Saiba quem é o homem por trás dos ataques a Maria da Penha que foi alvo de operação do MPCE

O investigado teve o celular apreendido no Rio de Janeiro, na última semana

Escrito por
alexandre
Legenda: O suspeito falou sobre a Lei Maria da Penha em audiência pública no Senado
Foto: Reprodução

Ameaças e ataques. Por trás da campanha de ódio propagada nas redes sociais contra a farmacêutica Maria da Penha,  — ativista dos direitos humanos e das mulheres — está Alexandre Paiva, diretor presidente do Instituto de Defesa dos Direitos do Homem.

Alexandre é alvo de uma operação deflagrada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE). Nas redes sociais, o suspeito se diz vítima de falsas denúncias, propaga que "alerta sobre o mau uso da Lei Maria da Penha" e chega a ser visto pelos seguidores como um "homem injustiçado que sofre as mazelas" desta lei.

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A reportagem não localizou a defesa do suspeito e traz a versão dele declarada em público, por meio das redes sociais.

Em audiência pública realizada no Senado em 16 de dezembro de 2024, Alexandre chegou a dizer que o texto da Lei de Feminicídio está errado: "pra mim não existem homens que matam mulheres por serem mulheres simplesmente" (sic).

"Ninguém é obrigado a acreditar em mim, assim como ninguém é obrigado a acreditar na mulher quando ela fala que é vítima de violência doméstica"
Alexandre Paiva, alvo de operação do MPCE

Além de suspeito de ameaçar Maria da Penha, contra Alexandre tramita um processo em segredo de Justiça no qual, segundo ele, engloba medida protetiva que o mantém afastado das duas filhas crianças: "estou há cinco anos afastado das minhas duas filhas".

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SÉRIE DE ATAQUES

Segundo o MPCE, no primeiro semestre de 2024, Maria da Penha passou a sofrer uma série de ataques de membros de comunidades digitais que disseminam o ódio às mulheres. Ao tomar conhecimento das ameaças, o órgão acionou o Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc), para iniciar a apuração dos fatos, e o Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência (NUAVV), que encaminhou Maria da Penha ao Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. 

Conforme a apuração do MP, os riscos potenciais não se limitaram às redes sociais. Observou-se o deslocamento do principal investigado à antiga residência de Maria da Penha, no bairro Papicu, em Fortaleza, local em que a tentativa de homicídio contra ela ocorreu, em 1983. 

De acordo com as investigações realizadas pelo Ministério Público, a campanha de ódio tinha objetivo de atingir diretamente a honra de Maria da Penha, atribuindo-lhe conteúdo ofensivo e de natureza caluniosa, consistindo em possíveis delitos de intimidação sistemática virtual, perseguição, ameaça, dentre outros.

Alexandre disse nas redes sociais que teve o celular apreendido pelo MP do Rio de Janeiro e que foi "constrangido publicamente", mas que entregou o aparelho e a senha já que "quem não deve não teme".

Nas redes sociais, o IDDH questionou que "se o MPCE é a favor da verdade e da multiplicidade de opinião, por que não se manifestar no sentido de reabrir o caso Marco Antônio Heredia Viveros e discutir as provas à luz das novas descobertas?", se referindo ao homem condenado por tentar matar Maria da Penha, em 1983.

OPERAÇÃO 

O nome da operação, "Echo Chamber” (ou Câmara de Eco), refere-se a um termo usado para descrever um ambiente em que as pessoas são expostas a informações ou ideias que reforçam suas próprias crenças, sem entrarem em contato com opiniões divergentes. 

No contexto do caso, o discurso do investigado contribuiu para a propagação de uma distorção dos fatos dentro de um grupo de seguidores, criando um ciclo fechado de informações. 

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