Após alguns meses de desencontros entre o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, o primeiro encontro presencial entre os líderes pode ocorrer nesta semana, em Nova York, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Segundo o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), Lula convidou Zelensky para uma reunião que pode ocorrer nesta segunda (18) ou terça-feira (19), dias em que o petista também encontrará outras autoridades estrangeiras.
O governo da Ucrânia, no entanto, ainda não confirmou se Volodymyr Zelensky irá comparecer. Uma autoridade da Ucrânia declarou à TV Globo que o encontro está sendo avaliado e que "tudo dependerá da agenda dos dois líderes".
Apesar de nunca terem se reunido a sós presencialmente, Lula e Zelensky tiveram uma conversa por telefone em março deste ano. Desde então, dois encontros entre os líderes foram desmarcados por incompatibilidade de agendas.
O convite ocorre em um momento delicado. No último dia 9, Lula afirmou em entrevista que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, poderia vir ao Brasil em 2024 para a cúpula do G20, marcada para o mês de novembro, no Rio de Janeiro, sem que fosse preso – ainda que o Tribunal Penal Internacional (TPI) tenha emitido mandados de prisão com o presidente russo, acusado de cometer crimes de guerra.
Na última segunda (11), porém, o líder petista recuou e afirmou que a Justiça irá decidir sobre uma eventual prisão de Putin, caso ele venha ao Brasil.
Relação estremecida
O encontro presencial entre os líderes pode selar uma nova fase da relação diplomática entre Brasil e Ucrânia. Isso, porque, por pelo menos duas vezes, Zelensky emitiu declarações sobre Lula em tom de frustração.
A primeira foi em maio deste ano, durante a cúpula do G7, quando o presidente ucraniano aguardava um encontro com Lula, que alegou não ter conseguido espaço na agenda. Ao ser perguntado sobre uma possível decepção pelo desencontro, rebateu: "Acho que isso decepcionou ele".
A segunda declaração foi no último mês de agosto, quando Lula afirmou que nenhum dos países envolvidos na guerra estaria interessado no fim do conflito. Na época, Zelensky afirmou que "não entendia bem Lula" e que tal afirmação "não traria paz de forma alguma". "Para ser sincero, eu achava que ele tinha uma compreensão mais ampla do mundo", destacou.