Novas manchas de óleo surgem em praia de Itacimirim, no litoral da Bahia
Substância apareceu quase dois anos depois do maior vazamento de óleo registrado na costa brasileira
Quase dois anos depois do maior vazamento de óleo registrado na costa brasileira, novas manchas voltaram a surgir no litoral norte da Bahia, desta vez na praia de Itacimirim, distrito do município de Camaçari, região metropolitana de Salvador.
Segundo o diretor do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Francisco Kelmo, de 300 a 400 quilos de óleo foram coletados para que laboratórios da Marinha e da universidade analisem se a substância fóssil é a mesma encontrada no país em setembro de 2019.
Na época, a UFBA detectou que o óleo espraiado por mais de 130 localidades do litoral nordestino foi originário de uma bacia na Venezuela. Mas, até hoje, as investigações capitaneadas por órgãos do governo federal não identificaram os responsáveis pelo vazamento.
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Mesmas características de óleo encontrado em 2019
Segundo Kelmo, a substância encontrada nesta semana tem alta densidade, espessura e peso, aspectos semelhantes com o óleo encontrado dois anos atrás. Essas características impedem a flutuação na superfície e a imediata detecção, explicou.
"Esse óleo já estava bastante intemperizado, ou seja, já tinha passado por diversas transformações, misturado com grãos de areia, sedimentos, esqueletos de animais, conchas etc", disse. "Por isso, quando removemos, tinha características de uma placa de asfalto".
Na avaliação do cientista, a densidade fez com que a substância afundasse até 1,2 metro na água, o que dificultou sua visualização. "Mesmo com sondas, drones ou imagens de satélites, era difícil atestar a presença da substância", disse.
Com os intervalos das marés, a substância grudou nos recifes de corais ou foi enterrada na areia. "Quando as equipes chegavam, não conseguiam localizar. E, do alto, o óleo submerso poderia ser confundido com um cardume, uma massa de plâncton, um recife de coral", disse.
Impactos no ecossistema
Para Paulo Lara, biólogo da Fundação Projeto Tamar, o aparecimento recente das manchas, dois anos depois, apenas corrobora o impacto que um vazamento desse tipo pode provocar nos ecossistemas marinhos no longo prazo.
"À época, os animais marinhos, a exemplo das tartarugas, foram bastante afetados pela presença do óleo", afirmou. "Mas, apesar da magnitude do desastre, que foi um evento pontual, o verdadeiro problema é o emalhe nas redes de pesca durante o ano todo".