Gordura no fígado: quais as causas, sintomas e como tratar

Doença não costuma registrar sintomas em casos leves, apenas nos mais graves

Escrito por Beatriz Rabelo , beatriz.rabelo@svm.com.br
Gordura no fígado
Legenda: Especialista aponta que a maioria das pessoas que possuem gordura no fígado não vão ter cirrose ou câncer
Foto: Shutterstock

O fígado é um órgão responsável por ajudar na eliminação de substâncias tóxicas do organismo e por digerir gorduras. Além disso, é nele que a bile é produzida, líquido formado por composto de sais biliares, colesterol e outras substâncias. 

A gordura no fígado resulta do excesso do composto no órgão, podendo se transformar em doenças mais graves, como cirrose. A médica especialista Cyntia Viana* detalha quais exames indicam o diagnóstico e quais cuidados devem ser tomados no tratamento.

O que é gordura no fígado?

A médica detalha que o acúmulo de gordura em locais errados do organismo pode ser causado em situações em que a pessoa apresenta sobrepeso, obesidade, diabetes, alterações de colesterol ou mesmo o uso de algumas medicações. No entanto, varia para cada caso.  

Fígado
Legenda: A gordura concentrada no fígado pode ter distintos graus
Foto: Shutterstock

A obesidade, assim como dietas ricas em gorduras e carboidratos também são consideradas fatores de risco para quadros clínicos de pedra na vesícula

Quais os graus?

A gordura concentrada no fígado, especificamente, pode ter distintos graus. “Pode ser leve, uma coisa discreta. Pode ser uma gordura que se deposita lá e promove inflamação do fígado”, cita.  

Se a gordura permanecer inflamando o fígado por muito tempo, o quadro de saúde pode se converter em um caso grave, conhecido como cirrose. Com isso, o órgão pode perder a função.  

Apesar de a cirrose ser muito relacionada ao álcool, existem outras causas, como:  

  • Vírus;  
  • Medicamentos;  
  • Doenças imunológicas;  
  • Gordura no fígado.  

Cyntia aponta que a maioria das pessoas com gordura no fígado não vai ter cirrose ou câncer. Porém, se os devidos cuidados não forem tomados, o caso leve pode evoluir para isso.    

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Quais os sintomas de quem tem gordura no fígado? 

Em geral, não há sintomas. Os médicos e especialistas costumam dizer que o fígado é um "órgão silencioso", que só evidencia os sintomas quanto o paciente já está em um grau mais avançado da doença.  

Por isso, é ideal que sejam realizadas consultas de rotina e que as pessoas não esperem sintomas para buscarem diagnósticos.  

Evidência da doença
Legenda: As evidências de doenças no fígado só costumam surgir em casos mais avançados de inflamação
Foto: Shutterstock

O que causa? 

Dentre as causas da doença, Cyntia aponta que as alterações metabólicas podem ser responsáveis por um mau processamento da gordura, que também afeta o peso.  

Assim, de modo geral, podem apresentar esse quadro as pessoas com:  

  • Sobrepeso ou obesidade;  
  • Diabete ou alterações de colesterol;  
  • Algumas medicações.

Além disso, ainda existe uma parcela da população que, apesar de não se encaixar em nenhum desses fatores de risco, ainda tende a ter gordura no fígado. “Provavelmente por alguma determinação genética, ela já nasce com essa tendência. Mas esse é a exceção”, explica a médica.  

Qual exame detecta gordura no fígado?  

A ultrassonografia de abdômen é o principal exame para detectar a possível presença de gordura no fígado. Ele não é caro e não leva radiação.  

Ultrassom
Legenda: A ultrassonografia de abdômen é o principal exame para detectar a possível presença de gordura no fígado
Foto: Shutterstock

Caso seja detectada evidência positiva para gordura no órgão, existem outros exames que podem especificar o grau de risco, como de:  

  • Ressonância;  
  • Elastografia hepática;  
  • Biópsia do fígado. 

Eles também podem apontar se existe alguma doença para além da gordura em excesso. Porém, são exames especializados que só são necessários numa minoria dos pacientes.  

Como tratar? 

A médica apontou que não existe nenhuma medicação, com comprovação científica, capaz de retirar a gordura do fígado. Assim, Cyntia explica que o tratamento recomendado nesses casos é o controle dos fatores associados ao acúmulo da substância no órgão.  

Então, por exemplo, quem é sedentário, mesmo que não tenha sobrepeso, deve realizar atividade física regular. Já os pacientes que possuem diabete precisam controlar o consumo de açúcar.  

Criança sendo examinada
Legenda: Quem é sedentário, mesmo que não tenha sobrepeso, deve realizar atividade física regular
Foto: Shutterstock

Essas medidas buscam melhorar o processamento da gordura de uma forma geral. “Se você usa medicamentos para controlar a diabete, o colesterol, e ajudar a perder peso, a gordura no fígado também melhora”. 

O que é indicado para quem tem gordura no fígado?  

É necessário ter uma dieta equilibrada, com o consumo de alimentos com alto valor de fibras e baixo de gordura. "Então não é esse alimento faz mal ou esse alimento faz bem para o fígado, mas manter uma dieta com equilíbrio", reforça Cyntia.

Alimentação saudável
Legenda: É preciso manter uma alimentação saudável para evitar gordura no fígado
Foto: Shutterstock

O que não pode comer?  

A médica aponta que nenhum alimento está proibido. Novamente, explica que é preciso manter o consumo em quantidades equilibradas, que inclua todos os nutrientes. 

Exista um chá recomendado para gordura no fígado? 

Não existe nenhum chá comprovado que elimine a gordura no fígado. Ao contrário, a médica detalha que muitos chás e remédios naturais têm efeito tóxico sobre o órgão, já que tudo que é ingerido passa pelo fígado.

"Não é porque é natural que é seguro, pode levar inclusive a uma hepatite fulminante ou necessidade de transplante hepático. Na natureza há muitos venenos", diz. 

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Gordura no fígado tem cura?  

A gordura no fígado tem cura, mas isso está relacionado à mudança no estilo de vida do paciente. É necessário mudar os hábitos de exercício e alimentação, além de ter um maior cuidado com os fatores de risco do quadro. 

 

*Cyntia Viana é médica formada pela Universidade Federal do Ceará (UFC) com pós-graduação na Universidade de São Paulo (USP). A especialista atua no Serviço de Transplante Hepático do Hospital Universitário Walter Cantídio da UFC.

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