Saiba como foi o primeiro dia do 4º júri da Chacina do Curió e o que deve ocorrer nesta terça (26)

Seis testemunhas da defesa dos PMs réus devem ser ouvidas, e os réus foram convocados a comparecerem ao plenário de julgamento

Foto de dentro do Júri da Chacina do Curió
Legenda: Testemunhas de defesa dos sete PMs réus serão ouvidas no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza
Foto: Sara Parente/Ascom TJCE

O segundo dia do quarto júri da Chacina do Curió começa nesta terça-feira (26) com o depoimento das testemunhas de defesa a favor dos sete policiais militares réus. Nessa segunda-feira (25), o primeiro dia terminou com quatro testemunhas de acusação ouvida. Mais cinco pessoas haviam sido convocadas, mas a acusação ou as dispensou, ou então não as localizou, e o julgamento seguiu. 

A sessão será retomada a partir das 9h, no Fórum Clóvis Beviláqua, e tem previsão de ouvir, pelo menos, seis pessoas, em sua maioria, da área técnica, como peritos e oficiais da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops). 

Nesta terça, os sete réus foram intimados a comparecem ao plenário, para acompanharem o júri, já que a fase de interrogatório dos réus é a próxima e pode começar ainda na terça. 

 A nova etapa de julgamento é contra os PMs conhecidos como o "Núcleo da Omissão". Os policiais estavam de serviço na região do Curió e, segundo a tese do Ministério Público do Ceará (MPCE), poderiam ter evitado a Chacina. 

Como foi o primeiro dia de julgamento? 

O primeiro dia de julgamento começou na manhã de segunda com o sorteio dos jurados e a leitura da denúncia — que, sozinha, demorou cerca de 1h30 pela gravidade do caso —. Durante a tarde, iniciou a oitiva de testemunhas de acusação. 

Todos eram homens e sobreviventes do episódio de violência ocorrido entre os dias 11 e12 de novembro de 2015. Um deles tinha 18 anos à época da chacina, e foi sequestrado e obrigado a andar de carro com homens camuflados com balaclavas. Ele informou que foi ameaçado de morte em mais de uma ocasião: "Se tu não colaborar vai acabar como os outros aí".

Um homem que levou cinco tiros e ficou paraplégico também foi ouvido no Júri, e relatou que soube que seus agressores eram policiais somente quando chegou ao hospital, horas depois. 

O terceiro depoimento do dia foi de um sobrevivente que tinha 21 anos durante os fatos, em 2015, e que ficou sem metade do pulmão direito. O homem também teve a função de um dos braços comprometida por conta das agressões, e reviveu, durante o júri, os momentos de terror após ser abordado. "Eles desceram e já mandaram encostar na parede, chutaram as pernas. E perguntavam: “cadê, cadê. E a gente: “o que, senhor? Fui atingido no braço, cabeça e perna. Caí e fiquei inconsciente", contou. 

O quarto sobrevivente ouvido relata que foi alvejado por cerca de oito tiros e que uma viatura caracterizada da PM passou por ele e negou socorro. Ele passou 22 dias internados, e dois deles em coma. Até hoje ele tem uma perna debilitada em decorrência do episódio violento.

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Mãe de vítima passou mal no júri 

Durante os depoimentos dos sobreviventes, as mães e familiares dos réus podem assistir ao júri. A mãe de uma vítima passou mal durante a exibição de vídeos e áudios gravados na madrugada da chacina e saiu do júri chorando.

A esposa do réu Renne Diego também passou mal, e teve de ser atendida pelo Corpo de Bombeiros. 

Advogados da defesa pediram para pausar a exibição de vídeos no momento de ouvir testemunhas, pedindo que essas exibições só aconteçam na fase dos debates, nos próximos dias. Diante do pedido, o Colegiado de juízes se reuniu e às 18h50 deliberou que as exibições seguem permitidas, no entanto, sem argumentação.

Quem são os PMs julgados?

  • Sargento PM Farlley Diogo de Oliveira;
  • Cabo PM Daniel Fernandes da Silva;
  • Cabo PM Gildácio Alves da Silva;
  • Soldado PM Francisco Fabrício Albuquerque de Sousa;
  • Soldado PM Francisco Flávio de Sousa;
  • Soldado PM Luís Fernando de Freitas Barroso;
  • Soldado PM Renne Diego Marques.

Segundos os Memoriais Finais do Ministério Público do Ceará (MPCE), os sete PMs estavam de serviço pela Polícia Militar do Ceará (PMCE), divididos em três viaturas policiais, entre a noite de 11 de novembro e a madrugada de 12 de novembro de 2015. Eles teriam deixado de atender as ocorrências no dia das mortes.

Etapas do julgamento:

* Oitiva das vítimas sobreviventes e das testemunhas de acusação e defesa
* Interrogatório dos réus
* Debate entre acusação e defesa
* Leitura de quesitos
* Votação do jurados
* Sentença dos jurados

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