Mulher doa o útero em transplante inédito no Brasil para irmã engravidar: 'Realizar o sonho dela'
Irmãs passaram pelo primeiro transplante de útero entre mulheres vivas na América Latina
As irmãs Jaqueline Borges e Jéssica Borges passaram pelo primeiro transplante de útero entre mulheres vivas na América Latina. O procedimento inédito no Brasil ocorreu no último dia 17 de agosto e ganhou repercussão após reportagem no programa Fantástico no último domingo (29).
Jéssica descobriu que nasceu sem o útero e que não podia engravidar ainda na adolescência, quando investigou os motivos de não menstruar. Posteriormente, ela foi informada pelos médicos sobre uma possível solução - um transplante de útero. A família começou a se mobilizar, até que a irmã, Jaqueline, decidiu que ela mesma seria a doadora.
"Eu sou muito família, né? Eu penso mais neles do que em mim. Então, eu pensei primeiro em realizar o sonho dela, ao invés de ser mãe, sabe?", contou Jaqueline Borges.
Segundo a reportagem do Fantástico, o nome da alteração congênita é Síndrome de Rokitansky, e atinge uma em cada 4 mil mulheres. Nessa condição, meninas nascem com ovários, podem ovular, mas a função reprodutiva não se completa.
“As mulheres são normais sob o ponto de vista ginecológico e não apresentam útero, e essa é uma das indicações de transplante de útero”, detalha Edmundo Baracat, ginecologista da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
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Então, Jéssica entrou na fila do Hospital das Clínicas para receber a doação. No último dia 17 de agosto, Jéssica e Jaqueline passaram pelo primeiro transplante de útero entre mulheres vivas na América Latina. Foram dez horas de procedimento.
Jéssica começou a sentir os primeiros sinais do novo órgão um mês depois da cirurgia e celebra a possibilidade de implantar os embriões para engravidar no futuro. "Eu fiquei totalmente insegura, porque para mim é tudo novo. Eu nunca menstruei. Fiquei muito insegura, mas feliz. Porque é sinal de que está tudo certo, é sinal de que daqui a pouco eu vou poder colocar os meus embriões”, disse Jéssica.
“A minha família sempre foi grande. Eu quero alguém para chamar de mãe, para a gente brigar, quero poder ter esse amor”, completou.
A transplantada tem 11 embriões congelados no Centro de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas. A previsão é que a implantação seja feita em seis meses.
“Eu acho que é uma história muito bonita e agradeço muito a Deus pelo carinho que uma tem pela outra”, afirmou Simone Borges.