Barco que leva Greta Thunberg e Thiago Ávila, ativista brasileiro, chega ao porto de Israel

O grupo que levava ajuda humanitária para a Faixa de Gaza deverá ser deportado

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Barco com ativistas no território israelense
Legenda: O barco levava 12 ativistas de diferentes nacionalidades com ajuda humanitária à Faixa de Gaza
Foto: JACK GUEZ/AFP

O barco interceptado por Israel enquanto tentava chegar à Faixa de Gaza na manhã desta segunda-feira (9), com 12 ativistas pró-palestinos a bordo — entre eles, a sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila, chegou nesta noite ao porto israelense de Ashdod.

Escoltado por duas embarcações da Marinha israelense, o veleiro entrou no porto por volta das 20h45 locais (14h45 em Brasília), segundo um fotógrafo da AFP. A embarcação da Coalizão Flotilha da Liberdade (FFC, segundo sua sigla em inglês) havia zarpado da Itália no último 1º de junho para entregar ajuda humanitária à Gaza.

Criada em 2010, a FFC é um movimento internacional não violento de solidariedade aos palestinos, que une ajuda humanitária e protesto político contra o bloqueio de Gaza.

Estavam a bordo do "Madleen" 12 ativistas da França, da Alemanha, do Brasil, da Turquia, da Suécia, da Espanha e dos Países Baixos. O grupo tinha o objetivo de "romper o bloqueio israelense" ao território palestino, que está mergulhado uma situação humanitária catastrófica após mais de um ano e meio de guerra.

O Exército israelense confirmou que o veleiro havia sido "abordado" durante a noite, mas não especificou onde. "Se você está assistindo este vídeo, fomos interceptados e sequestrados em águas internacionais"', disse a ativista sueca Greta Thunberg em vídeo programado divulgado pela FFC.

Imagens divulgadas pelo movimento mostraram os ativistas a bordo da embarcação usando coletes salva-vidas laranja, com as mãos levantadas durante a interceptação. Alguns chegaram a entregar seus telefones celulares, como foi solicitado, enquanto outros jogaram seus aparelhos e tablets no mar.

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Grupo será deportado de Israel

O Ministério das Relações Exteriores de Israel informou que, assim que o veleiro chegasse a Ashdod, os passageiros seriam desembarcados e enviados a seus países de origem.

A ONG israelense Adalah, que afirma ter ficado responsável por defender o grupo, declarou que eles seriam transferidos para um centro de detenção antes de serem deportados de Israel.

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Autoridades se manifestam

Entre os passageiros do barco está a eurodeputada franco-palestina de esquerda Rima Hassan e outros cinco cidadãos franceses. A França "transmitiu todas as mensagens" a Israel para que a "proteção" de seus seis cidadãos "esteja garantida" e eles possam "retornar a solo francês", declarou o presidente Emmanuel Macron.

Já o governo brasileiro se pronunciou por meio de nota do Itamaraty, que disse acompanhar "com atenção a interceptação, pela Marinha israelense, da embarcação" em que estava o ativista brasileiro Thiago Ávila. No comunicado, o órgão ainda instou "o governo israelense a libertar os tripulantes detidos" e ressaltou "a necessidade de que Israel remova imediatamente todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em território palestino, de acordo com suas obrigações como potência ocupante".

O Irã, inimigo declarado de Israel, condenou a interceptação do navio e a classificou como um "ato de pirataria". Já a Turquia chamou a operação de "ataque odioso" efetuado em águas internacionais, o que constitui "uma violação flagrante do direito internacional".

Por sua vez, a ONG Anistia Internacional afirmou que "a interceptação do 'Madleen' por Israel e a detenção da tripulação violam o direito internacional".

O governo israelense acusa Greta Thunberg e os outros ativista de "tentativa de encenar uma provocação midiática com a única intenção de fazer publicidade".

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Guerra entre Israel e Hamas

A guerra em Gaza entre Israel e o Hamas começou em 2023, após o ataque do movimento islamista palestino em território israelense que provocou a morte de 1,2 mil pessoas do lado de Israel, a maioria civis.

A operação militar israelense, por sua vez, vitimou mais de 54,8 mil palestinos, sobretudo civis, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza.

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