Quinze PMs são condenados por integrar organização criminosa acusada de extorsão, corrupção e tráfico
Agentes se aliavam a traficantes para identificar e flagrar suspeitos cometendo crimes para, então, conseguir vantagens, como dinheiro, bens e entorpecentes
Uma investigação contra organizações criminosas do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) desvendou um esquema envolvendo policiais militares que se aliavam a traficantes para cometer delitos. Os 22 denunciados pelo órgão atuaram entre 2016 e 2017, em Fortaleza e Região Metropolitana, e 15 deles foram sentenciados pela Justiça, conforme divulgou a instituição nesta quinta-feira (19).
Os réus se associavam aos traficantes, que atuavam como informantes, e se aproveitavam da estrutura da Polícia Militar para praticar diversos crimes em plena luz do dia, inclusive durante os turnos de trabalho. Segundo as apurações, os PMs usavam os narcotraficantes para identificar indivíduos envolvidos em ações criminosas visando flagrar essas pessoas cometendo atos ilícitos e, então, conseguir vantagens, como dinheiro, bens e entorpecentes.
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Vimos, em um primeiro momento, agentes de segurança pública fazendo verdadeira escolta de traficantes em bairros de Fortaleza e Região Metropolitana. A droga chegava, as armas chegavam, e esses agentes de segurança pública faziam toda a escolta e proteção. Inclusive, fazendo uso do aparato estatal. Que aparato estatal? Das viaturas, do sistema de informações policiais."
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Um dos grupos de agentes era chefiado pelo policial militar Jeovane Moreira Araújo, condenado a mais de 124 anos de prisão e multa. O outro era comandado pelo PM Paulo Rogério Bezerra do Nascimento, sentenciado a mais de 65 anos, além de multa. Ambos possuíam um modus operandi similar, conforme o MPCE.
Os 15 agentes foram condenados por crimes como associação para o tráfico, comércio ilegal de armas de fogo, corrupção ativa e passiva, extorsão, integração de organização criminosa, peculato, receptação, roubo e tráfico, assim como posse ou uso de entorpecentes, ou substâncias de efeito similar.
Dos outros sete PMs também denunciados e que não foram sentenciados, cinco foram absolvidos, um deles faleceu durante o processo e o outro segue como denunciado, mas a Vara declinou a competência para julgar o caso.
Quem são os PMs denunciados?
Condenados:
- Jeovane Moreira Araújo - condenado a 124 anos e 5 meses de prisão mais 920 dias-multa;
- Paulo Rogério Bezerra do Nascimento - 65 anos, 4 meses e 15 dias de prisão mais 1.500 dias-multa;
- Alan Kilson Pimentel de Sousa - 1 ano e 1 mês de prisão;
- Antônio Danúzio Silva - 7 anos de prisão;
- Auricélio da Silva Araripe - 20 anos e 6 meses de prisão;
- Francimar Barbosa Lima - 8 anos de prisão;
- Francisco Clébio do Nascimento Alves - 16 anos e 8 meses de prisão mais 10 dias-multa;
- Glaydson Eduardo Saraiva - 24 anos e 6 meses de prisão;
- José Célio Ferreira Cavalcante - 6 anos e 6 meses de prisão e 15 dias-multa;
- José Valmir Nascimento da Silva - 6 anos e 6 meses de prisão e 15 dias-multa;
- Lázaro César Lima de Aguiar - 1 ano e 1 mês de prisão;
- Mauro Jorge Pereira Maia - 6 anos e 6 meses de prisão e 15 dias-multa;
- Oziel Pontes da Silva - 22 anos e 3 meses de prisão;
- Sanção Ferreira Cruz - 6 anos e 6 meses de prisão, 1 ano e 1 mês de detenção, mais 15 dias-multa;
- Stênio Pinto Estevam Batista - 4 anos e 4 meses mais 10 dias-multa.
Absolvidos:
- Cristiano Barney de Freitas Alencar - absolvido;
- Francisco Rutênio Gomes de Araújo - absolvido;
- José Alessandro dos Santos - absolvido;
- Marcílio Nascimento Farias - absolvido;
- Ronaldo Gomes Silva - absolvido.
Demais:
- Saulo Lemos de Albuquerque - Falecido durante o processo;
- José Urubatan de Oliveira - Denunciado por comércio ilegal de armas de fogo, mas a Vara declinou a competência para julgar o caso.