Ataques israelense à Gaza deixam mais de 110 mortes e centenas de feridos; oito morreram em Israel
Maior parte dos foguetes lançados pelo Hamas é interceptada 'Domo de Ferro' de Israel
Os confrontos entre o exército de Israel e grupos armados da Palestina já causaram mais de 120 mortes, em sua maioria de palestinos. Ataques aéreos de Israel à Faixa de Gaza destruíram prédios inteiros e causam destruição.
O balanço do Ministério da Saúde de Gaza aponta que, desde segunda-feira (10), 119 palestinos foram mortos na faixam, incluindo 31 crianças ou adolescentes. E cerca de 830 pessoas ficaram feridas.
Em Israel, já foram registrados oito mortos. O grupo armado Hamas lançou mais 1.800 foguetes a partir de Gaza, mas cerca de 90% foram interceptados pelo sistema antimíssil de Israel, o 'Domo de Ferro'.
O exército israelense afirma que bombardeou 150 alvos, enquanto os foguetes do Hamas foram lançados contra cidades israelenses do sul, como Sderot, Ashkelon e Beersheva, no deserto do Neguev.
Principalmente na região sul de Israel, os moradores tiveram que voltar a conviver com as sirenes que alertam sobre os perigos dos disparos inimigos e iniciam uma corrida para os abrigos antiaéreos públicos e os espaços de paredes reforçadas mantidos por grande parte da população para situações como essa. O país tem capacidade de proteção da população civil bem maior que a Palestina.
Ataque a prédios em Gaza
Vídeos mostram ataques contínuos de Israel à torre al-Shorouq, em Gaza, nesta quinta-feira (13). Primeiro, são lançados foguetes e, posteriormente, todo o edifício foi destruído. Segundo o Al Jazeera, o prédio tinha 14 andares e abrigava escritórios de veículos de mídia. Não há informações se havia pessoas no edifício.
Na terça-feira (11), um ataque aéreo de Israel derrubou um prédio de 12 andares e também afetou edifícios próximos.
Um prédio residencial de seis andares, pertencente ao Hamas, também foi destruído. Nos ataques de quarta-feira (12), pelo menos 16 líderes de inteligência e membros da ala militar do grupo foram mortos.
Israel mobilizou na quinta-feira (14) carros e outros veículos blindados ao longo da barreira que separa o território e Gaza, de onde as tropas do Estado israelita se retiraram de maneira unilateral em 2005.
Pouco depois da meia-noite, o porta-voz militar afirmou que soldados israelenses entraram por terra no território de Gaza. Logo depois, desmentiu a declaração e alegou "problema de comunicação interno".
Neste contexto, a partir do vizinho Líbano foram lançados três foguetes na quinta-feira à noite contra Israel, mas os projéteis caíram no Mediterrâneo, conforme o exército. De acordo com uma fonte militar libanesa, os projéteis vieram de um setor próximo a um campo de refugiados palestinos.
Conflitos em toda a região
Além do conflito com o Hamas, também existe a escalada entre árabes e judeus em várias cidades mistas de Israel, um nível de violência que não era observado há décadas, de acordo com a polícia israelense.
Quase 1.000 membros da polícia de fronteira foram convocados para reforçar as cidades, palco de distúrbios intercomunitários desde terça-feira. Mais de 400 pessoas, judeus e árabes, foram presas nos últimos três dias.
Grupos israelenses de extrema direita entraram em confronto nas cidades com forças de segurança israelenses e árabes-israelenses, descendentes de palestinos que permaneceram em suas terras após a criação de Israel em 1948.
Cidades israelenses como Haifa, Jafa e Lod - que ordenou, nesta quinta, toque de recolher das 20h às 3h - também têm sido palco de manifestações da população árabe em apoio à causa Palestina. Sinagogas foram atacadas e conflitos eclodiram nas ruas de algumas comunidades, levando prefeitos locais e até o presidente de Israel a alertar sobre o perigo de uma guerra civil.
A violência em Jerusalém Oriental, parte palestina da cidade ocupada, começou na semana passada. Na sexta-feira (7), milhares de fiéis se reuniram na Esplanada das Mesquitas para a última grande oração antes do fim do Ramadã - mês de jejum muçulmano.
Os palestinos protestaram contra a proibição de acesso à Cidade Velha e a comemoração do 'Dia de Jerusalém', na segunda-feira (10), feriado nacional que celebra a ocupação do território palestino por Israel em 1967.
Este ano, o 'Dia do Jerusalém' coincidiu com o fim do Ramadã. A Esplanada é o terceiro local mais sagrado do Irlá. Para os judeus, é chamado Monte dos Templos e o local mais sagrado.
Em Jerusalém Oriental, os tumultos se intensificaram também após manifestação de apoio às famílias palestinas ameaçadas de expulsão. A polícia israelense reprimiu os manifestantes e afirmou que eles atiraram projéteis contra as forças de segurança.
O tribunal distrital de Jerusalém decidiu que os palestinos do bairro Shaykh Jarrah devem ser despejados em favor das famílias judias que reivindicam os direitos de propriedade no bairro. A audiência de expulsão das famílias, marcada para segunda-feira (10), precisou ser adiada devido ao risco de mais confrontos.
Reunião do Conselho de Segurança
O Conselho de Segurança das Nações Unidas fará reunião pública virtual para discutir sobre o conflito neste domingo (16), segundo diplomatas. Espera-se que participem dela o enviado da ONU para o Oriente Médio, o norueguês Tor Wennesland, assim como representantes de Israel e dos palestinos.
A reunião, originalmente programada para a sexta-feira (14), havia sido solicitada por Tunísia, Noruega e China, mas foi bloqueada pelos Estados Unidos.
Os Estados Unidos consideravam uma reunião para o começo da próxima semana, mas acordaram em antecipá-la para o domingo, segundo as mesmas fontes.
Em declaração à imprensa, a porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Hua Chunying, considerou que Washington se opõe à vontade da comunidade internacional.
"Os Estados Unidos repetem que se preocupam com os direitos dos muçulmanos (...) mas ignoram o sofrimento dos palestinos", criticou Hua.