Promotor de Justiça preso por homicídio em Fortaleza é afastado das funções pelo MPCE por 120 dias

O afastamento foi decidido por unanimidade pelo Conselho Superior do Ministério Público

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
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Legenda: Câmeras do entorno do local do crime mostram o momento em que o promotor sai da residência e foge
Foto: Reprodução

O promotor de Justiça Antônio Ricardo Brígido Nunes Memória, de 66 anos, preso por suspeita de matar um idoso de 72 anos, em Fortaleza, foi afastado das funções pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) por 120 dias (ou seja, 4 meses).

O afastamento foi decidido por unanimidade pelo Conselho Superior do MPCE, na manhã desta terça-feira (23), e confirmado pelo Órgão. O Conselho Superior do Órgão é presidido pelo procurador Geral de Justiça, Manuel Pinheiro.

O assassinato de Durval César Leite de Carvalho, no bairro Cidade dos Funcionários, na última quinta-feira (18), é apurado por Procedimento Investigatório Criminal (PIC), aberto pelo Ministério Público no dia seguinte ao crime. A previsão legal do órgão é que a investigação seja concluída e remetida ao Poder Judiciário em 10 dias.

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Motivado por uma 'traição'

O homicídio pode ter sido motivado por uma traição. A linha de investigação vem a partir do depoimentos de policiais militares, que participaram da prisão em flagrante realizada na última quinta-feira (18).

A reportagem do Diário do Nordeste teve acesso a documentos, nos quais constam que, pelo menos três PMs, teriam ouvido do promotor que o suspeito “alvejou uma pessoa por causa de uma traição”. Antônio Ricardo teria dito aos militares, no momento em que foi abordado, que não premeditou a ação, e que o disparo aconteceu porque a vítima “estava tendo um caso com a sua esposa”.

O suspeito ainda teria dito aos policiais que decidiu ir a casa de Durval César Leite de Carvalho, 72, quando estava a caminho do seu sítio: “Ele disse que foi até a casa do Durval para confrontá-lo, mas sem a intenção de cometer qualquer ilícito". Com Antônio Ricardo foram apreendidas duas armas de fogo, uma pistola Taurus 9mm e um revólver Taurus calibre 38.

Três policiais militares e dois filhos da vítima devem ser ouvidos em audiência marcada para acontecer na manhã desta quarta-feira (24). A Procuradoria Geral de Justiça do Ceará requisitou a presença das testemunhas para comparecerem na unidade, localizada no Cambeba.

Filhos da vítima pedem justiça

Magno César Carvalho, filho da vítima, diz que a família não entende o motivo do crime e pede Justiça para o caso. "Não sabemos de onde veio essa mágoa. Nós queremos que ele seja punido, ele tirou a vida de uma pessoa. A gente espera que a Procuradoria não deixe isso impune".

"Me pergunto como alguém tão capacitado faz uma coisa dessa? Precisa ser excluído da sociedade, precisa ser excluído dos quadros do MP"
Magno Carvalho
Filho da vítima

Um outro filho de Durval César chegou a ver o promotor, instantes antes da tragédia. Na versão desta testemunha, Antônio Ricardo pediu para ver o pai dele, alegando ser um amigo.

O filho abriu o portão que dava acesso à residência da vítima, para que o suposto amigo entrasse. A vítima acordou e foi encontrar o homem que o procurava. 

Chegou ao corredor da casa e ouviu: “tá lembrando de mim não, Durval?”. Durval teria dito que não lembrava quem era ele. O filho conta que a conversa continuou por mais dois minutos, mas já não ouvia sobre o que eles conversavam. Instantes depois, escutaram três estampidos de arma de fogo. 

A testemunha correu e viu o pai no chão. Segundo um dos filhos, Antônio Ricardo ainda teria apontado a arma para ele, mas não conseguiu efetuar os disparos.

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