Ministro da Defesa diz que 150 militares atuam em busca de jornalista e indigenista no Amazonas

"Tudo está sendo feito", disse Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira

Escrito por Diário do Nordeste/Estadão Conteúdo ,
imagem aérea mostra casas em palafitas e militares conversando com moradores
Legenda: Militares fazem busca pelos desaparecidos na Amazônia
Foto: Comando Militar da Amazônia/AFP

O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, afirmou, nesta quarta-feira (8), que as Forças Armadas estão fazendo de "tudo" para localizar o indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips. Os dois estão desaparecidos na região do Vale do Javari, extremo oeste do Amazonas.

Segundo o ministro, a busca acontece desde que a pasta foi informada do desaparecimento dos dois, registrado na última segunda-feira (6).

Em audiência pública na Câmara dos Deputados, o general Paulo Sérgio disse desconhecer os motivos do desaparecimento e relatou que o Vale do Javari, onde os dois desapareceram, é uma região "crítica".

"Tudo está sendo feito", afirmou o ministro ao relatar que 150 militares estão trabalhando nas buscas, entre integrantes do Exército, da Marinha e da Força Área Brasileira.

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Trabalho foi "imediato", diz ministro

Segundo o ministro, o trabalho foi determinado "imediatamente" após as primeiras notificações. Na segunda-feira, contudo, quando o desaparecimento foi noticiado, o Exército informou que só agiria "mediante acionamento por parte do Escalão Superior".

"Em resposta a demanda sobre o caso do desaparecimento de um indigenista e um jornalista inglês na região amazônica, o Comando Militar da Amazônia (CMA) está em condições de cumprir missão humanitária de busca e salvamento, como tem feito ao longo de sua história, contudo as ações serão iniciadas mediante acionamento por parte do Escalão Superior. Agradecemos a confiança depositada nas Forças Armadas", informou na ocasião.

Apenas na manhã desta terça-feira, dia 7, o Comando Militar da Amazônia, do Exército, e a Marinha mobilizaram aeronaves para intensificar a busca pelos dois desaparecidos.

Nesta quarta, a Justiça determinou que a União reforce a estratégia de busca e apontou omissão, por parte do Governo Federal, do dever de fiscalizar as terras indígenas e proteger os povos indígenas isolados e de recente contato. "É uma área crítica, mas é uma área muito sensível, tem muito problema na área e a gente não tem noção do que pode ter acontecido", disse o ministro, ao relatar que "conhece bem" a região. "A gente torce e reza para que sejam encontrados os dois sãos e salvos."

Conforme o Estadão revelou, um bilhete apócrifo com ameaças dirigidas a Bruno Pereira, que é servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), e a líderes indígenas foi deixado no escritório de advocacia que representa a organização para a qual o indigenista vinha trabalhando voluntariamente, em Tabatinga (AM).

Nesta quarta-feira, o ministro da Defesa participou de uma audiência pública para explicar as compras de medicamentos e próteses penianas pelas Forças Armadas e foi questionado por parlamentares sobre o desaparecimento.

Sem 'indícios fortes de crime'

As forças de segurança no Amazonas afirmaram nesta quarta que ainda não há "indícios fortes de crime" no caso, mas que nenhuma linha investigativa está descartada, inclusive de eventual homicídio. Até o momento, cinco testemunhas e um suspeito foram ouvidos.

"Tudo está sendo investigado. Por enquanto nosso trabalho forte está na busca, temos esperança de encontrá-los com vida. (…) De terem tido algum problema na embarcação. (…) Ainda não temos indícios fortes de crime", disse o Secretário de Segurança Pública do Amazonas, General Mansur durante entrevista coletiva, concedida depois de a Justiça Federal no Estado ordenar que o Governo reforçasse as equipes de buscas.

Segundo ele, ainda não foram encontradas provas de que os dois teriam sido sequestrados, mas há materiais suspeitos em análise.

Na coletiva, foi anunciado, ainda, um gabinete integrado com a participação de Exército, Marinha, Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros, que, de Manaus, vai coordenar os trabalhos no Vale do Javari.

De acordo com o superintendente regional da Polícia Federal no Amazonas, Eduardo Fontes, as buscas englobam tanta uma frente ostensiva como a de inteligência. "Também vamos apurar eventual homicídio caso tenha ocorrido, nós não descartamos nenhuma linha investigativa", disse.

Desaparecimento

Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips estão desaparecidos desde a manhã de domingo, dia 5. Os dois sumiram durante uma viagem de barco entre a comunidade ribeirinha de São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte.

Como revelou o Estadão, a região do Vale do Javari passou a ser alvo de disputa entre facções de narcotraficantes brasileiros, desde os anos 2000, por ser estratégica para escoamento de armas e drogas — produzidas no Peru e na Colômbia e que abastecem o mercado brasileiro e o europeu, atravessando os rios e portos brasileiros.

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