Miliciano ligado aos Brazão se infiltrou no Psol para levantar informações sobre atuação de Marielle

Segundo a Polícia Federal, Laerte Silva de Lima se filiou ao partido da vereadora Marielle Franco vinte dias após o 2º turno das eleições de 2016

Escrito por Redação ,
Laerte Silva de Lima, 'braço armado' da milícia na Zona Oeste do RJ, se filiou ao PSOL em 2016 para levantar informações sobre atuação de Marielle Franco
Legenda: Laerte Silva de Lima, 'braço armado' da milícia na Zona Oeste do RJ, se filiou ao PSOL em 2016 para levantar informações sobre atuação de Marielle Franco
Foto: Reprodução

Na esteira das investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, a Polícia Federal aponta que um miliciano ligado aos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão — presos neste domingo (24) por suspeita de serem os mandantes do crime se infiltrou no Psol, partido da parlamentar, para levantar informações sobre a atuação dela.

Laerte Silva de Lima se filiou ao partido de Marielle vinte dias após a realização do 2º turno das eleições de 2016 e teria agido como infiltrado, repassando detalhes sobre a atuação da vereadora para o deputado federal Chiquinho Brazão e o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro Domingos Brazão. 

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À época, Laerte colheu informações sobre ações de Marielle que eram contrárias à atuação da milícia na região da Zona Oeste no Rio de Janeiro, fato apontado pela investigação como a motivação dos mandantes para o crime.

De acordo com o relatório final da PF, a vereadora foi posta pelo infiltrado como "um obstáculo aos interesses dos Irmãos” Brazão. O documento aponta, ainda, a possibilidades das informações passadas por Laerte serem inventadas ou sobrevalorizadas, "para prestar contas de sua atuação como infiltrado”.

As informações acerca da infiltração de Laerte no Psol constam na delação premiada do policial militar reformado Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos tiros que mataram a vereadora e o motorista dela, Anderson Gomes.

Laerte Silva de Lima foi preso em 2019 dentro da Operação Intocáveis, por conta da atuação como um "braço armado" da milícia no Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ele agia recolhendo as taxas cobradas de moradores e comerciantes da região e também como agiota. O relatório da PF ressalta que Laerte "era o vínculo direto" dos Brazão e a Comunidade do Rio das Pedras.