Causa da morte de Rubens Paiva é corrigida para 'violenta' e 'causada pelo Estado' em certidão de óbito

Mudança do documento atende a uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) do ano passado

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Redação producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 12:33)
Homem sorridente em um carro, usando um chapéu de palha, mostrando uma expressão de felicidade e descontração. A imagem retrata um momento casual e alegre.
Legenda: Rubens é interpretado por Selton Mello em "Ainda Estou Aqui"
Foto: Arquivo da família

A certidão de óbito de Rubens Paiva, cuja história é contada em "Ainda Estou Aqui", foi alterada nessa quinta-feira (23). No Cartório da Sé, em São Paulo, a causa da morte agora consta como "violenta, causada pelo Estado brasileiro". Antes, o documento apenas dizia que ele havia desaparecido em 1971. As informações são do g1.

A mudança atende a uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de dezembro do ano passado, que confere aos cartórios a responsabilidade de corrigir as certidões de óbito de 202 vítimas da ditadura.

Certidão de óbito de Rubens Beyrodt Paiva destacando informações como data de falecimento e causas de morte relacionadas a perseguição política no Brasil.
Legenda: Nova certidão reitera a perseguição política que Rubens sofreu durante a ditadura
Foto: Reprodução

A entrega dos documentos às famílias, porém, não será feita pelos cartórios e, sim, pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, segundo informou a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), junto de um pedido de desculpas e homenagens.

Outros 232 desaparecidos durante a ditadura também terão direito a um atestado de óbito. Ao todo, 434 pessoas foram reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade, em 2014, como vítimas de violência cometida pelo Estado brasileiro.

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Memória de Rubens Paiva ainda está aqui

O desaparecimento de Rubens Paiva, junto da luta da esposa, Eunice Paiva, para a garantia de justiça, é contado no longa mais recente do diretor Walter Salles. Aclamado internacionalmente, essa história agora chega ao topo do cinema mundial, com três indicações ao Oscar.

A obra é a adaptação para o cinema do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, filho do ex-deputado. Em um dos momentos mais marcantes da produção, Eunice, em 1996, ergue aliviada a primeira certidão de óbito de Rubens, um símbolo de resistência contra o obscurantismo da ditadura.

"O não reconhecimento da morte de Rubens Paiva foi a forma de tortura mais violenta a que eles poderiam submeter nossa família", disse Eunice, com lágrimas no rosto, ao jornal O Globo, na época. "Estou emocionada e reconheço que é uma sensação esquisita essa de ficar aliviada com um atestado de óbito".

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