Ataque de Israel mata 9 dos dez filhos de casal de médicos em Gaza; crianças tinham até 12 anos

O patriarca da família e o único filho sobrevivente estão em estado grave

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Redação producaodiario@svm.com.br
Bombeiros retiram corpos de crianças de escombros deixados por ataque israelense
Legenda: Socorristas retiraram os corpos das crianças do escombros da casa após ataque de Israel
Foto: Reprodução/Defesa Civil de Gaza

A pediatra Alaa al-Najjar trabalhava na emergência do Complexo Médico Nasser, no sul da Faixa de Gaza, quando sete crianças chegaram até lá gravemente queimadas. Todos eram filhos da médica e do marido, dr. Hamdi al-Najjar. Eles foram mortos durante ataque aéreo de Israel a cidade de Khan Younis, que atingiu a casa dos dois. 

O caso aconteceu na sexta-feira (23). Outros dois filhos do casal tiveram os corpos resgatados apenas no sábado (24) — um bebê de sete meses e uma criança de dois anos. A mais velha dos 9 irmãos mortos no ataque israelense tinha apenas 12 anos. As informações são da CNN. 

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O nome das nove crianças foi publicado pelo diretor-geral do Ministério da Saúde de Gaza, Munir al-Barsh, que as chamou de "crianças mártires":  Yahya, Rakan, Raslan, Gebran, Eve, Rival, Sayden, Luqman e Sidra. 

O patriarca da família, Hamdi al-Najjar, também estava em casa no momento em que o prédio foi atingido e está na unidade de terapia intensiva. O único filho sobrevivente, de 11 anos, foi gravemente ferido e teve que ser submetido a cirurgia, segundo a emissora britânica BBC. 

Apesar da tragédia, Alaa al-Najjar continuou a trabalhar na emergência, parando apenas para verificar o estado do marido e do agora único filho do casal. 

Alto funcionário do Ministério da Saúde de Gaza, Youssef Abu al-Reesh disse a CNN que foi até o hospital e, chegando lá, encontrou a médica "de pé, calma, paciente, serena, com os olhos cheios de aceitação. Não se ouvia nada dela, a não ser murmúrios suaves de (glorificação de Deus) e (busca de perdão)". 

'Aniquilando famílias inteiras'

As Forças Armadas de Israel informaram que um de seus aviões bombardeou "suspeitos que operavam de uma estrutura vizinha à posição das tropas israelenses na área de Khan Yunis". No comunicado, a região foi chamada de "zona de guerra perigosa".

"A alegação de que civis não envolvidos foram feridos está sendo analisada", acrescenta a resposta.

Diretor-Geral do Ministério da Saúde de Gaza, Munir al-Barsh disse que Israel está "aniquilando famílias inteiras". 

"Esta é a realidade que nossa equipe médica em Gaza enfrenta. As palavras são insuficientes para descrever a dor. Em Gaza, não são apenas os trabalhadores da saúde que são alvos — a agressão de Israel vai mais longe, aniquilando famílias inteiras", disse.

A Defesa Civil de Gaza divulgou um vídeo do local do ataque israelense. As imagens mostra o socorrista retirando um homem ferido da casa, enquanto outros tentam apagar o incêndio da construção. 

Na sequência, é possível vê-los retirando os corpos carbonizados de várias crianças e os envolvendo em lençol branco. 

Pelo menos 79 pessoas morreram em ataques de Israel em Gaza no período de 24 horas, até a tarde deste sábado, segundo o Ministério da Saúde.

Intensificação de ataques

O governo israelense intensificou a campanha aérea e terrestre na Faixa de Gaza em maio. Os ataques acontecem desde que o Hamas fez um ataque sem precedentes a Israel em outubro de 2023, provocando a morte de 1.218 pessoas do lado israelense.

Também houve o sequestro de 251 pessoas, das quais 57 ainda são mantidas em Gaza. 

Mais de 53.901 palestinos, também civis em sua maioria, já morreram em Gaza na campanha de represália militar israelense, de acordo com dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

As negociações indiretas entre Israel e Hamas, que está no poder em Gaza desde 2007, estão bloqueadas.