Julho é mês de conscientização sobre o câncer de bexiga; veja sintomas e fatores de risco

Mês busca conscientizar sobre diagnóstico precoce e tratamento do câncer de bexiga

Escrito por Diário do Nordeste/Agência Brasil ,
profissional de saúde carrega maquete do sistema urinário
Legenda: O principal fator de risco para desenvolver a doença é o cigarro, responsável por cerca de 50% dos casos de câncer de bexiga
Foto: Shutterstock

Sangramento visível na urina; desconforto ao urinar, com dor e ardência; aumento da frequência ou urgência em urinar são sintomas para acender o alerta de um possível câncer de bexiga. O órgão armazena a urina antes de ser eliminada do corpo.

Julho é marcado pela campanha de conscientização do diagnóstico precoce e do tratamento do câncer de bexiga. O mês é dedicado à campanha para que as pessoas, com ou sem histórico da doença na família, passem a buscar orientação e acompanhamento médico, além de realizar exames periódicos.

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“Mesmo nos estágios iniciais, esse tipo de tumor já pode causar alguns sintomas. O principal sintoma da doença é o sangramento visível na urina. Outro indicativo é o desconforto ao urinar. Alterações como urgência para urinar ou aumento da frequência urinária também são sintomas que a gente deve investigar”, alerta o urologista Rafael Ribeiro Meduna, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo.

Nos casos mais avançados da doença, podem ocorrer sintomas como perda de peso, cansaço, fraqueza, perda do apetite, dor óssea e incapacidade de urinar - que também são comuns em outras doenças como infecção urinária, aumento benigno da próstata, bexiga hiperativa e pedras nos rins e bexiga.

Fatores de risco e prevenção

O principal fator de risco para desenvolver a doença é o cigarro, responsável por cerca de 50% dos casos. O risco está diretamente relacionado com a duração e intensidade do ato de fumar.

O cigarro tem diversas substâncias químicas que são carcinogênicas, ou seja, induzem o aparecimento de um tumor, e no caso específico da bexiga, depois que essas substâncias são inaladas, elas são absorvidas pelo pulmão e vão cair na corrente sanguínea e depois serão filtradas pelo rim
Rafael Ribeiro Meduna
Urologista e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo

A urina produzida, explica o especialista, fica "como se estivesse contaminada com essas substâncias químicas". E ela é armazenada na bexiga e depois ela vai ser armazenada na bexiga. "Essas substâncias químicas vão passar horas ali na bexiga, causando uma agressão à superfície vesical, que vai propiciar um ambiente para poder desenvolver um tumor no paciente”, explica Meduna.

Mesmo quem não fuma, mas convive com alguém que fuma tem um risco aumentado de câncer de bexiga.

Outros fatores associados, porém em menor grau, são a exposição ocupacional prolongada às substâncias químicas chamadas de aminas aromáticas que podem ser cancerígenas (principalmente em indústrias) e irritações crônicas na bexiga, como infecções e cálculos.

A principal prevenção para o câncer de bexiga é não fumar. Já os trabalhadores, que estão em contato diário com produtos químicos, devem usar equipamentos de proteção individual. Os hábitos saudáveis de vida, alimentação adequada, prática de exercícios físicos também são uma forma de prevenção.

Diagnóstico e tratamentos

Além do exame físico e análise da história clínica, para realizar um diagnóstico mais preciso, o médico pode solicitar alguns exames de imagem.

O exame diagnóstico mais importante para avaliação do câncer vesical é a cistoscopia, com o qual o médico consegue avaliar o interior da bexiga do paciente com uma câmera.

O tratamento do câncer de bexiga é indicado de acordo com o grau da doença, profundidade da invasão do tumor na parede da bexiga e se invade outros órgãos.

No caso de tumores iniciais, o tratamento realizado é a ressecção transuretral da bexiga, conhecida como “raspagem da bexiga”. Em alguns casos, pode-se associar a esse tratamento a aplicação de drogas como BCG, quimioterápicos ou imunoterápicos dentro da bexiga.

Em tumores que invadem a musculatura da bexiga, a cistectomia radical (retirada de toda a bexiga) é a forma mais adequada de tratamento, podendo ser precedido pela quimioterapia em algumas situações. Como tratamento alternativo, pode ser utilizada uma combinação de raspagem da bexiga, quimioterapia e radioterapia.

Em geral, o tratamento alternativo é destinado a pacientes com muitos problemas de saúde sem condições para realizarem a retirada total da bexiga.

No caso de tumores mais avançados com presença de metástases, o tratamento mais adequado é a quimioterapia ou imunoterapia. “A recomendação continua valendo: o quanto antes se diagnosticar o problema, mais chances de cura o paciente terá”, finaliza o especialista.

Impactos da pandemia nos diagnósticos

A queda no número de diagnósticos preocupa os especialistas. Isto porque, com a pandemia, muitos pacientes deixaram de realizar exames rotineiros. Para dimensionar o tamanho do dano causado pela pandemia no diagnóstico de novos casos de cânceres, a Sociedade Brasileira de Urologia - seção de São Paulo realizou levantamento em parceria com instituições de saúde no Estado de São Paulo, responsáveis pelo atendimento de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

Os resultados mostraram que a pandemia gerou uma redução média de 26% no número de novos casos, englobando os tumores de rim, próstata e bexiga, na comparação com diagnósticos feitos nos anos de 2019 e 2020.

“Com toda a questão da pandemia, houve um grande medo da população, além da orientação das instituições de saúde para que houvesse o distanciamento social. Com isso, teve uma redução importante no número de consultas médicas, avaliações, exames e consequentemente houve uma diminuição nos diagnósticos”, lamenta o médico.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), o número de casos novos de câncer de bexiga, estimados em 2022 para o Brasil, é de 7.590 casos em homens e 3.050 em mulheres.

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