Motorista de aplicativos que matou namorada grávida no Ceará vai a julgamento em maio deste ano

Acusado forjou o sequestro da vítima e pediu R$ 20 mil para a família dela. Ele não aceitava a gravidez, segundo a investigação

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Efigênia Soares, 28 anos, morava com a família no bairro José Walter, em Fortaleza, e o corpo dela foi encontrado carbonizado no município de Chorozinho.
Legenda: Efigênia Soares, 28 anos, morava com a família no bairro José Walter, em Fortaleza, e o corpo dela foi encontrado carbonizado no município de Chorozinho.
Foto: Arquivo pessoal

A Justiça Estadual marcou o julgamento de Wando Cordeiro de Vasconcelos, de 37 anos, pelo homicídio de Efigênia Maria Santana Soares. O motorista de aplicativos deve sentar no banco dos réus no dia 12 de maio deste ano, a partir de 9h, por matar a namorada - estudante de fisioterapia - e carbonizar o corpo.

A decisão que marcou o julgamento foi proferida pela 5ª Vara do Júri no último dia 4 de abril. O réu, que está preso no Centro de Execução Penal e Integração Social Vasco Damasceno Weyne (Cepis), em Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), e as testemunhas do processo já foram intimados sobre a data do júri popular.

O crime ocorreu em 13 de janeiro do ano passado. De acordo com as investigações da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), Wando Vasconcelos não aceitava a gravidez de Efigênia Maria e decidiu matá-la. Ele chegou a forjar um sequestro, mas a Polícia descobriu a execução. A jovem, que tinha 28 anos, teve o corpo carbonizado e abandonado no Município de Chorozinho, às margens da BR-116.

A mãe de Efigênia Maria, Jacqueline Santana, comemorou a marcação do julgamento: "Eu fiquei muito feliz. Por mim e pela minha família, já teria sido marcado há muito tempo, mas não depende da gente. Espero que esse homem (acusado), nesse julgamento, tenha a pena máxima. O que ele fez com a minha filha foi abominável".

A defesa de Wando Cordeiro de Vasconcelos não foi localizada para comentar o assunto. No processo, a defesa do réu sustentou negativa de autoria e apontou divergências na acusação do Ministério Público do Ceará (MPCE), "como por exemplo, onde estava na hora do crime, com quem estava, com qual celular estava, se foi ao local do crime antes ou não, fatos estes que somente seriam demonstrados com as testemunhas oculares, que estavam com o réu e que seriam arroladas e/ou seriam levadas independente de intimação".

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Falso sequestro

A estudante de fisioterapia saiu de casa, no bairro José Walter, em Fortaleza, na noite de 13 de janeiro, dizendo à família que ia a um supermercado. Com a demora para o retorno, os familiares começaram a se preocupar. A Divisão Antissequestro (DAS), da PC-CE, foi acionada quando o pai da vítima recebeu uma mensagem no WhatsApp, do número da própria filha, com um pedido de R$ 20 mil em troca da liberação da jovem.

Quando uma amiga da universitária contou à mãe dela sobre a gravidez de 6 semanas, a linha investigativa mudou. A Polícia rastreou a localização e chegou ao namorado dela, que confessou o crime com detalhes. Segundo a investigação, o casal teve uma discussão antes de Efigênia ser assassinada.

De acordo com o Inquérito Policial, "após matá-la, Wando teria jogado um tapete por cima do corpo que se encontrava no banco traseiro do carro e se dirigido a um posto de combustível no bairro José Walter onde teria abastecido o galão de cinco litros que trazia no porta-malas de seu carro". 

Em seguida, o indiciado afirmou que teria dirigido por quase 50 quilômetros no sentido do município de Chorozinho, sendo que no km 58 da BR-116 ele parou o veículo no acostamento, retirou o corpo juntamente com o tapete e o colocou no matagal próximo ao acostamento, vindo a jogar gasolina em cima do corpo para apagar os vestígios do crime".
Divisão Antisequestro
No Inquérito Policial

Para a Polícia ficou evidenciado que toda "a empreitada criminosa foi previamente arquitetada". Wando Vasconcelos foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) no dia 22 de janeiro do ano passado, e três dias depois se tornou réu na Justiça Estadual. Quatro meses após o crime, o réu foi pronunciado (ou seja, a Justiça decidiu levá-lo a julgamento) pelo crime de homicídio qualificado (por motivo torpe, meio cruel, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e por ter sido praticado contra mulher num contexto de violência doméstica e familiar), aborto e ocultação de cadáver.

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