgamento e precisa de atendimento médico
Jéssica Montardo Rosado perdeu o irmão de 26 anos no incêndio
O segundo dia de julgamento dos réus acusados pelo incêndio da boate Kiss, nesta quinta-feira (2), foi marcado por emoção entre os presentes. Uma das testemunhas ouvidas pela manhã passou mal e precisou ser atendida.
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Jéssica Montardo Rosado, 33, é uma das sobreviventes da tragédia de 2013 que deixou 242 pessoas mortas em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, incluindo o próprio irmão, Vinícius Montardo Rosado, na época com 26 anos.
Segundo informações do Correio do Povo, a vítima chorou várias vezes ao relembrar a morte do irmão, que de acordo com ela, ajudou mais de dez pessoas a sair da boate.
Bastante abalada, Jéssica precisou de atendimento médico no Foro Central de Porto Alegre. Por isso, o juiz Orlando Faccini Neto fez um intervalo maior na sessão. O depoimento foi retomado por volta das 12h40.
Familiares se emocionam
Familiares que acompanhavam a sessão na plateia também se emocionaram e deixaram a sessão por alguns minutos, depois que a promotora Lúcia Helena Callegari exibiu um vídeo feito na madrugada da tragédia.
“A saudade é muito grande. Minha casa nunca mais teve alegria”, disse na chegada ao Foro Central, nesta quinta-feira, Maria Aparecida Neves, que perdeu o filho Augusto Cezar, de 19 anos. Ela conta que até hoje acorda de noite vendo o corpo do filho no caixão.
Julgamento
Quatro pessoas são réus no caso : Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, sócios da boate Kiss; Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da Banda Gurizada Fandangueira, e Luciano Bonilha Leão, produtor musical.
O grupo em questão se apresentava no palco no dia 27 de janeiro de 2013, quando um dos músicos disparou um artefato pirotécnico. O item provocou as chamas no isolamento acústico do teto formando por uma espuma inflamável.
O público que estava na boate tentou fugir durante o início do fogo, mas a maior parte acabou morrendo pela inalação de fumaça tóxica. Sobreviventes relataram superlotação no local, que não tinha ventilação e nem extintores.
Sessões
Conforme o TJRS, o julgamento poderá se estender por cerca de 15 dias. As sessões ocorrerão todos os dias, inclusive aos fins de semana, até as 23h, com uma hora de intervalo para almoço e jantar e pausa para descanso dos jurados. O desembargador Antônio Vinícius Amaro da Silveira informou que "mais de 200 pessoas e 20 equipes de trabalho" estão envolvidos no júri avaliado por ele como "um desafio imenso".
Serão ouvidas 14 vítimas indicadas pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), assistente de acusação e pela defesa de Elissandro Spohr; cinco testemunhas de acusação arroladas pelo MP; cinco testemunhas arroladas pela defesa de Elissandro Spohr; cinco testemunhas arroladas pela defesa de Mauro Londero Hoffmann, e cinco testemunhas arroladas pela defesa de Marcelo de Jesus dos Santos.
Na sequência, os quatro réus passarão por interrogatório, momento em que os advogados de acusação e defesa poderão apresentar suas teses e argumentos aos jurados. Ao todo, essa fase do júri terá 9 horas de duração, sendo duas e horas e meia para o MP e o assistente de acusação, duas horas e meia para as defesas dos réus, duas horas de réplica para o MP e assistente de acusação, e duas horas de tréplica.
Após os debates, os jurados serão levados a uma sala privada para responder ao questionário formulado pelo juiz. Com voto secreto, eles decidirão de forma individual mediante o depósito de cédula em cada urna.