Nadine Heredia: entenda motivo de condenação da ex-primeira-dama do Peru
Seu marido, o ex-presidente Ollanta Humala, saiu preso do tribunal após ser sentenciado

Já está no Brasil, desde a última quarta-feira (16), Nadine Heredia, ex-primeira dama do Peru e mulher do ex-presidente do país, Ollanta Humala. Ela recebeu asilo diplomático após condenação há 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro no caso da construtora Odebrecht (atual Novonor). Com ela veio o filho, Samir Mallko Ollanta Humala Heredia, de 14 anos.
Ao contrário do marido, que se apresentou no tribunal na terça-feira (15), Nadine não foi presa. Ela se refugiou na embaixada brasileira em Lima, Peru, e recebeu salvo conduto para sair do país e vir até Brasília. Segundo seus advogados, a ex-primeira dama está em tratamento contra o câncer, e que isso foi levado em consideração no pedido.
Veja também
Quais motivos levaram à condenação de Nadine?
Membro forte do Partido Nacionalista Peruano, onde chegou a ocupar o cargo de vice-preisdente, Nadine é acusada de atividades ilícitas dentro da sigla, que ajudou a fundar com o marido.
Segundo as investigações, aportes em dinheiro eram enviados para o casal tanto por meio do governo do então presidente venezuelano Hugo Chávez, como também da construtora brasileira Odebrecht, hoje Novonor.
A justiça peruana entendeu que houve arrecadação ilícita de valores para as eleições presidenciais do seu marido, Ollanta Humala, tanto no pleito de 2006, ao qual perdeu, e a de 2011, vencida por ele contra Keiko Fujimori.
Os promotores acusaram Humala e sua esposa de lavagem de dinheiro por supostamente ocultar o fato de que receberam três milhões de dólares (5,62 milhões de reais na época) da Odebrecht para sua campanha presidencial de 2011.
Quais provas foram apresentadas?
A partir de 2015 começou o que ficou conhecida como a Lava Jato peruana, que implicou mais outros três ex-mandatários peruanos, como Alan Garcia, que se suicidou, Alejandro Toledo e Pedro Pablo Kuczynski, este último preso em regime domiciliar.
Nadide foi passou a ser investigada após serem encontradas agendas pessoais que continham registros de reuniões com Jorge Barata, então diretor da construtora no Peru, além de encontros do Hugo Chávez, este sob o uso de codinomes.
Em 2017, Barata depôs à Justiça peruana e disse que a Odebrecht deu US$ 3 milhões à campanha de Humala de 2011, com Marcelo Odebrecht corroborando a mesma versão. Num primeiro momento Nadine negou que as agendas fossem suas, mas voltou atrás.
O que dizem as defesas?
Os advogados primeiro tentaram retirar as agendas de Nadine do processo, mas sem sucesso. No entanto alegam que os promotores não conseguiram provar as denúncias contra a ex-primeira dama, questionando o depoimento que Barata prestou à justiça.
Em nota enviada ao Jornal Nacional, da TV Globo, a defesa diz que "as condenações do ex-presidente peruano e da esposa, lastreadas numa única delação, carecem de provas. E, como foram em primeira instância, são passíveis de reversão".
Já o advogado de Ollanta Humala diz que a sentença é "excessiva", e afirma que os promotores não conseguiram provar a origem ilegal dos fundos. Wilfredo Pedraza, diz que irão recorrer da decisão final, que deve ser proferida em 29 de abril.