"Me chamou para o quarto e dizia que ia fazer o toque", diz vítima do médico acusado por estupro

Médico foi indiciado nesta semana, em um quarto caso. O número de vítimas tende a aumentar, acredita delegado

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
vitima estupro
Legenda: "Quando eu gritei, ele ainda disse que era parte do tratamento", relata a mulher
Foto: Schutterstock

Mais vítimas decidiram denunciar o médico ginecologista Antônio Alves de Freitas, de 71 anos. Nesta semana, a Polícia Civil do Ceará indiciou Freitas em um quarto caso. O estupro passou a ser do conhecimento das autoridades após repercussão das acusações envolvendo o médico em diversas cidades do Interior do Estado.

Conforme a vítima, de identidade preservada, ela conheceu Antônio em Icó. Começou a ser acompanhada pelo médico devido a um problema no intestino. Ia para as consultas aos sábados, até o dia que estranhou uma exigência do homem.

"Ele me chamou para quarto. Dizia que ia fazer o toque. Então eu perguntei onde estavam as enfermeiras e ele disse que não precisaria, que era ligeiro. Nesse dia, ao invés do toque, ele fez outra coisa. Quando eu gritei, ele ainda disse que era parte do tratamento", relata a mulher.

O medo fez com que ela não denunciasse antes. Quando viu o nome do ginecologista estampado nas manchetes, percebeu que tinha sido mais uma vítima do crime de estupro: "uma pessoa dessa não era nem para ser doutor, não podia nem consultar ninguém", opina.

[ATUALIZAÇÃO, ÀS 21H31]

Após publicada a matéria, a defesa do médico se pronunciou. De acordo com o advogado criminalista Fabrício Moreira, "haja vista que os feitos ocorrem em segredo de justiça, não posso detalhar o assunto publicamente. Porém, nota-se facilmente que estão totalmente fora do contexto os fatos até o momento publicizados. No mais, o meu cliente nunca foi posto em liberdade, como também foi anunciado equivocadamente. E mais: o laudo pericial juntado aos autos nesta quarta-feira da vítima que o acusa, restou negativo e prejudicado totalmente, ou seja, as acusações não se confirmam".

ACUSADO PELO MP

O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou Antônio Alves de Freitas na última sexta-feira (8). A denúncia é referente a um dos casos mais recentes que levou o homem à prisão. De acordo com a vítima, no dia 29 de março de 2022, o médico praticou conjunção carnal durante consulta no Hospital Luzia Teodoro da Costa, em Orós, se aproveitando da função dele.

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A vítima de 21 anos, de identidade preservada, estava prestes a se submeter a um procedimento cirúrgico íntimo, quando o homem ordenou que ela retirasse a roupa e se aproveitou para penetrar o pênis enquanto ela estava de costas. O denunciado negou a conduta e declarou que a mulher era "um pouco perturbada emocionalmente".

O Hospital se pronunciou dizendo ter afastado o médico e que não compactua com as ações. A defesa de Antônio rebate as acusações, afirmando que elas "são frágeis e não encontram coerência alguma". "O meu cliente tem uma enorme folha de serviços prestados nas últimas décadas sem qualquer nódoa em seu currículo. No momento da ampla defesa e do exercício do contraditório a verdade real será restabelecida", afirmou o advogado Fabrício Moreira, responsável pela defesa.

INVESTIGAÇÃO

O médico foi preso em flagrante e solto ao pagar R$ 30 mil de fiança. Dias depois, já quando a PCCE instalou força-tarefa para apurar o caso, o acusado foi novamente detido, por força de mandado de prisão. De acordo com o delegado Glauber Ferreira, que está a frente das investigações, outras vítimas também entraram em contato com as autoridades para denunciar o mesmo médico.

"Ressaltamos a importância delas nos procurarem. Estamos voltados a apurar minuciosamente cada um dos casos. Já sabemos que há vítimas de vários municípios e de diferentes anos", destaca o delegado.

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