Conheça juiz que descobriu ser autista aos 47 anos e usa cordão de identificação durante as sessões

Desde o diagnóstico, Alexandre Morais da Rosa passou a ter acompanhamento especializado e entender melhor as próprias limitações

Escrito por Redação ,
Alexandre Morais da Rosa, de 50 anos, juiz no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC)
Legenda: Juiz recebeu o laudo de TEA de nível 1 apenas em junho de 2021
Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação

Alexandre Morais da Rosa, de 50 anos, juiz no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), teve o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) há 3 anos. Desde então, o magistrado compartilha a rotina e informações sobre a condição com os seguidores nas redes sociais.

O juiz também é conhecido por participar das sessões no judiciário em Florianópolis com cordão de identificação, acessório utilizado por autistas que desejam expressar a sua condição.

O Dia da Conscientização do Autismo é comemorado em 2 de abril. Em entrevista ao g1, Alexandre comentou sobre a importância de divulgar o tema para o combate ao preconceito. "A luta é para ampliação da rede de atendimento, associada com campanhas informativas e tolerância", disse.

"Se recebo mensagens hostis e violentas pela rede social, além de comentários preconceituosos e discriminatórios, inclusive de gente que deveria ser informada, imagina a população excluída. A ignorância é irmã gêmea da intolerância", destacou o magistrado, que é juiz-substituto e membro da 5ª Câmara de Direito Público.

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Diagnóstico tardio

Segundo Alexandre, o diagnóstico foi realizado de forma tardia. Ele recebeu o laudo de TEA de nível 1 apenas em junho de 2021, quando tinha 47 anos, após 14 consultas e uma série de testes com psiquiatras e psicólogos. A companheira do juiz também foi fundamental durante o processo, pois ela passou a notar traços do transtorno, junto com uma médica, durante a pandemia. Ele já era juiz quando recebeu a notícia.

Desde o diagnóstico, Alexandre passou a ter acompanhamento especializado e entender melhor as próprias limitações, o que contribuiu para a sua qualidade de vida.

"Tive consciência das limitações com barulho, conversa fiada, alocação de tempo útil e a valorizar o que importa, deixando de lado muitas tarefas ineficientes que se faz durante uma vida curta. Aproveito melhor os recursos que disponho, convivendo somente com quem prezo e admiro", afirma.

Por meio das redes sociais, o juiz agradeceu as mensagens que recebe de autistas, pais, mães, familiares, companheiros e amigos. "Tem sido bem legal poder auxiliar as pessoas nessa travessia", contou.

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